Senti necessidade de escrever agora. Eu... Bruna Paterlini Marques
Senti necessidade de escrever agora.
Eu estava na sala, sentada, enquanto via tv. As horas foram passando, vi que estava tarde e resolvi trazer o notbook para o quarto, para ver um filme até dormir. Arrumei as coisas, liguei o ar, peguei a coberta, fui ao banheiro. Faltava fazer o que eu faço toda noite: fechar bem as cortinas para não entrar um raio de sol pela manhã. Fui até a janela. No momento em que fui fechá-la, uma luz veio a clarear meus olhos. Foi aí que reparei a enorme lua que estava quase encostando no horizonte, já baixa, fugindo de ser o reflexo do sol que logo viria. No mesmo momento, vi um avião. A pista de pouso do aeroporto é na direção da janela do meu quarto, mas eu nunca havia visto um avião desse modo. Normalmente, quando os vejo, é de manhã ou pela tarde, dá para ver o nome da companhia aérea, ouço o barulho, mas não passa de mais um voo. Hoje, não sei se foi por conta do barulho do ar condicionado ou se foi porque estava tomada pela imagem, mas não ouvi aquele barulho usual de avião. Foi uma das imagens mais lindas que eu vi. O avião, todo iluminado, clareando parte do céu com suas luzes, descia em direção à pista e lá estava a lua, no meio do caminho. O avião, claro, não parou e seguiu seu caminho. Passou de uma maneira, na frente daquela enorme lua amarelada que podíamos ver suas crateras, de forma que parecia que sua asa esquerda a cortaria. Mas então ele passou. Parecia estar devagar, planando verdadeiramente no ar, pronto para uma descida leve, como muitas outras que o piloto certamente já devia ter feito. Bem, qual a moral disso, eu não sei. Não sei muito menos o porquê de eu sentir essa irresistível vontade de escrever sobre isso, um avião passando em frente à lua. Talvez porquê a lua estava perfeita e enorme, e o avião não parecia uma marca voadora, mas parte da paisagem. Da minha paisagem. E assim, eu sorri, e me arrependi amargamente de não ter comprado uma câmera melhor. Mas essas coisas simples que ficam na memória sim, que conquistam o meu coração.