Esperei uma palavra confortável, uma... Pietro Kallef
Esperei uma palavra confortável, uma verdade inquestionável, uma liberdade indescritível, um gesto raro, uma memória que me inclua, uma abraço quente em dias de desespero, uma sanidade insana, uma ousadia singular, um olhar fixo e doce, um fôlego que me trouxesse vida, uma novidade boa, um sorriso com riso e dentes, um toque suave sobre meus ombros me mostrando que estará sempre que eu precisar, noite com estrelas, novos ventos, sem a poeira do passado, uma fotografia para provar que um dia tudo esteve bem, um livro com um bilhete seu dentro, um telefonema me dizendo onde esteve esse tempo todo, uma visita do São Jorge direto da lua, um lugar que houvesse encaixe, um lado da cama que eu me acomode sem sentir sua falta, um grito no portão, dizendo: cheguei, um doce de leite com ameixa, um amor que trouxesse a cura e uma fidelidade particular. Hoje não espero por nada, vou enfrente à procura do tão esperado, porque, tenho um botão pronto pra continuar do instante em que parei, que deixei de ser para reviver e reconstruir. Quero as mesmas coisas, mas com uma pessoa diferente, pois, o erro não estava naquilo que almejei, mas na forma em que acreditei que seria capaz de ser tudo o que apostei. O caminho é só e é preciso andar descalço para sentir durante a jornada cada pedra furando seus pés para perceber que há um final e a dor de cada encrave lhe fará jamais esquecer o que palavras doces ou um toque ao rosto pode fazer. O foco não está na boca que lhe diz palavras doces, mas sim, nos olhos onde a verdade habita.