Ela é linda, tem um sorriso encantador,... Roger Stankewski
Ela é linda, tem um sorriso encantador, cabelos pretos, lisos que brilham intensamente refletindo a luz. No alto de seus vinte anos ela já é independente, trabalha, estuda e vez ou outra curte as noites de sábado dançando, algo que ela gosta muito, além do tradicional filme que ela gosta de assistir deitada no chão da sala comendo pipoca de micro-ondas e bebendo chocolate quente. Nas prateleiras do quarto se encontram os romances que ela gosta de ler, no guarda-roupa os tons claros que ela combina com os escuros dos acessórios, acima ela guarda seus sapatos de bico fino e ao lado seus tênis vans com os coloridos misturados ao xadrez que lhe são característicos.
Porém, é em uma caixa rosa de tampa florida deixada no fundo da terceira gaveta do guarda-roupa que ela tem os motivos de muitos risos e também de infindáveis lágrimas. Ali estão as cartas, fotos, embalagens de chocolates e cartões trocados com aquele que ela acreditou ser seu primeiro e grande amor. Foram dois anos ao lado daquele menino de sorriso lindo que ela conheceu no parque. Dois anos de momentos inesquecíveis, de amadurecimento e crescimento. Tempo este que ela até hoje insiste em falar que foi o melhor até aqui, tantas lembranças compartilhadas entre o coração e uma caixa de tampa florida.
Um belo dia tudo se acabou, o amor não foi suficiente para que eles permanecessem juntos. Depois de muito sofrer, ela passou a crer que o amor apenas faz doer, que não é nada além de um ilusão a qual o coração se entrega.
Dois anos se passaram desde então e até hoje ela não deixou mais ninguém chegar perto do seu sentimento. A beleza dela é a mesma, o sorriso já não. Muitos falam para ela dar a chance a si mesma de provar que o amor machuca apenas quando um dos lados não sente o mesmo.
Há dois meses ela conheceu um rapaz de olhos coloridos, sonhador e romântico, daqueles raros, tachado de careta por não beber, tão pouco fumar. Um rapaz que valoriza os pequenos gestos, que está pronto para fazer uma mulher feliz. Mas ela não quer. Diz por aí que agora quer alguém mais velho, mais maduro, mais experiente, sem ao menos se dar conta que não importa quantas velas se colocam sobre o bolo a após ano, sim, de que forma suas experiências o moldaram. Mal sabe ela que aquele menino de olhos coloridos cresceu sem pai, sempre teve que batalhar pelo que quis, é justo e até excluído pelos demais por ser tão maduro e raro, pois, ainda sabe apreciar o luar e contemplar o brilho das estrelas. Mal sabe ela que ele tem um amor tão puro, guardado para ela.
É ela tem tudo para ser feliz outra vez, agora com quem a valorize, pena que ela ainda não tenha limpado seu coração de um amor que não lhe fez bem, que ela esteja deixando a felicidade passar esteja parada na sua porta sem ao menos lhe convidar para entrar. Será mesmo que a idade pode dizer mais que as experiências, mais que a sensibilidade? Espero que logo o coração dela volte a viver, se livre da sujeira de um amor mal resolvido e seja morada nova ao amor.