O carinha de cabelo bagunçado. Quis me... RebecaMelo
O carinha de cabelo bagunçado.
Quis me pagar um café. Eu não gosto de café.
Quis me pagar um chá. Eu não gosto de chá.
Exceto o chá maotai.
Na verdade eu gosto mesmo é de coisas geladas.
Gosto de cervejas. Sorvete de chocolate de máquina.
Jujuba e mentos. Cubos de gelo miúdos.
O carinha de cabelo bagunçado.
Esqueceu um bilhete no meu livro
Talvez tenha sido de propósito.
Um poema? Mas ele não gosta de poemas.
O carinha de cabelo bagunçado.
Carrega em seu pescoço uma corrente com uma chave
Que soa a algum tipo de amuleto. Não sei.
Sempre que ele me abraça
Sua corrente de chave dourada rosca em meu colo
É ameaçador como ele me toca.
O carinha de cabelo bagunçado.
Olha todos os meus textos e imagens
Todos os dias pontualmente entre a 00h00.
E me manda o e-mail todas as noites
Explicando todas as minhas fraquezas
E os meus sentimentos.
O carinha de cabelo bagunçado.
Nunca percebeu que eu não gosto de café ou de chá.
Todos os dias passou a esquecer bilhetes no meu livro
A enroscar sua corrente de chave dourada no meu colo
Desvendar-me naquilo que escrevo e naquilo que fotografo
Pontualmente entre a 00h00.
O carinha de cabelo bagunçado.
Nunca soube o segredo da sua corrente
Do esquecimento dos seus bilhetes
Ou da sua pontualidade em mim a 00h00.