- Devagar! - Eu estou devagar! - Não... Reynaldo Araújo
- Devagar!
- Eu estou devagar!
- Não está!
- Estou!
- Desacelera.
- Estou tranquilo. Relaxa!
- Não. Desacelera. Estou com medo.
- Estou aqui. Não precisa!
- Mas eu estou. Desacelera!
- Tudo bem. Por você eu faço.
(Silêncio)
- Mais devagar!
- Mais?
- É. Mais!
- Não posso continuar desse jeito.
- Claro que pode, vai com calma!
- Nunca chegaremos a lugar nenhum do seu jeito.
- Nunca chegaremos a lugar nenhum DO SEU JEITO!
- Não grita comigo!
- Não grita, você! Sempre faz o que quer. Seu egoísta!
- Não sou egoísta!
- DESACELERA!
- Não.
- Pisa no freio! Quero descer.
- Não vou deixar.
- Pisa!
- Não. Te quero aqui!
- Me deixa SAIR!!!
(Som de freada brusca em uma estrada seca. Aquele barulho de pneu estrondoso)
- Ai meu Deus!
- O que foi?
- Acho que atropelamos!
- Quem?
- O amor!