Gostaria de um dia ser grande. Não tão... Binho Barreiros

Gostaria de um dia ser grande. Não tão alto como o Everest, nem baixo como o hidrante da esquina. Queria inventar alguma coisa útil, seja um abridor de mares ou um encolhedor das margens de um rio, para ir de um lado até o outro e voltar quando quiser.

Não penso em ser quadrado como a colcha de retalhos da casa da minha bisavó, nem redondo como a lua cheia de chocolate e parecer uma bolacha com crateras. Não quero ser par-ou-ímpar nem pedra-papel-e-tesoura, mas gostaria de ter a forma da individualidade como cada nota musical que formula seu tom entre sustenidos e bemols.

Não me agrada reinventar um computador, tão eficiente que desvela problemas que não existiam antes de sua aparição, mas engenhar um solucionador de problemas seria bom. Talvez tão bom quanto um recarregador das baterias de um sorriso.

Também não quero ser preto claro ou branco escuro, ter cor do nada ou cor de tudo. Me agrada o círculo cromático completo, com seus inversos e complementares.

Acho difícil criar a fórmula da eternidade ou algo que nos faça viver para sempre. Talvez eu invente algo eterno enquanto viva, que viva e dure eternamente.

Porém tenho medo de um dia não conseguir ser grande, de não saber ser grande ou descobrir que um dia fui grande e não sabia.