REFÚGIO Enfim, depois de tanto tempo... Ezhequiel Águia Queiróz
REFÚGIO
Enfim, depois de tanto tempo longe de você
Eu volto novamente pra te ver.
E vejo
Que ainda sabe acender a lareira
E a fogueira aquece o que restou de mim.
Ainda tens a mesma confiança
E acredita o quanto que eu posso mudar
Ainda me percebes a criança
E o pouco que eu tenho pra lutar.
Tão vadio, tão ingênuo, insistente
Por valados nas mazelas me lancei
Lamentando a mesma dor, insipiente
Mesmo assim na mesma cela eu entrei.
Vi nas noites densas trevas na retina
E a geada os meus passos congelar
A friagem, garras firmes assassinas.
E o naufrágio conluiado com o mar.
Deixe-me aqui por esta noite apenas
Meu amigo, meu cantinho protetor
Que se converta em perdão as minhas penas
E que das cicatrizes, raízes de amor.
Depois que o sol enfim brilhar naquela serra
E a energia deste chão me socorrer
É nessa hora que o meu pranto se encerra
E outras terras, buscarei-as pra viver.