DESERTO Hoje me olhei no espelho da... Ezhequiel Águia Queiróz
DESERTO
Hoje me olhei no espelho da imaginação
vi que estou ficando velho e que a idade me chegou
e é assim que bem disfarço esse sorriso incolor, tentando
a mim mesmo enganar, pensando que vou bem longe,
mas, pra onde?
agora está sobre mim este futuro atual que
antes me era um sonho de chegar sem ver o mal
até que não tá ruim, mas, não é meu natural
devo sonhar novamente, um sonho bem mais real
pois este é o futuro trágico, já não vejo meu amor
o que um dia quis guardar, pra que hoje ver o valor
foi-se embora e já não vejo, onde será que escondeu?
com isso também perdi o grande amor que alguém me deu
onde havia frio e neve, onde a geleira assolava, pra me aquecer
em teus braços, presente o amor estava
e no verão quantas vezes a mim ele refrescava, e quando um dia em minha sede
este assim me saciava.
ainda posso lembrar-me o dia que ele chegou
olhou pra dentro de mim e um lugarzinho procurou
e manso, sereno e solto, sem incomodo se alojou
o amor não é sozinho, é carente e mui manhoso
trouxe ao meu ser um sorriso tão contente e amistoso
escolhendo amor, você, pra esse triangulo amoroso
na aurora num sorriso, logo percebi brilhar, nos doces e meigos
olhos me chamando à despertar, fui além do horizonte
antes de clarear os montes, uma flor
à ti buscar
alguém me julgava um tolo, ao ver-me sair tão cedo, por uma tão, simples rosa, e se eu não tinha medo, de cruzar todos os montes
e desafiar os rochedos, a verdade é, que a flor
e um sentimento de amor, estes dois tem um segredo
do alto daqueles montes, então foi que eu pude ver, que o amor está acima
do que um homem possa ser
embora seja o tal grande, ou por mais que este ser ande
o amor o vai surpreender
já me comparando aos montes, vi o tamanho que sou, que sou nada
e sou tão útil, mas, seria pobre e fútil ao me faltar o amor
depois de apanhar a flor, a mais bela que eu achei, nos agrestes meu retorno e
voltando imaginei, como é linda o meu amor que nesta vida encontrei
com ela terei sucesso, não pensarei no regresso, com ela eu viverei
mas vejam foi tudo em vão, pois algo que tão ruim, sobreveio de repente
incoerente estou assim, desde que um novo amor, na vida dela chegou
e o encanto teve um fim
as rosas sem compaixão, foram ali abandonadas, hoje secas e sem vida
são murchas e amarrotadas, como a folha do poema, deste que criei o tema
dado pela minha amada
por isso amigo hoje eu vivo, neste jardim à céu-aberto
onde viver é errado e morrer eu acho certo
pra não buscar outro amor, e afogar minha dor
neste areal do deserto.