Quando criança eu caminhava pelas... Roger Stankewski
Quando criança eu caminhava pelas estradas de chão onde morava contemplando a beleza sem igual da criação divina, era pequeno em tamanho e mais ainda em sabedoria, porém isto não me impedia de estar ali tão junto da presença de Deus. Hoje caminho pelas ruas da cidade, ao redor meus olhos encontram pessoas em um vai e vem desordenado, busco a cada passo a beleza do sorriso, o brilho do olhar, e apenas vejo a pressa ao passar, a preocupação com o horário, a falta de tempo para a vida, apenas vejo seres tão iguais, seguindo um padrão sem mesmo se perguntarem se devem segui-lo ou não. Vejo que uns se esparram mas não se olham. Depositam suas forças em parecerem melhores, mais rápidos e eficientes, suas preocupações também giram em torno do que aparentam ser, quem aparentam ser e assim esquecem de fato quem são. Não sabem mais admirar a beleza das nuvens, os detalhes das folhas ao chão. Pensam que todos querem o que eles tem, e eles não precisam de ninguém. Se dou bom, fico sem resposta, parece que agora isto não mais importa. Das calçadas pessoas fazem suas camas, do lixo sua comida e se tornam invisíveis aos olhos de todos. Vejo que não mais se ajoelham para orar, pois acham ser um sinal de sua fraqueza, que se sentem donos do mundo e das pessoas, mas, não são donos de suas histórias. Falam com facilidade da vida alheia, dos defeitos dos demais, e quando se é perguntado suas maiores qualidades e defeitos, a resposta não vem. Não percebem que além de tratar do corpo é necessário regar os jardins da emoção. E Deus, para eles deixou de ser Deus. Procuro não ser igual, e continuo a cada passo buscando a essência da criação, ainda consigo encontrar ninhos de pássaros nas soleiras, ainda consigo ouvir por entre os pneus no asfalto o cantar das aves dando bom dia, mantenho o costume de buscar as estrelas e me sentir vivo. Minha alma clama por vida, sei que este dia é único em seus momentos, único em oportunidades e o único em que posso escolher buscar a felicidade que está ali escondida nos erros humanos, nos meus erros, presa no padrão que escolhemos para justificá-lá, e ela está querendo apenas que um olhar perdido que a encontre, e assim seja feita a conexão com nosso criador, conexão que alimenta a alma e alegra, traz vida aos nossos dias que passam cada dia mais rápido e cada dia menos vividos.