Até onde poderia aguentar? Não se... Trindade, C.

Até onde poderia aguentar? Não se sabe. Mas ela sabia que estava no seu limite. O corpo começou a pedir arrego, o coração queria desacelerar e a mente simplesmente relaxar. A vida cansa a gente, não? Ou será que a gente cansa a vida? Afinal, o que é viver? Não se sabe ao certo. Mas ela sabia que estava cansada. Era mais tristeza do que alegria, e isso ela tinha certeza que não fazia sentido. Mas, afinal, a vida há de ter um sentido? Se são os sentimentos que nos movem e nos exigem investimentos de energia psíquica, por que procurar uma razão? Não importa. Ela simplesmente cansou. Cansou de sua rotina, cansou dos seus amigos, cansou do seu trabalho, cansou até mesmo de si. E cansar de si é o suficiente para desacreditar em si. Desacreditar que amanhã tudo será diferente e que um lindo dia de sol brilhará sobre seu corpo, mente e alma. É tão mais fácil desistir, deixar pra lá, desacelerar. Seguir em frente requer mais de nós. Simplesmente ela está cansada. Não quer mais. Pronto, já chega, acabou. Apaguem as luzes, desliguem os sons, fechem a porta. Ela quer apenas dormir. Suas pálpebras se fecham, sua respiração sossega, seu corpo está imune. O inconsciente a chama. O mundo onírico a convoca a viver seu mundo de fantasias, alegrias e intensa felicidade. Silêncio. Não ousem acordá-la. Deixem-na dormir tranquila. Amanhã será um novo dia e tudo há de ser como antes.