É MADRUGADA É madrugada, e lá está... Saulo Gurgel de Lima
É MADRUGADA
É madrugada,
e lá está ela.
O que se ouve é:
sua voz e o esfregar da roupa.
O tanque é de concreto,
não há máquina.
É madrugada,
e lá está ela.
Vai se levantar cedo,
mas o amor é maior que o cansaço.
É madrugada,
e ela não está lá.
É madrugada,
e ela nunca mais estará lá.
É madrugada,
não há mais voz e nem esfregar de roupas.
É madrugada,
e não há mais tanque de concreto.
Não é mais madrugada,
é dia eternamente.
Não é mais madrugada,
e não há mais cansaço algum.
Não é mais madrugada,
e sua voz compõe o coral celestial.
Para mim,
é madrugada.
Para ela,
dia eterno.