Já faz uns quatro anos, mas eu lembro... Lucas Carneiro de Oliveira
Já faz uns quatro anos, mas eu lembro como se fosse ontem, de um dia que eu chegando em casa depois de quase três semanas fora trabalhando, com as costas pesadas, em parte pela mala gigante e em outra também pela responsabilidade que, até então, era novidade. Cheio de pensamentos no futuro: o que fazer, onde investir o que poderia ganhar, o que estudar, a que me dedicar, como seria minha vida dali pra frente, enfim preocupações cotidianas que todo mundo tem. E quando desci no ponto eu olhei um morador de rua na frente do mercado deitado em um papelão, mas não era qualquer papelão. Era daqueles bem grandes provavelmente de uma máquina de lavar ou algo parecido, idêntica as que eu adorava brincar quando era pequeno, olhando pro céu com os braços cruzados atrás da cabeça e o sorriso largo. Do seu lado um papel amassado de pastel de feira que tinha acabado de devorar. Conseguiu provavelmente jogando uma lábia em alguém, ou fingindo que tomou conta de algum carro. O tempo, um sol de fim de tarde com um céu completamente azul. O vento, uma leve brisa. Pode, e com certeza vai, parecer muito lúdico e uma visão romântica demais da vida, mas a expressão no rosto daquele cara, pelo menos naquele instante, naquele momento, era de absoluta e pura felicidade. Talvez mais um pastel não cairia mal, mas era Como se não precisasse de mais nada. A simplicidade tem esse jeito sutil de dar um tapa na nossa cara. Olhei e Fui embora. Esse ano comprei uma máquina de lavar e sequer deitei na minha caixa de papelão king size... Nem reciclei nem nada, só joguei fora... Que desperdício rs