Manhã cedo, tempo aberto, o vento... Matheus Peres
Manhã cedo, tempo aberto, o vento gelado ainda suspirava noite, o ônibus sacolejava como um despertador. Um senhor se enreda aos passageiros. Uma bolsa descaia de seu ombro sobre sua lateral, blusão de cor clara abotoado, aparência contagiante, queixo acima do pescoço, olhou nos olhos do motorista através do espelho avisando que ficaria na estação de trem, deveria estar indo viver. procurou o assento mais próximo e o tomou. Sentou-se no canto, passou toda a viagem olhando a rua, admirava as coisas mais simples, coisas que naquela condição sonolenta que eu estava talvez não fosse possível perceber. Aquele homem, talvez anjo mensageiro, parecia uma criança sem qualquer preocupação, era feliz como um isqueiro aceso, sua paz de espírito entranhava o ambiente como fumaça branca. Estava perto que ele saltasse, confirmou com o passageiro mais próximo se era ali realmente seu ponto. Se aproximou da escada e roucamente soprou - "Obrigado! Bom serviço. Vai com Deus." - Desceu devagar o cego e em passos médios, leves e constantes se distanciou procurando por desvios no chão, já que em sua vida problemas não achara algum.