E ele ia me dizer que não precisava... Giulia Staar
E ele ia me dizer que não precisava mais de mim. Eu sabia disso. E então eu gritei primeiro querendo parecer forte e convicta de minha opinião: “Eu nunca precisei de você.” Ele riu cínico. Seu cinismo era impraticável, eu odiava esse riso, eu o odiava. Ele não economizou palavras em me responder. Não economizou tempo, não economizou olhares, nem maxilares trancados. Ele gritou de volta: “Eu vi o quanto você nunca precisou de mim, eu vi isso quando você me procurava em todos os lugares, me ligava pedindo só para ouvir minha respiração, eu vi isso quando você me disse intermináveis vezes com o olhar que me amava e que se entregaria para mim, eu vi isso quando você chorava por falta da sua existência, por falta de algo, por falta de mim. Eu vi o quanto você não precisava de mim, você nem consegue dar cinco passos sem ter que precisar de minha ajuda, você não consegue nem pensar direito quando eu estou longe de você. Você não só precisava de mim, como você está viciada em mim, você se tornou dependente de mim, eu me tornei suas pernas, eu me tornei seu apoio. Você diz que não precisa de mim, eu sei que faz isso por quer ter a ultima palavra, você sempre quer ter o controle. Mas não admite nem por um segundo, que quando se trata de nós você perde totalmente o controle, quando se trata de mim, para você nada mais importa. E não diga que não precisava mais de mim, não diga que você consegue viver sem mim. Isso seria muito estranho, porque EU não consigo mais viver sem você, não consigo mais pensar direito com você muito longe, nem com você muito perto, eu sinto que eu estou enlouquecendo Mary, e isso tudo é culpa sua. Eu estou ficando desarmado, eu estou ficando sem opções, na verdade eu nem quero opções, eu quero apenas você. E todo esse tempo, acreditei que você também, que você apenas me queria. Então não diga que você não precisa mais de mim, só não diga. Não me faça esvaziar novamente esse vazio no meu peito… Não desista das coisas porque você acha que vai dar errado. Não termine tudo que ainda nem começou direito, não diga que não precisa de mim com medo de que eu diga isso primeiro. Só não diga Mary, não diga nada, apenas respire, eu também me sinto mais vivo ouvindo sua respiração.” Um sorriso se espalhou sobre minha face, e por mais estranho que fosse, naquele momento eu sentia que conseguia fazer tudo, menos respirar.