Metade de mim sabia controlar o desejo a... Laila Menezes
Metade de mim sabia controlar o desejo a outra metade queria devorá-lo como se fosse uma leoa faminta, porém eu não sabia o quanto podia controlar. A sede do desejo, a vontade daquele beijo… Meus instintos a flor da pele, e me fugindo todos e quaisquer sentidos… Lúcida, saí então da minha crise em declínio, saí de mim por alguns instantes e quando retornei, já não era só mais eu. Era algo completamente diferente da pessoa em que eu conhecia, não havia mudado nas aparências, mas sim nos conteúdos, nos sentidos, no olhar, na forma de pensar… Estava numa sede insaciável do desejo mais louco e mais puro que há dentro de mim, uma louca, ou apenas uma iludida… Um desejo inocente porém culpado, um querer bem maior do que o desejado… Era tudo o que eu precisava para aquela minha noite fria de solidão, uma noite tão vazia, perdida entre o oco silencioso do meu quarto, muito me admira minha paciência de não saltar pela janela e correr pela rua feito uma maluca, a gritar seu nome pelas calçadas, acordar a cidade toda, a procura de uma pista sua, de uma noticia, do seu paradeiro, eu não queria mais nada, só você ali era tudo o que eu precisava, olhei pela janela, percebo que um carro estaciona em frente ao meu portão, saiu correndo feito uma louca, abro a porta e te vejo saindo, e vindo em minha direção… Apago de repente e me deparo numa cama, num quarto branco de um hospital, havia rolado três lances de escada, e observo que tudo aquilo não havia passado de um sonho, que para mim foi por um momento quase que real, Não sei ao certo, mas desde aquele dia eu nunca mais fui a mesma pessoa, passei a tentar te deixar de lado, passei a ignorar todas as nossas lembranças, e quase que por um momento havia conseguido te deixar pra trás, mas logo olho para o lado, percebo uma sombra, e logo me lembro do teu rosto, daquele teu sorriso, do cheiro que não me saí das narinas nem sequer por um segundo… Da cabeça eu posso te expulsar, mas do coração, só se eu o arrancar e me deixar sangrar até a última gota do meu sangue, e ainda assim, de mim você nunca sairá…