“Será que sabemos mesmo o que é... Gustavo Kaledy

“Será que sabemos mesmo o que é amor?
Talvez sim, talvez não.
Eu acredito que amor seja aquele de quando você era pequeno e saia pra brincar e acabava se machucando e voltava chorando pra única pessoa que você confia no mundo, a sua mãe.
E como toda mãe ela dizia que não era nada e que ia passar. E logo em seguida te dava um beijo. Você se lembra? É ali ela transmitia todo o amor.
Amor pra mim é o primeiro dia de aula, aquele do qual você não quer ficar sem sua mãe. Mas ela te abraçava e jurava que ia estar ali depois que acabasse a aula. Você entrava na escola e não via a hora de chegar a saída. E quando saia, ela estava lá, como o prometido. E você ia correndo receber o melhor abraço do mundo. E ali ela transmitia de novo todo amor e segurança. E o amor não parava por ai, ainda me pergunto como cabe tanto amor em uma pessoa só. Em noites de chuva quando você não conseguia dormir devido a raios e trovoes você recorria a sua única segurança. Isso mesmo, a sua mãe. E lá ia ela novamente te colocar na cama te dar o melhor beijo e abraço de boa noite e te falar que nada lá de fora ia te atingir. Você se sentia seguro não pelo o que ela dizia, mas por ela estar ali. Quando você levou seu primeiro tombo de bicicleta, prendeu o dedo na porta, se ralou todo andando de skate, caiu na escada, ficou doente, quebrou pela primeira vez o braço, lá estava ela, seu porto seguro, transmitindo novamente todo amor dela por você. O nosso erro é achar que mãe e pai são eternos. Eu pensava isso, até perder a única coisa que me mantinha em pé. Acredite, todos os tombos, machucados, braço quebrado, medo do escuro ou da chuva lá fora, tudo isso não é nada perto da dor que você sente ao perder a ÚNICA Pessoa que te amou mais do que tudo na vida. Seu primeiro dia de aula não é o mesmo, você vai sair e ela não vai estar lá como todos os dias. A voz que te acalmava você não vai ouvir mais. O abraço que fazia você se sentir seguro já não existe mais. É ai que você para pra pensar no que é o amor. Todos os seus medos voltam e você volta a ser aquela criança, mas sem o seu porto seguro, sua fonte de amor. Isso é o que penso quando me perguntam sobre o amor.”
— Gustavo Kaledy