Eu gostava mesmo é de fugir. Fugir de... Maria Carolina Araujo
Eu gostava mesmo é de fugir. Fugir de quem estava começando a ficar muito colado, de quem estava querendo me dar a mão, me pressionando. Fugir do que eu começava a sentir, fugir quando eu começava a gostar ou a enjoar com as borboletas irritantes em meu estômago. Eu fugia e me sentia aliviada, pensava: Ufa, não foi dessa vez! Consegui me esquivar tantas vezes e isso era a minha motivação. Nunca seria uma dessas garotinhas que passam a noite em claro, nunca ficaria louca esperando uma sms de desculpas, nunca teria um coração partido. Eu tinha o controle de qualquer situação em que me metia, gostava de tudo organizado e do meu jeito. Até que você chegou e qual era o meu plano mesmo? Eu não conseguia sair do lugar. Eu não queria sair do lugar. Você não me mostrou perigo, a ideia de ficar não me parecia tão assustadora. E o estranho era que você me deixava livre. Eu sabia que você queria a minha companhia, mas nunca imporia isso. E acho que foi por isso que fiquei. Você me envolvia, mas deixava sempre um espaço aberto para que eu pudesse sair. Segurava minhas mãos de forma tênue e quando eu enlouquecia com a nossa intimidade já tão avançada, você era paciente. E o tempo foi passando e eu ficando. Quando dei por perceber, já estava em você e você em mim, os anos se passaram e cada vez mais eu tenho a certeza de que ao seu lado é onde eu devo permanecer. Até o fim da minha vida.