Estava distante, sem expressão... Gustavo Nascimento
Estava distante, sem expressão
Diferente do que costumo ser
Rosto fechado, semblante na mão
Que jeito doido de querer convencer
A pressa apunhalou-me sem piedade
Meu olhar vagou num infinito sem cor
Perdi meu nexo, minha sanidade
E foi-se embora o meu tão medonho torpor
Estranho seja meu coração que me maltrata
Minha memória não produz lembranças
O ontem é vago, o hoje é nada
E o amanhã traz consigo suas vinganças
Estava enfadado, frio
Metáforas são labirintos que às vezes não tem saída
Assim sou eu, outrora sem brio
Agora uma expressão que procura sua face de vida