Ok, vou ser sincero como não se deve... Humberto Gessinger

Ok, vou ser sincero como não se deve ser: achei o Vestibular e tudo que ele envolve um saco! Na melhor das hipóteses, uma peça surrealista fora de hora e sem graça.
A escolha apressada e superficial da profissão... A gritaria dos professores de cursinho... o cheiro de vela da promessa que alguém da família fez... As questões de múltipla escolha tentando resumir todo o conhecimento ocidental pós-iluminismo: Nonsense! As fórmulas e resumos escritos nas paredes do quarto onde deveriam estar as bandas de rock, o time do coração e mulheres maravilhosas... o portão das escolas fechando inapelavelmente e as reportagens no dia seguinte com alunos que não conseguiram entrar... A espera dos resultados... As contas do que precisa na prova seguinte: Nonsense!
Absurdo como decidir um campeonato nos pênaltis. Todas as potencialidades resumidas numa única habilidade: marcar o “xis” no lugar certo.
Numa cena sintomática deste filminho de terror, o rádio me avisou da estúpida morte de John Lennon. Assassinado numa tarde em que eu estudava biologia, preservação da vida.
Para o bem da humanidade e do alto dos meus 43 mil anos de idade, é meu dever transformar este limão em limonada, passando minhas experiências para as novas gerações numa lista do que eu fiz e deve ser evitado:
1- Não mate aula para ficar namorando guitarras que não sairão da vitrine da loja para tuas mãos.
2- Não tente suicídio quando aquela menina abandonar o cursinho e for morar em Floripa.
3- Meia xícara e café preto não vai segurar sozinha tua onda alimentar no dia da prova.
4- Não faça a prova correndo, em 10 minutos, por medo de que algo horrível aconteça: um tsunami... Uma crise de catalepsia... A invasão do Brasil por forças conjuntas de W. Bush e Hugo Chavez. Relaxe! Respire generosamente.
Lembre-se: Passando ou não no Vestibular a vida volta a sua normal anormalidade no dia seguinte.
Conheci pessoas que passaram pelo funil para a Escola de Arquitetura onde encontraram amigos espertos, engraçados e sensíveis. Acabaram montando uma banda cujo nome brincava com de engenharia que pegavam onda: Engenheiros do Hawaii. Finalmente, por vias tortas, encontraram o bom combate.