“O que antes era atraso, hoje me faz... Luana Rodrigues.
“O que antes era atraso, hoje me faz falta.
Quem me dera poder voltar, quem me dera.
Eu tinha tudo em minhas mãos, eu tinha o céu e o mar.
Hoje apenas tenho o que costumo chamar de tédio, nas horas de desembarque.
Sonhos se desencontram, alguns me pedem ajuda e eu os ajudo com boa vontade.
Sem ceder, eu vou caminhar com um punhado de espinhos em volta de meu pescoço.
Um simples colar, aparentemente.
Mas machuca, e como me machuca os calos já derrotados de meus pés já inexistentes
O fogo queima de antemão os preparados para jogar água e acabar com tudo.
Não me venha dizer bobagens, sou decididamente uma esfera radiante de luz, mas não sei bilhar.
Deixo escondida em baixo dos agasalhos minha verdadeira beleza, minha tatuagem de beija-flor.
Machuca também a pele seca, sem um banho demorado, sem um belo par de sapatos.
Vou arrependida, por meio de que eu sou a própria ferida se cicatrizando no coração de tal.
Nos dias anteriores saberia eu explicar o que aconteceu.
Como poderei enxergar a estrada de olhos vendados, como saberei se estou sendo vista?
O obstaculo me seduz, vou em frente, esperando ser esmagada por um caminhão.
Vou na ponta do pé, como uma bailarina, vou dançando entre uma calçada e outra.
Fecho os olhos, esperando algum sinal, algum barulho de perigo, mas o perigo é silencioso.
Grita dentro de si, mas tu não escuta, eu não escuto.
Tarde demais para parar de dançar, algo há de me interromper…
Parto dessa vida para uma pior ainda…”