Ir ou não ir? E claro que eu fui. Fui e... Isabela Freitas
Ir ou não ir? E claro que eu fui. Fui e me arrependi. Não por ter ido, por não ter continuado. Esqueci como ele era lindo, esqueci o charme e o quanto queria continuar. A vontade de esquecer aquele cabelo arrepiado e o sorriso encantador o tornaram horrivelmente assustador em minha mente. Não posso negar, senti falta dele nesses últimos tempos. Lembrei de tudo que eu fiz um grande esforço para esquecer. E em uma noite eu disse sim por todas as vezes que eu disse não. Odeio o fato dele ser forte, bem resolvido, educado, gentil, bem humorado e abrir a porta do carro.
Odeio ter que odiar cada milímetro que compõe aquela obra de arte tão bem desenhada por Deus pelo simples fato de não saber como lidar com a distância que nos separa. Odeio falar sobre minhas neuroses e ele responder tudo com um sorriso. Como descrevê-lo? Você o reconheceria se o visse. É aquele cara que te faz querer ser dele, sem nem desconfiar que você já é. Aquele que você não quer ter por perto por medo de perder e se perder. Aquele que te faz sentir calafrios com um só olhar. Ele é o cara errado totalmente certo para a ocasião. Estávamos juntos e as flores de plástico na sala respiravam por mim enquanto ele me olhava e consequentemente me tirava o ar. Todos os quadros pendurados ali não eram bons o suficiente para ofuscar tamanha beleza.
Saber adorar essas qualidades sem o amar, sem ter nenhuma necessidade e todo aquele sentimentalismo bobo é absurdamente assustador e ao mesmo tempo terrivelmente tentador. Aquele lance que você sabe que, bem no fundo, é mais carnal que qualquer outra coisa. E é bom ter uma pessoa por perto que não romantize tudo, que não queira te ter para sempre e te deixe sempre pela metade no final de tudo. Incompleta, vazia. É bom aproveitar um sorriso em uma noite e deixá-lo em uma estante no fundo da memória para não correr o risco de se apegar demais a ele. Deixá-lo livre e ser de outra pessoa para não perder noites de sono com um ciúme absurdo. Deixá-lo, somente.