Estava permitindo-me esquecer-te, para... Michely Oliveira
Estava permitindo-me esquecer-te, para aliviar a dor da ausência.
Permitia-me esquecer a cor exata dos teus olhos, o tom divertido e intenso da sua voz, sua pequenas ironias orais, corporeas…
Estava permitindo-me esquecer o sentimento, trancando-o no baú mais profundo da minha alma, privando o da liberdade até que se concretizasse sua presença.
Mas ao fazer isso eu esfriava a paixão, a desistensificava; ela, que é o melhor tempero do amor.
Péssimo caminho.
Resolvi, então, adocicar minhas horas com suas lembranças, trazer sua presença ao meu hoje e agora. Me acostumar com a espera.
Não penso que esse meu ato foi errôneo.
Mas as consequências não foram benéficas à minha vida fora de você.
-Enquanto as pessoas falam e falam, a única voz que ecoa na minha cabeça é a sua-
“Estou com saudade.” É o refrão da música que agora a sua voz permitiu à minha mente compor.
Ignoro agora o sentido de estar aqui.
O presente aqui e agora é triste sem você.
Ah, quem me dera os valores da vida fossem unicamente os que fazem bem ao coração.
As regras de conduta da sociedade nada valem agora. para minha alma.
De que me servem o pudor e “honra” quando a alma já está entregue, perdida, vendida e roubada?
Fico destruída por dentro quando lembro que tudo o que levaremos para a eternidade serão os sentimentos, conhecimentos e ações para com o próximo.
Registro, 27 de maio de 2010*