Fragmentos... Como se já estivesse... Lu Marinho

Fragmentos...

Como se já estivesse programado, como se esperado… tudo mudou em mim… e frente ao espelho, não há como negar nada, como esconder nada, apenas aceitar o seu julgamento frio, preciso e silencioso. Nada pessoal, apenas verdades que insistimos fingir não ver… E sem música, errei o passo da dança e dancei desconcertado, sem saber que minha vida era um palco de teatro, com um mocinho “mascarado” segurando a minha mão… e então, no fim do ato, tudo foi revelado, tudo era pura ilusão… as cortinas se fecharam, o teatro esvaziou, sem o murmúrio das vozes, o eco das gargalhadas, sem o som dos aplausos… o que restou? O fim? Não, não era o fim… não se pode dar cabo ao que é efêmero… este tipo de coisa tem prazo de validade, e expirou, por si, por mim, por nós! Hoje, ignoro meu caminho, e estranhas atitudes, parece pertencerem-me ainda mais… tenho medo de ter me encontrado e de ser esse estranho que agora me visita… as respostas mudaram as perguntas e tudo que era confuso parece tão claro neste momento… a frieza, a dureza, as costas que dou, não acreditava ser minha natureza, não parece quem sou… ou fui… creio que me perdi, ou será que me encontrei? Sinceramente não sei… Em algum momento desse dia nublado eu consumi o que havia de bom em mim, juntei os pedaços da minha ingenuidade com o rosto em brasa de vergonha e corri pra me esconder, e entre lágrimas e soluços contidos, tentei colar os cacos do meu “eu” ferido e o resultado eu nem posso ver… me choquei ao entender que sofria por mim e não por você, percebi que sonhava sozinha, que lutava sozinha, que esperava o que nunca veria chegar… Então, o que posso dizer, agradeço a você que me fez distinguir, o quanto deixei de viver, o tanto que fui mais você, mergulhada em fantasia… de quimera eram meus dias, mas, não enxergava a utopia deste sonho nefasto, e agora já roto, já gasto, perdeu por completo o valor, e posso dizer sinceramente que o que tive poderia ser qualquer coisa, menos amor…