Talvez não importasse tanto assim que... Carla Andrade
Talvez não importasse tanto assim que fosse tão de imediato. Talvez tudo tenha sido assim para nos dar a chance de ao menos acontecer.
Talvez soubesse da brevidade e tenha escondido de mim... Por medo, anseio, por quaisquer que tenham sido os motivos eu não me importo que tenha sido assim. Talvez fosse melhor dessa maneira. Quebrar essa minha ‘’cláusula pétrea’’ de prolongar o acontecimento do desejo presente. Foi breve pra você? Pois te digo, não use mais esse termo, porque o que tivemos não foi. Têm sido. Mesmo com a distância que agora nos transpassa, mesmo que não saibamos nada um do outro. Estás presente em mim, e enquanto estiver, não rotularei como brevidade. Não trata-se de uma paixão surtada, trata-se de um sentimento não-corrompido. Trata-se simplesmente do que um dia podemos ser, trata-se também do que não seremos. E o que não podemos ser é fórmulas homólogas. Imarcáveis, substituíveis, irrelevantes. Porque cada pequeno gesto deve ser feito de forma que finque, que mude, que seja inédito. E enquanto está assim, distante, te cuido em pensamento, te cuido em meu sonhos, em minhas orações no fim da noite. Te cuido para que não morra dentro de mim.