Quero amigos de verdade Com o advento da... Marcelo de Sousa da Silva
Quero amigos de verdade
Com o advento da internet, muitos hábitos sofreram transformações. Antigos costumes foram mudados ou até mesmo substituídos por mais modernos. Atrelados a esta mudança comportamental, alguns conceitos e valores foram igualmente reformulados.
A questão é que novidade nem sempre significa avanço e transformação não é sinônimo de progresso.
O surgimento das redes sociais trouxe conquistas incontestáveis, afinal em um mundo cada vez mais globalizado, ser capaz de conectar-se em frações de minutos com pessoas de qualquer canto do planeta sem a necessidade de sair de casa, é realmente fantástico. Por outro lado, esta facilidade tem nos roubado coisas preciosas, como por exemplo, o verdadeiro sentido da palavra amizade.
Amizade é criar laços, amar, compartilhar abraços apertados e beijos carinhosos. É provocar um sorriso, enxugar as lágrimas, dividir esperanças, aplacar a angústia. Mas, às vezes, não fazer nada. Apenas ficar junto, ao lado, pois a presença de um amigo fala bem mais alto do que qualquer palavra.
Um amigo não se faz com apenas um clique sobre o botão adicionar, nem tampouco com o aceite de um convite. Amizade deve ser conquistada, cativada, construída. Alguém conhecido pode se tornar nosso amigo, mas isso não ocorre do dia para a noite. Assim como um edifício, amizade é construída tijolo a tijolo, até formarmos sólidas paredes cimentadas e pintadas de cumplicidade e fidelidade.
Amigo não diz ser amigo, vivencia a amizade. Está sempre “on line”, não na grande rede mundial, mas em nosso dia a dia. Ao ligar-se para um novo dia, ele está sempre enlaçado pelo desejo de encontrar, compartilhar, sorrir, se emocionar.
Amizade é envolver-se e envolvimento acontece com o tempo. Deus levou vinte e cinco anos para chamar Abraão de amigo. Hoje, basta ter alguém em uma lista para que seja considerado como tal. Este ser precioso, antes era raro. Tínhamos poucos, mas hoje viraram sinônimo de poder, “status” e popularidade. Afinal, mais do que um confidente fiel, o que se deseja é uma multidão que virtualmente acompanhe nossos passos.
Desejemos amigos de verdade, não os virtuais, nem eventuais, muito menos os que se denominam assim, mas que sempre estão ausentes.