Não pedi que me levasse a dor, o rancor... Alice Andrade
Não pedi que me levasse a dor, o rancor e o temor. Não respeitaram, me levaram. Eu tentei não escrever. Prometi a mim mesma que esse seria o ultimo texto falando sobre você, mas prometo a cada página que olho e logo está com o teu nome… Ah, não, essa é a minha letra. Não posso prometer, devo parar. Há um tempo eu não prometia o que não poderia cumprir, estava esgotada. Mas hoje… Ta, não quero falar sobre hoje, nem sobre ontem e nem sobre o amanhã. E quem vai querer me ler, me diz? Não me importo, na verdade, não entendo essa minha fome pela escrita. Às vezes eu queria escrever bem, para mostrar que sirvo em alguma coisa, e dessa vez, alguma coisa que eu ame. Pouco me importo, ando me importando pouco demais. Devo parar de reclamar quando passo dos limites em algo, mas penso que estou certa, pois nada demasiado é bom. Aprender a viver na medidinha certa está sendo um sacrifício. Sinto-te longe, mas é onde estás…, longe de mim. Queria saber se tu te lembras de algum pequeno gesto meu que conseguia te fazer sorrir. Fico assim, querendo saber, me excedo e invado o “demais” que tanto eu queria excluir. Afundo novamente na saudade, no apelo, nos pesadelos. Não posso sufocar a vontade de querer, de te querer. Sei que possuo o que me consome, sei que corro atrás do que me corrói. Afogar-me em seus sonhos sem nem fazer parte deles é uma tortura. Queria torná-los reais. Observa, novamente eu querendo demais.