Naquela noite, dormi embalada pelos... Manuelle Leite

Naquela noite, dormi embalada pelos soluços do meu choro. Era difícil acreditar que tudo que se passara naquele último mês acabara ali. No geral, havia sido para mim um bom mês. Fora tratada como toda mulher merece ser, me senti especial e até feliz. Se pudesse ter apenas um desejo concedido seria este: que todos os meses fossem como aquele. Não foi tempo suficiente para amá-lo, mas pude experimentar um sentimento puro e intenso.
Era difícil pensar em esquecê-lo. Sua voz macia ao telefone me pedindo para não chorar me fazia querer chorar ainda mais. Eu queria esperar a tempestade passar. Esperaria pacientemente por ele, afinal, já tinha esperado uma vida inteira. Que mal faria esperar mais um pouco?
Mas a conversa acabara ali. Um adeus pela metade, já que terminaríamos de nos falar num momento em que eu estivesse mais calma. Quando? Quisera eu saber!
As lembranças de todas as suas palavras naquele mês me puxavam o tempo todo como que para o fundo de águas turvas enquanto eu tentava a plenos pulmões voltar à superfície e… respirar! Os beijos e afeto que nunca trocamos, os passeios e viagens que nunca fizemos e “eu te amo” que nunca falamos ficariam ali, perdidos num universo paralelo, como lágrimas no meio de uma tempestade.