Lembrei de você, vida. Meu celular... Annely Oliveira
Lembrei de você, vida. Meu celular vibrou as 07:15 da manhã, e como de costume, eu tinha recebido uma mensagem que dizia assim: Bom dia minha vida. Cheguei a corar e lacrimejar os olhos, confesso. Mas ai eu percebi que era só minha melhor amiga me chamando do mesmo jeito que você me chamava, porque ela sabia que isso iria me fazer sorrir. Eu senti falta daquela tua velha mensagem rotineira, daquele velho horário em que você me importunava, e daquelas velhas ligações até clarear o dia. Eu senti falta daquele abraço aconchegante e ao mesmo tempo bruto, e do beijo que não era na bochecha nem na boca, era entre os dois mas me fazia sentir-me a mais querida do mundo. E o que a vida fez com a nossa vida, em qual esquina ficou perdida a nossa história? Menino, onde está você? Está sorrindo pra outra, eu sei. E isso me tortura, essa agonia só aumenta a minha dor. Na verdade, que dor? Já nem sei mas se isso é dor, ou se o meu organismo já se adaptou a todas essas borboletas que o percorrem durante o dia. A gente aprende, né? Aprende a conviver com a falta, e eu tive que aprender, de um jeito meio torto, mas a vida conseguiu me ensinar a ser assim, do jeito que ela pinta. Eu te queria pra ontem, menino. Eu te queria careca, sem dente, velho, novo, eu só te queria pra mim. Queria poder te chamar de meu em todas as línguas desse mundo, do mesmo jeito que você pode me chamar de sua em japonês, e eu vou entender, ou apenas olhar pra mim e sentir a confirmação disso.