Da vida trago história. Dos venenos... Lúcia Araújo
Da vida trago história.
Dos venenos mais letais já bebi em doses cavalares;
Das bebidas mais amargas, seu sabor já não me causa danos;
As idéias mais insanas, essas, povoam incessantemente meu âmago;
Os pensamentos mais complexos estão constantemente em minha cabeça e na ponta de minha pena;
Os sentimentos mais fortes permeiam meu cotidiano e me inspiram, por vezes;
Os delírios, dos mais doces aos mais veementemente loucos e inconseqüentes ilustram meus sonhos, em forma de espiral, quando durmo e quando estou acordada;
As vezes me "sinto" louca, meus devaneios confundem-me. Sinto-me, muitas vezes, entre a realidade e a fantasia, entre a lucidez ou a ausência dela;
Mas, do ápice da minha insanidade, essa sobriedade que persiste em dominar-me, não me permite voar de um penhasco. Mas o meu vôo é mais poderoso porque vôo livre, escorregando em um colorido arco-íris;
E, ai, bendigo, empurre-me e voarei feliz até um farto pote de ouro.