Nesta selva aberta Não sei por que... Alex Veloso
Nesta selva aberta
Não sei por que continuo de pé
Este buti que calço, a cada passo, mais me aperta
Eu só não perco a fé
Estes eucaliptos que me rodeia
Parecem sentir o que sinto
Mais um em minha volta caiu de cara na areia
E para meu corpo cansado eu minto
Pois ele me fala que esta na hora de deitar
Mas eu não o deixo descansar
Pergunto-me em que lugar do mundo meu amor deve estar
Será que esta logo à frente esperando eu passar?
Será que se eu cair e no chão ficar
Minha farda verde-oliva completamente ira me camuflar?
Mas a onde depois a minha honra ira parar?
Acho que de tamanho desgosto meu coração vai se afogar
E meu fuzil me puxa para frente
Minha mochila é o que me equilibra
Meus passos são inconscientes
E com isto é que minha honra se calibra
Agarro-me ao meu demônio para ter forças pra puxar canções
Dava risada de meus companheiros mais desesperados
Mas com minha voz mantém vibrante alguns corações
E assim para meus companheiros, fingia não estar acabado
O perfume dos eucaliptos, é o que me faz perceber que ainda estou vivo
Pois ao sentir aquele adorável aroma melhor do que de muitas flores
E desta singela forma sinto um raso alivio
Pois me da vontade de viver na minha vida alguns amores
Escuto ao longe a ordem de “auto-guardado”, vinda de nosso comandante
Aproveitarei pra cavar minha trincheira deitado
Disfarçando a minha dor destes infantes
Até parece que morrer será um alivio para este estado
Mas este país precisa de minha fé onipotente
Mas sinceramente também não sei por que defende-lo
Se o governo nem liga para minha existência
Mas mostrarei que me Deus é maior
E sufocarei os de má fé com minha persistência
Talvez quem sucumbiu-se ao cansaço
São bem melhores que eu
Pois não defenderão quem os faz de palhaço
Aquele maldito governo que sempre deixa de cumprir o que prometeu