O verme Ao decompor-se, o corpo já... Sandro Kretus

O verme

Ao decompor-se, o corpo já apodrecido
Metamorfoseou-se em um liquido espesso, amarelado
E ao ser sugado, embrenhou-se ao estomago da mosca varejeira
Que lentamente o sugava

Após extraordinária transmutação
Produziu-se uma espantosa manifestação
Fazendo a mosca defecar o verme
Em meio a podridão

Submergido em um caldo azulado
Estava o verme
Em estado espantado
Tentando livrar-se daquela bolsa fecal

Ao colocar a cabeça para fora
Após romper a grossa membrana
O verme esforçou-se, conseguido tirar seu corpo
Lançando-se ao chão com um hibrido mergulho

Livre daquela prisão, rastejou suavemente
Deixando um rastro meloso no chão
E aos poucos as luzes foram acendendo
Fazendo o verme recuperar a visão

A sua frente, a surpresa
Estava o verme em frente a um jardim de violetas
E sem perder tempo, foi logo tratando de rastejar
Indo ao encontro das lesmas

Ao chegar, o verme foi expulso pelos molúsculos gastrópodes
Que lançaram-no um olhar de repulsa
-Vá ao encontro dos seus! Gritou uma das lesmas
-Estão ali! Ali no corpo decomposto

O verme emocionou-se ao ver uma nuvem de vermes
Fervilhando em uma carcaça apodrecida
E assim, juntou-se aos seus
Dando continuação a vida, que ali, lentamente se esvaia