Fragmentos
Me desatino tentado entender as confusões interiores
Gesto tolo costurar os dedos e querer entrelaça-los
De olhos fechados se veem os circos invertidos
Lonas em preto e branco e palhaços chorando
Um suicídio do ser tentando deixar de acontecer
O ódio tentando sucumbir o existir dos alvos
E meio a revolução sináptica o equilíbrio terce os tecidos
E os recursos da mente humana fazem suas acrobacias
Na sincronia fragmentada das danças o vento canta
A vontade emocionante de dar sentido a imaginação
Se recria nos sentidos racionais e conscientes.
Rezo todas as noites por um poema que seja correspondido.
Suplico vontades solícitas de verso e prosa.
Rezo todas as noites por um poema que me revele por inteira.
Rezo, mas as palavras evaporam dentro de um céu de letras escuras!
Penso que cada um desses pequenos brilhos que vemos lá em cima é um ser como um de nós, inteiro e solitário, seguindo seu próprio caminho
Senti um arrepio subir pela minha espinha, o frio e o calor se misturar e encher o meu estômago de um choque térmico instantâneo pelo seu olhar: ela estava encarando a minha alma.
Sobre o amor
Embora eu seja uma serie de "emboras", só tenho pensamentos de amor, porque talvez seja o amor a unificar as peças, os pedaços, os fragmentos e a fundi-los em ouro. E o amor sempre arma sua emboscada ao cair da noite. Amor com letras maiúscula, como escreve Petrarca, como um deus incógnito que, de repente, aparece no seu quarto para rabiscar tudo, remexer as suas vísceras e não lhe deixar alternativa a não ser ficar deitado olhando para o teto.
“Quanto tempo levou,
para que houvesse tempo,
de o tempo ter nos trazido
o que somente o tempo traz?
Uma vida!
Um esperar impaciente!
Um desejo, de um repente…
Que de repente,aconteça!
Pouco tempo foi preciso,
para que o tempo trouxesse
o que não aconteceu,
o que nem chegou a ser…
O que faltou e nem soubemos
Como foi ou teria sido… (?)
Quem dera!
Mas que ingrato é esse tempo!
Que dita as ordens, cruel!
Que faz de nós, um refém.
Da espera…
Resta-me a liberdade de poder ser
Agora, apenas eu
Com meus anseios,
meus receios…
minha des-temperança,
Minhas calmarias
Em seus raros momentos
Minhas inquietudes
Meus pensamentos…
Meus - muitos - defeitos
E minhas - poucas - virtudes
Resta-me a liberdade
de poder dizer não, quando quiser dizer sim
Poder dizer sim se me aprouver, ou não
Não importando o quanto custe a reação
depois da ação…”
"Indagou a flor ao poeta
Por quem choras tresloucado amigo
Não há de ser por mim despetalada,
Aqui ao chão, jogada
A virar esterco e pó...
Por mim não há de ser...
Já nem existo, perdi meu viço
Quando me arrancaram...
Deixando-me à mercê
Dos muitos transeuntes
Que passaram!
Pisoteando minh'alma de flor...
Pois flor tem alma, sabias?
Alma perfumada eu diria...
Cheirosa!
Como a rosa em botão!
Então me digas por quem choras?
Seria pela lua, risonha lá no céu?
Brilhante, como o ouro,
Como a prata?
Assim me matas,
Digas-me por quem choras...?
Vem minhas pétalas juntar,
Faze-me inteira num repente,
Para novamente te encantar..."
Imperfeições
O que é imperfeito?
Talvez a intimidade seja a relação mais próxima do imperfeito.
Talvez possa existir um turbilhão de partes imperfeitas, mas você não percebe que as suas imperfeições são fragmentos, partes suas, que tornam o que você é...
Que é simplesmente perfeita.
Slá, só mais um café.
A incapacidade do ser humano em enxergar além das aparências é que dá origem a todas as formas de preconceito...
Então, eu te proponho nos encontrarmos no espaço interplanetário,
dançaremos por entre as estrelas
e depois, exaustos,
dormiremos sobre a Via - Láctea...
Saltos no escuro, pular de precipícios... São lindamente descritos em poemas. Só nos permitimos, quando sentimos, ainda que remota, a possibilidade de haver alguém para nos amparar... Eu teria me jogado da nuvem mais alta até o mais profundo inferno se sentisse, por um minuto, que era por mim que estarias esperando em algum ponto do caminho para pular comigo e segurar meus medos...
Ainda posso vê-lo, com aquele sorriso debochado e um olhar de brilho triste.
Eu não pude desviar o olhar. Aquela tristeza cabia tão perfeitamente na minha.
Ou você arregaça as mangas e entra no jogo, para ganhar ou perder ou joga a toalha, sem contestar... Há um sem números de vezes em que eu joguei a toalha, pendurei a chuteira, debandei, desisti, deportei-me. Fiz certo? Até hoje não sei... Nem pretendo mais saber... Há muito, não busco respostas que me levam aos fracassos dos quais fui “a special guest star”...
Tropeço nos obstáculos à minha frente com passos trôpegos. Embriagada, ando eu, de vinho e de vida...
Todo feitiço que é lançado volta ao seio de quem o lançou. Assim, como um bumerangue, nada é pessoal ou específico... É antes, uma questão de ação seguida de reação; Lei universal...