Fragmentos

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Sou pedaços de músicas, fragmentos de textos, sou um pouco de um muito, sou apenas uma mistura de tudo.

Na entorpecida negra caverna da mente, os sonhos constroem seu ninho com fragmentos caídos da caravana do dia.

Muitas obras dos antigos tornaram-se fragmentos. Muitas obras dos modernos já nascem como tal.

Examinem alguns fragmentos de pseudociência e encontrarão um manto de proteção, um polegar para chupar, algo a que se agarrar. E o que nós oferecemos em troca? A incerteza, a insegurança!

Dois ou três almoços, uns silêncios.

Fragmentos disso que chamamos de “minha vida”.

Há alguns dias, Deus — ou isso que chamamos assim, tão descuidadamente, de Deus —, enviou-me certo presente ambíguo: uma possibilidade de amor. Ou disso que chamamos, também com descuido e alguma pressa, de amor. E você sabe a que me refiro.

Antes que pudesse me assustar e, depois do susto, hesitar entre ir ou não ir, querer ou não querer — eu já estava lá dentro. E estar dentro daquilo era bom. Não me entenda mal — não aconteceu qualquer intimidade dessas que você certamente imagina. Na verdade, não aconteceu quase nada. Dois ou três almoços, uns silêncios. Fragmentos disso que chamamos, com aquele mesmo descuido, de “minha vida”. Outros fragmentos, daquela “outra vida”. De repente cruzadas ali, por puro mistério, sobre as toalhas brancas e os copos de vinho ou água, entre casquinhas de pão e cinzeiros cheios que os garçons rapidamente esvaziavam para que nos sentíssemos limpos. E nos sentíamos.

Por trás do que acontecia, eu redescobria magias sem susto algum. E de repente me sentia protegido, você sabe como: a vida toda, esses pedacinhos desconexos, se armavam de outro jeito, fazendo sentido. Nada de mal me aconteceria, tinha certeza, enquanto estivesse dentro do campo magnético daquela outra pessoa. Os olhos da outra pessoa me olhavam e me reconheciam como outra pessoa, e suavemente faziam perguntas, investigavam terrenos: ah você não come açúcar, ah você não bebe uísque, ah você é do signo de Libra. Traçando esboços, os dois. Tateando traços difusos, vagas promessas.

Nunca mais sair do centro daquele espaço para as duras ruas anônimas. Nunca mais sair daquele colo quente que é ter uma face para outra pessoa que também tem uma face para você, no meio da tralha desimportante e sem rosto de cada dia atravancando o coração. Mas no quarto, quinto dia, um trecho obsessivo do conto de Clarice Lispector “Tentação” na cabeça estonteada de encanto: “Mas ambos estavam comprometidos. Ele, com sua natureza aprisionada. Ela, com sua infância impossível”. Cito de memória, não sei se correto. Fala no encontro de uma menina ruiva, sentada num degrau às três da tarde, com um cão basset também ruivo, que passa acorrentado. Ele pára. Os dois se olham. Cintilam, prometidos. A dona o puxa. Ele se vai. E nada acontece.

De mais a mais, eu não queria. Seria preciso forjar climas, insinuar convites, servir vinhos, acender velas, fazer caras. Para talvez ouvir não. A não ser que soprasse tanto vento que velejasse por si. Não velejou. Além disso, sem perceber, eu estava dentro da aprendizagem solitária do não-pedir. Só compreendi dias depois, quando um amigo me falou — descuidado, também — em pequenas epifanias. Miudinhas, quase pífias revelações de Deus feito jóias encravadas no dia-a-dia.

Era isso – aquela outra vida, inesperadamente misturada à minha, olhando a minha opaca vida com os mesmos olhos atentos com que eu a olhava: uma pequena epifania. Em seguida vieram o tempo, a distância, a poeira soprando. Mas eu trouxe de lá a memória de qualquer coisa macia que tem me alimentado nestes dias seguintes de ausência e fome. Sobretudo à noite, aos domingos. Recuperei um jeito de fumar olhando para trás das janelas, vendo o que ninguém veria.

Atrás das janelas, retomo esse momento de mel e sangue que Deus colocou tão rápido, e com tanta delicadeza, frente aos meus olhos há tanto tempo incapazes de ver: uma possibilidade de amor. Curvo a cabeça, agradecido. E se estendo a mão, no meio da poeira de dentro de mim, posso tocar também em outra coisa. Essa pequena epifania. Com corpo e face. Que reponho devagar, traço a traço, quando estou só e tenho medo. Sorrio, então. E quase paro de sentir fome.

Caio Fernando Abreu

Nota: Publicado no jornal “O Estado de S. Paulo”, 22/04/1986

Chegar ao centro, sem partir-se em mil fragmentos pelo caminho. Completo, total. Sem deixar pedaço algum para trás.

Fragmentos de um amor

Na minha mente, tua lembrança
No meu coração, teu amor
No meu corpo, tuas mãos
No meu desejo, teu calor.

Na minha vida, teu rastro
Nos meus sonhos, tua imagem
Nos meus olhos, teu olhar
No meu peito, tua saudade.

Na minha dança, teu molejo
Na minha pele, teu cheiro
Na minha boca, teu gosto
No meu paladar, teu tempero.

Nos meus ouvidos, tua música
Nas madrugadas, tua presença
Na minha fantasia, tua espera
No meu lado, tua ausência!

A vida é feita de fragmentos de verdade e cada um escolhe a alienação que melhor lhe convém, visto que passaremos a vida toda buscando provar nossas crenças. Homens são todos cafajestes? Mulher gosta é de dinheiro?

Casamento é uma instituição falida? Romance é capítulo de livro de história? Amor é ilusão? Você é quem sabe. Você é quem sai na rua atrás de pessoas compatíveis com sua fé para validar sua realidade, se relacionando com malandros e interesseiras, firmando matrimônios fadados à bancarrota e fugindo de romances e do amor pela porta dos fundos. Se consola, um dia você esfregará na cara dos outros a exatidão sóbria que escolheu padecer.

Ela era assim.
Meio desfragmentada
Mas em todos os fragmentos dos seus espelhos
podia-se contemplar o reflexo do amor.

Então fragmentos da realidade
estilo mundo cão
tem gente que desanda
por falta de opção

E toda fé que eu tenho
estou ligado que ainda é pouco
os bandidos de verdade
estão em Brasília tudo solto

Eu faço da dificuldade a minha motivação
na volta por cima vem a continuação
o que se leva dessa vida
é o que se vive
é o que se faz
stay will esteja em paz

Inserida por Whermerson

Quando eu olho para a minha amada eu vejo os fragmentos de milhões de pequenas coisas que somadas me dizem que ela é a mulher da minha vida.

Quando um copo quebra, por mais que se recolham os fragmentos, algo ficará piscando no chão no dia seguinte. (…)Viver é se cortar, não contar os riscos. (…) Não há como amar sem dar tempo ao ódio. Não há como odiar sem dar tempo ao amor. Paixão é não saber. Quando se sabe, é amor. (O Amor Esquece de Começar)

Talvez cada religião contenha fragmentos da verdade, e caibaa nós a reponsabilidade de identificar esses fragmentos e os reunir com coerência

A criação de um mundo único vem de um grande número de fragmentos e caos.

Momentos de amor

A vida é fragmentos
De bons e maus momentos
Guardamos todos esses momentos
Como tesouros na alma escondidos
Conforme, nós conduzimos
Buscamos parte dos fragmentos
Uns, buscam os negativos e tristes
Outros, somente os alegres e felizes
Em cada segundo o amor bate
Como no sentido do relógio da vida
Sempre seguro e grandioso
Astuto até bastante ousado
Ele chega sem se anunciar
Bate na porta do coração
Nos transformando, suavemente
Jorra, como uma linda cascata
Sempre de corrida para o amanha
No amor o ontem, não importa
Pois o amanha, não o sabemos.
Se o viveremos aqui neste plano
Somente o hoje importa, viver
Por isso se ame bastante e viva plena
De amor e não esqueça de soprar
Nos ouvidos de quem ama esta palavra
Eu te amo e tu me fazes falta...

Betimartins

Vênus é a deusa do amor, mas, nem mesmo ela consegue consegue "colar" os fragmentos de um coração em ruínas.

Existem fragmentos de você dentro de mim
Da sua fala mansa...
Do teu jeito doce de me olhar...
Daquele sorriso
Tudo guardado dentro de mim
Tuas frases..
Teu beijo
Teu cheiro...
Agora vivemos com fantasmas
Que carregam dentro de si, nosso amor.
Perseguição?!Talvez
Obsessão?!Talvez
Nada tem resposta...
Nada mais faz sentido...
Só o que eu carrego comigo...
Aos poucos percebo
Que tudo acontece por um único e verdadeiro
Motivo, agora eu não o reconheço
Tudo esta escuro demais...
Só eu teu olhar me faz enxergar nesse breu...
Agora tão distante...
Distante de tudo
Principalmente do nosso mundo...
Mais eu não posso mentir pra mim...
Eu te amo.

Os fragmentos de um futuro nítido que não pode ser tocado.
Os braços do sonho de um novo mundo enlaçam parte de mim.

Fragmentos da realidade, estilo mundo cão...Tem gente que desanda por falta de opção.

As aparições são, por assim dizer, pedaços ou fragmentos de outros mundos, o seu princípio. É claro que o homem são não tem motivo para vê-las, porque o homem são é o homem mais terreno, e deve viver uma vida terrestre, atendendo à harmonia e à ordem. Mas quando adoece, ou quando a ordem terrena se altera no organismo, começa imediatamente a mostrar-se a possibilidade de outro mundo, e, quanto mais doente, tanto mais em contato se encontra com esse outro mundo, de maneira que, quando morre completamente, o homem vai direto para esse mundo.

Fiódor Dostoiévski

Nota: Trecho de Crime e Castigo