Formiga
na próxima encarnação
eu quero nascer formiga
trabalho duro no verão
que sonho não enche barriga
no inverno descansar e então
cigarras cantem por comida
migalhas dou por sua canção
minha vingança de formiga
Vai ter com a formiga, ó incrédulo, que, mesmo sendo tão pequenas, Deus concedeu a capacidade de escalarem grandes montanhas.
Aforismo
Havia uma formiga
compartilhando comigo o isolamento
e comendo juntos.
Estávamos iguais
com duas diferenças:
Não era interrogada
e por descuido podiam pisá-la.
Mas aos dois intencionalmente
podiam pôr-nos de rastos
mas não podiam
ajoelhar-nos.
A FORMIGA E O DIVINO
Há apenas uma formiga ocupando a catedral
A catedral estava dentro da formiga
Em seu ventre dormia o divino
Nobre formiga
Muito cedo eu me acordei
E dei de cara com ela
Em sua eterna labuta
Inutil briga perdida
Por vida
Que não lhe pertence
Não liga pra quem a perde
e tampouco também lhe importa
Quem vence
Só luta
Tal modo, tão desprendida
Quão desprovida de nada
Que quase que me convence
a tentar imitá-la
Pobre cigarra
Se agarra a um sopro de vida
No galho da rama amarga
Vida afora se lastima
Em formato de canção
Pequena oração que não rima
E às vezes se cala
Até secar-lhe o coração
Pouco lhe importa
Quem colhe...ou quem planta
Só canta sua curta existência
Pra depois quedar, desarvorada
Acercada ao meu quintal
Onde a pequena rosa
Não tece e nem fia
desafia o mundo e a sua lógica
Num trágico colorido
Que aflora, monocromático
E de forma um tanto imprecisa
Quando é manhã
Meu triste olhar ela alisa
Prepara-me as vistas
Pr'outro longo dia
Sorumbático e sem conquistas
Tanto faz se as tive ou não tive
No tempo, hoje automático
Por pouco que não me contive
A tentar procurá-la
Num lugar onde não se a encontra
Nada se parte, nada se fica
Se possível, um tanto assim de arte
Não me importa se ela é ruim
Fraco sopro de vida que assim corre em mim
Um dia ainda há de ser boa
Enfim, sei que hoje é outro dia
de vida a viver-se à toa.
Edson Ricardo Paiva.
A formiguinha diferente
Era uma vez uma formiga.
Ela nascera em um dos milhares de ninhos de formigas que existem por aí.
Quando era pequena, ficava admirada com as outras formigas, que iam e vinham, rapidamente, trazendo alimentos e mais alimentos para o ninho.
Sentia que gostaria de fazer isso o mais breve possível. Portanto, enquanto ainda não podia trabalhar e sair pelo mundo, ela estudava maneiras de otimizar o trabalho, de conservar os alimentos, de se comunicar com as outras formigas e de ajuda-las. Ao invés de brincar, ela sentia que deveria estudar. E se preparar.
Ao mesmo tempo, seu coração se enchia de piedade por aqueles que, por alguns motivos, não conseguiam simplesmente trabalhar ou desempenhar alguma função. Algumas formigas tinham medo de sair, outras tinham alguma pequena deficiência, outras tinham algumas histórias para contar do porque simplesmente não podiam ajudar. E ela as ouvia, com empatia e generosidade.
Finalmente, chegou o dia em que ela iria poder sair e vivenciar o que era tudo isso. Estava ansiosa. Foi observando como os outros faziam, com cuidado, para não falhar. E começou a sua jornada. Às vezes, ela achava um pedaço de alimento mais interessante. Mas, ao invés de pegá-lo para si, mostrava para outra formiga e entregava para ela, que saia feliz e contente e agradecida. Às vezes, ela deixava o que estava fazendo para ajudar alguma companheira, e acaba voltando sem nada, mas com o sentimento de que fez uma boa ação durante o seu dia.
Às vezes, encontrava em seu caminho alguma formiga imprudente, que por isso mesmo comia todo o alimento que havia coletado, ou, por estar distraída o dia todo, estava devendo vários dias de produção. Então, ela, compadecida, lhe dava do seu estoque de alimento, e também cumpria jornada extra para repor o que a formiga imprudente tinha perdido.
Às vezes, alguma formiga estressada, reclamava para ela do trabalho, ou da vida, e ela, generosa, se oferecia para carregar o alimento da outra formiga, e acabou que, quase sempre, estava fazendo isso.
E ainda haviam formigas no ninho, aquelas que ela tinha cuidadosamente escutado, e entendido, levando no coração todas essas histórias. Por isso mesmo, ao sair para sua jornada, sabia que deveria fazer tudo por ela e também por aquelas que, por “n” motivos, não conseguiam ajudar. E elas acabaram contando com isso, sempre.
Mas a verdade era que, a formiga sempre tentava fazer o seu melhor. Apesar disso, o chefe das formigas estava sempre bravo e descontente com seu comportamento. Mas, dentro dela, embora buscasse a aprovação do chefe e de todos, ela sabia que contribuía não só com a produção, mas com as suas boas ações para com os demais. Isso era o que mais importava.
Acontece que, certo dia, a formiga se sentiu estranhamente cansada. Para sua tristeza, ela se sentia adoecida e não sabia por que. Avistou, de longe, uma amiga que ela havia ajudado, e que encontrara um alimento melhor naquele dia. Pediu se poderia ficar com ele, para poder se alimentar bem e talvez, recuperar as suas forças, mas a amiga, estranhamente, disse que havia visto primeiro. E ela entendeu. Era justo.
Então, foi caminhando e encontrou algumas formigas que ela havia ajudado, todas ocupadas levando suas coisas. E ela perguntou se poderiam ajuda-la, carregando um pouco para ela também, pois aquele dia ela não conseguiria. E ouviu vários nãos das formigas ocupadas com suas próprias responsabilidades e necessidades.
Então, encontrou a formiga imprudente, que estava forte e bem alimentada. Pediu se naquele dia, ela poderia dividir com ela algum alimento e se poderia, até que ela se recuperasse, substituí-la. Mas a formiga achou que se a ajudasse agora, ela poderia ficar mal acostumada.
Finalmente, voltou para casa sem nada, e um pouco triste. Foi procurar as formigas que ficavam no ninho e que ela auxiliava, para desabafar um pouco. Mas as formigas estavam zangadas com ela, porque não estava mais ajudando e colaborando, já que sabia que elas precisavam e não podiam, por suas razões, fazer o trabalho.
E se sentiu sozinha e sem nada. Perguntou-se o que vinha fazendo da vida, além de levar muitos pesos nas costas e, no fim das contas, não ter feito nada por si mesma.
Passou dias depressiva, solitária, pensativa. Ninguém entendia o que estava acontecendo com a formiga, mas também não se importavam. Achavam que ela estava, talvez, dramatizando a vida demais. A maioria, na verdade, nem a notava. Dentro dela, ela só pedia para Deus devolver as suas forças, para que ela pudesse continuar fazendo tudo da maneira que vinha fazendo, e para não perturbar ou atrapalhar ninguém à sua volta. Mas Deus parecia não escutá-la.
Foi então que, em meio a tudo isso, e esta dor que estava sentindo, que ela percebeu certas coisas da vida. Ela viu que as outras formigas sobreviveram bem sem ela, e continuaram suas vidas, independentemente de sua ajuda ou existência. À duras penas, ela enxergou que ajudar alguém não significa que o contrário será verdade. Ela percebeu que o chefe das formigas nunca reconheceria nada do que ela fazia, porque seus olhos eram diferentes do dela. Ele nem ao menos enxergava, porque um chefe só enxerga aquilo que quer. E ela percebeu que cumprir a função de outras formigas não as ajudavam, apenas as impediam de cumprir seu papel ou de colher os próprios resultados. E que ela não tinha o poder de mudar a vida de ninguém, e finalmente, de salvar ninguém.
Porque, na verdade, ela deveria salvar a si mesma. Agora se sentia livre daqueles pesos desnecessários. Portanto, percebeu que ela tinha estudado bastante, que este era o seu diferencial, mas que nem utilizava seu conhecimento. Ela nem ao menos se conhecia. Percebeu que, produzir para os outros em prol de produzir para si mesma, não a tornava uma heroína, pelo contrário, a tornava, na verdade, improdutiva.
E, agora, com toda essa consciência adquirida, ela aprendera o turno certo da vida. Se tornou diferente, apesar de sua essência ser a mesma. Descobriu que ajudar não significa ter que se prejudicar. Descobriu que amigo é diferente de colega ou conveniência. Descobriu que, em meios às dificuldades, se ela não pensar em si, ninguém irá pensar. Descobriu que não precisa se responsabilizar pelos resultados de ninguém, a não ser pelos seus próprios. Descobriu que ter alguém para contar nos momentos ruins é muito, muito raro, quase um milagre. Descobriu que não tem que se culpar por não agradar a todo mundo. Mas que valia a pena estar próximo de quem realmente gostava dela, do jeito que era, e que a valorizava, mesmo quando ela não tinha nada para dar.
Hoje em dia, a formiga está em busca de seu próprio caminho. Desistiu de carregar um ninho, que nem mesmo era seu. Abandonou as pessoas que ela tanto amava, mas que não era recíproco. Aprendeu que um ambiente hostil pode ser trocado por um ambiente saudável. Mas aprendeu que, mais importante que ser amada, é amar-se. Mais importante que ajudar, é ajudar-se. Mas importante que agradar, é agradar-se. Mas importante que ser respeitada, é respeitar-se. E mais importante que ser valorizada, é valorizar-se.
Ah, e percebeu que Deus sempre esteve com ela, durante todo o tempo. E que, na verdade, não mudou a situação da formiguinha quando ela pedira, porque estava usando a situação para mudar a formiguinha. E fazê-la crescer.
Um dia, a formiga conta o resto da história.
Até a próxima!
Enche o lugar de mel que a formiga logo aparece, deixe o Espírito Santo encher a Igreja que é a gente, e logo é a vida que floresce!
O empírico se assemelha à formiga, pois se preocupa em acumular e depois comer a sua comida. O dogmático é como a aranha que tece sua teia com material extraído de si mesmo, da sua própria substância. A abelha faz o melhor caminho, pois tira a matéria das flores do campo e então por uma arte própria, trabalha e digere essa matéria".
Se você pisa em uma formiga, que por sinal 'trabalha de domingo a domingo'. É um assassinato ou foi sem querer !? 🤔
"Quando cai uma pedra no caminho da formiga, ela desvia e continua, quando cai uma pedra na formiga, ela não morre, porque é só uma frase, não é real."
Quando a formiga cria asas, ela não se perde apenas de casa,
muda a cena e ela se encontra perdida no céu, eu pergunto...
Cadê o mel?
Minuciosa formiga
não tem que se lhe diga:
leva a sua palhinha
asinha, asinha.
Assim devera eu ser
e não esta cigarra
que se põe a cantar
e me deita a perder.
Assim devera eu ser:
de patinhas no chão,
formiguinha ao trabalho
e ao tostão.
Assim devera eu ser
se não fora não querer.
Parábola da Formiga
Olhe para as formigas, a lição é simples; seus olhos precisam ser treinados para os detalhes.
Acompanhar o trabalho empreendido pelas formigas, envolve: foco, concentração e contemplação.
São nos detalhes que se revelam gigantescas lições, um inseto minúsculo, quase imperceptível, gerando um conteúdo de valor milenar.
O trabalho empreendido pelas formigas, é uma fonte de sabedoria, pois nele há um princípio fundamental, a lição é aplicar o coração em como se faz, e não, no que está sendo feito.
As lições estão no processo, nos princípios, nos fundamentos, em minúsculas atividades, habitam estruturas capaz de sustentar construções magníficas.
Quem lidera as formigas?
Os princípios.
Na verdade, lideram toda a criação, criaturas e estruturas, se um "líder" quiser liderar, sem observá-los e praticá-los, não passará de um preguiçoso iniciante na escola das formigas.
Sim, as formigas são frágeis e vulneráveis, morrem com a pisada de um pardal, mas é inegável que trabalham como um gigantesco exército.
Poupar, guardar e reservar, são princípios poderosos, a expectativa de vida de uma formiga são de dias, mas o trabalho empreendido por elas, produz para romper estações.
No verão as folhas estão secas, sem forças para nutrir, sem cor, sem sabor, mas no formigueiro, há prosperidade, provisão e abundância, fruto de quem não temeu o trabalho do inverno frio.
Não há mérito e nem glória no saber, não há do que se vangloriar no muito conhecer ou no muito ser, lembre-se sempre, até um inseto nas mãos de Deus comunica sabedoria.
Pr Bruno Marques