Flores

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Por que te juntastes a mim, minha vida ganhou mais cores, tem mais flores o meu jardim!

EU ENCHERIA O TEU MUNDO DE FLORES

Eu encheria o teu mundo de flores
Eu navegaria contigo por todos os mares
E conheceria contigo todos os sabores
Só para colocar em teus lindos olhos
O brilho de todas as estrelas do Infinito
Se eu pudesse ter esse teu sorriso sempre por perto
Se eu pudesse ter você
Sempre comigo...

Tive febres de todas as cores
me arderam todos os amores
rasguei seda, comi flores
fiz das tripas, coração
quase que aperto o botão
do juízo final
você já veio...

Planto meu jardim e decoro minha alma ao invés de esperar que alguém me traga flores!

Veronica Shoffstall

Nota: Trecho adaptado de um poema de Veronica Shoffstall.

O segredo destas flores fechadas é que exatamente no primeiro dia da primavera elas se abrem e se dão ao mundo.

Clarice Lispector
A Descoberta do Mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica Primavera se abrindo.

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TIVESSES TU NASCIDO UMA FLOR

Tivesses tu nascido uma flor
Serias, sim, como as flores do campo.
Tivesses tu nascido uma flor
Os jardins seriam mais belos!

Como uma canção de amor,
pelo ar, a fluir,
a Alegria não teria sorriso tão lindo assim:
o sorriso mais simples
e o mais encantador!

Tivesses tu nascido uma flor
- não é nenhum exagero -
Tivesses tu nascido uma flor
o mundo teria muito mais cores!

Por que tudo em você inspira poesia
e a própria Poesia se inspiraria em você
E a vida inteira seria o mais doce sonho
se tivesses tu nascido uma flor...

Tivesses tu nascido uma flor
Serias tu o próprio Encanto
Serias mais que tudo que há de belo...
Por que, minha querida, tudo em você é incrível!

Tivesses tu nascido uma flor
serias, sim, como as flores do campo:
As mais humildes,
as mais inebriantes,
e as mais belas!
- E serias, ainda, a flor mais linda do mundo!

Enfeite-se com margaridas e ternuras
E escove a alma com flores
Com leves fricções de esperança
De alma escovada e coração acelerado
Saia do quintal de si mesmo
E descubra o próprio jardim...

Artur da Távola

Nota: Trecho de um texto do autor, muitas vezes atribuído erroneamente a Carlos Drummond de Andrade.

Plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. E você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. Que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida.

Veronica Shoffstall

Nota: Trecho adaptado e adulterado de poema de Veronica Shoffstall.

Por que cultivas
as sem perfume
e agressivas
flores do ciúme

Quando tudo parecia deserto, tu me trouxeste flores. Quando tudo estava escuro, tu me trouxeste a luz e as cores. Quando tudo era solidão, tu me trouxestes teu abraço amigo. Muito obrigado.

As Flores do Mal - A que está sempre alegre
[...]
Certa vez, num belo jardim,
Ao arrastar minha atonia,
Senti, como cruel ironia,
O sol erguer-se contra mim;

E humilhado pela beleza
Da primavera ébria de cor,
Ali castiguei numa flor
A insolência da Natureza.[...]

Estou aqui de vez em quando muito delicada, me interessam principalmente flores e passarinhos.

Clarice Lispector
Correspondências. Rio de Janeiro: Rocco, 2002.

Nota: Trecho de carta para Lúcio Cardoso, escrita em 1944.

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Eu não conheço todas as flores, mas vou mandar todas que eu puder. Vivemos tempos de loucos amores, só é feliz quem sabe o que quer.

Charlie Brown Jr

Nota: Trecho da música Me encontra.

Quem tem as flores não precisa de Deus.

Nem as flores, nem a festa, nem todo o brilho que acompanha a celebração desta união se compara à beleza radiante do sorriso deste casal!

Adoro flores
adoraria ter a casa toda nadando em rosas
meu Deus do céu
não tem nada no mundo como a natureza
as montanhas selvagens
depois o mar as ondas em tropel
e depois a beleza do campo as plantações de aveia e trigo
os animais pra cá pra lá tão bonitos
deve fazer bem à alma isso
ver os rios os lagos e as flores
e formas de todos os jeitos e cheiros
e cores saltando de tudo até do fosso
primaveras e violetas
é a natureza
e esses que dizem que Deus não existe
não dou nada pela ciência deles
porque não vão e criam alguma coisa
já perguntei pra ele tantas vezes
ateus ou sei lá como se chamam
primeiro que tratem de lavar sua sujeira
depois mandam chamar o padre aos berros
quando vão morrer
e por quê
por quê
porque tem pavor do inferno por causa da consciência pesada
ah sim
conheço bem esses
quem foi a primeira pessoa do universo
antes que existisse qualquer outra
quem fez tudo isso
quem
ah isso eles não sabem
e nem eu sei
pois é
eles podiam proibir o sol de nascer amanhã de manhã
o sol brilha é por tua causa
ele me disse no dia em que deitamos sobre os rododendros
no promontório de Howth
com se terno cinza e chapéu de palha
no dia em que fiz ele falar de casamento
foi
antes lhe passei com a boca um pedaço de bolo cheiroso
foi um ano bissexto também
há 16 anos meu Deus
depois daquele beijo que não acaba nunca
que quase me deixou sufocada
sim
ele me disse que eu era uma flor da montanha
sim
é isso mesmo
somos flores completamente
o corpo todo da mulher
sim
tai uma verdade que ele disse na vida
hoje o sol brilha por tua causa
sim
foi por isso que eu gostei dele
porque vi que ele entendia
ou sentia o que é uma mulher
e eu sabia que podia fazer dele o que eu quisesse
e fui dando a ele todo prazer que eu podia
para obrigá-lo a me pedir pra dizer sim
e eu não queria dizer logo
e fiquei só olhando para o mar e o céu
e pensando muitas coisas de que ele não sabia
em Mulvey e Mr. Stanhope e Hester
no pai
no velho Capitão Groves
nos marinheiros que brincavam de carniça e lava prato
assim diziam lá no cais
e no sentinela na frente da casa do governador
com aquela coisa em volta do capacete branco
pobre diabo meio assado
e as moças espanholas rindo com seus xales seus pentes altos
e os leilões de manhã
os gregos os judeus os árabes
e o diabo sabe lá quem mais
de todos os cantos da Europa
e Duke Street
e a feira de aves cacarejando defronte Larby Sharon
os burrinhos coitados que tropeçavam morrendo de sono
e uns sujeitos vagos com seus mantos dormindo nos degraus
na sombra
e as rodas enormes dos carros de touros
e o castelo de milhares de anos
sim
e aqueles mouros lindos de branco e turbante
como reis
pedindo a gente pra sentar em suas lojinhas de nada
e Ronda com as velhas janelas das posadas
olhos faiscando atrás da rótula
para o namorado beijar a treliça
e as tabernas meio abertas durante a noite
e as castanholas
e a noite em que perdemos o navio para Algeciras
o vigia que fazia a ronda sereno com sua lanterna
e oh essa horrível corrente lá no fundo
oh
e o mar
o mar às vezes escarlate como fogo
e o por-do -sol maravilhoso
as figueiras nos jardins da Alameda
sim
e todas aquelas ruazinhas engraçadas
as casas cor de rosa azul amarelas
e os jasmins os gerânios os cactos
e Gibraltar quando eu era mocinha
uma Flor da montanha
sim
quando pus a rosa como faziam as andaluzas
sim vou usar um vestido vermelho
e como ele me beijou debaixo da muralha mourisca
e eu pensei afinal tanto faz ele como qualquer outro
e então eu pedi a ele com os olhos pra pedir outra vez
sim
e então ele me perguntou se eu queria
sim
dizer sim
minha flor da montanha
e primeiro eu passei o braço
sim
e puxei ele pra mim para que sentisse meus seios perfumadíssimos
sim
e o coração dele batia feito louco
e sim
eu disse sim
eu quero muito
Sim

James Joyce
JOYCE, J., Ulisses, 1922

Pais brilhantes mostram que as mais belas flores surgem após o mais rigoroso inverno.

Rancho das flores

Vinicius de Moraes
com música de J.S.Bach
da Cantata 147, Jesus, alegria dos homens

Entre as prendas com que a natureza
Alegrou este mundo onde há tanta tristeza
A beleza das flores realça em primeiro lugar
É um milagre do aroma florido
Mais lindo que todas as graças do céu
E até mesmo do mar
Olhem bem para a rosa
Não há mais formosa
É flor dos amantes
É rosa-mulher
Que em perfume e em nobreza
Vem antes do cravo
E do lírio e da Hortência
E da dália e do bom crisântemo
E até mesmo do puro e gentil malmequer
E reparem no cravo o escravo da rosa
Que é flor mais cheirosa
De enfeite sutil
E no lírio que causa o delírio da rosa
O martírio da alma da rosa
Que é a flor mais vaidosa e mais prosa
Entre as flores do nosso Brasil
Abram alas pra dália garbosa
Da cor mais vistosa
Do grande jardim da existência das flores
Tão cheias de cores gentis
E também para a Hortência inocente
A flor mais contente
No azul do seu corpo macio e feliz
Satisfeita da vida
Vem a margarida
Que é a flor preferida dos que tem paixão
E agora é a vez da papoula vermelha
A que dá tanto mel pras abelhas
E alegra este mundo tão triste
No amor que é o meu coração
E agora que temos o bom crisântemo
Seu nome cantemos em verso e em prosa
Porém que não tem a beleza da rosa
Que uma rosa não é só uma flor
Uma rosa é uma rosa, é uma rosa
É a mulher rescendendo de amor

Atravessa esta paisagem o meu sonho dum porto infinito
E a cor das flores é transparente de as velas de grandes navios
Que largam do cais arrastando nas águas por sombra
Os vultos ao sol daquelas árvores antigas…
O porto que sonho é sombrio e pálido
E esta paisagem é cheia de sol deste lado…
Mas no meu espírito o sol deste dia é porto sombrio
E os navios que saem do porto são estas árvores ao sol…
Liberto em duplo, abandonei-me da paisagem abaixo…
O vulto do cais é a estrada nítida e calma
Que se levanta e se ergue como um muro,
E os navios passam por dentro dos troncos das árvores
Com uma horizontalidade vertical,
E deixam cair amarras na água pelas folhas uma a uma dentro…
Não sei quem me sonho…
Súbito toda a água do mar do porto é transparente
E vejo no fundo, como uma estampa enorme que lá estivesse
desdobrada,
Esta paisagem toda, renque de árvore, estrada a arder em aquele
porto,
E a sombra duma nau mais antiga que o porto que passa
Entre o meu sonho do porto e o meu ver esta paisagem
E chega ao pé de mim, e entra por mim dentro,
E passa para o outro lado da minha alma…

Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não para para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar. Portanto, plante seu jardim e decorre sua alma, em vez de esperar que alguém lhe traga flores.

Veronica Shoffstall

Nota: Trecho do poema O Menestrel de Veronica Shoffstall.