Flores
E disse o florista para a mulher a qual ele sempre entregava as mais belas flores:
Desculpe-me, eu não consigo parar de vir aqui todos os dias e te entregar estas flores.
Mesmo que você enjoe, mesmo que você enjoe...
Melhor enjoar das flores do que não ter um jardim.
Agora sim,as lágrimas,secaram.
As flores não chegaram.
As cartas rasgaram.
Sua face,mudou.
Eu me endureci,e quero pouco,quase nada de ti.
Você se perdeu,você me perdeu,tudo desapareceu.
Você partiu;
Você me repartiu.
Te vi deixando-me ao leito do abandono
Esperei flores e você me trouxe..
um punhado de nada.
Não me procure mais,
deleta meu telefone
jogue fora todas aquelas cartas
e a camiseta azul céu que te dei.
Queime as fotos.
Na fumaça daquelas revelações
que eu não esteja para apagar o incêndio
que invade seu coração
sua mente
e alma.
Ou que esteja
com a gasolina.
Não ouse usar aquele perfume
Perfume que quando no seu corpo,
ah, no seu corpo quente, ex-amor
era tudo.
Tudo muito pouco.
Você estava contido naquele frasco,
te comprei em um frasco de vidro
caro, por sinal.
e você acabou aos poucos
como aquele perfume, caro.
''O amor são como as flores
murcham
caem dos ramos
esperam a decomposição
...
um novo desabrochar
...
As vezes,
algumas raras vezes,
são levadas pelo vento
para algum outro lugar, distante
bem distante.
Mas as flores não são como o amor,
não.
As flores não resistem ao tempo
nem ao frio
as flores vão,
o amor vem
As flores não são amor.
As flores são flores,
apenas flores.''
Muitas vezes, nossos olhos embaçados pelas lágrimas, não nos deixam ver as lindas flores que brotam no nosso deserto pessoal. Nossos corações, embebecidos pelas dores da vida, não conseguem sentir o profundo amor do Pai que nos preenche dia-após-dia.
Rio Abaixo
Tem dias que eu acordo meio estranho
As flores brilham quando eu as apanho
E o sol me bate de um jeito novo
Lá fora o mundo é tão perigoso
Depois daquele morro tem um rio
E pelo rio vai seguindo o meu rebanho
Não ia lá, tinha medo, tinha frio
Agora eu entro no riacho e tomo banho
E assim nós vamos indo pouco a pouco
Rio abaixo, a correnteza nos levando
E a vida faz com que eu me sinta meio louco
E eu vou nadando, vou nadando, vou nadando
Rio abaixo, tem que nadar com a multidão
Rio abaixo, olha o ladrão, o cidadão e o figurão
Rio abaixo, alô João, tem que nadar com a multidão
Rio abaixo, pro oceano
O oceano, o oceano, o oceano, o oceano
Rio abaixo é o rio do rebanho
O oceano, o oceano, o oceano.
Eu poderia ter vivido na época que abrir a porta para ela, comprar flores ou elogiar não era visto como desconfiança ou estranheza. Ah! E tenho minhas dúvidas se eu estaria melhor agora ou em utra época.
Ou tudo isso que foi escrito até agora, é apenas drama de minha parte solitária. Drama desse eterno apaixonado que a mais de 3 meses escreve para tentar jogar para fora as angústias.
Talvez seja isso tudo que me tira a concentração diariamente. Mas como sempre, continuo de cabeça erguida, SORRINDO e CANTANDO
Dar adeus é mole, seja ele com um caixão, flores e uma novena, ou com malas no chão esperando o próximo trem para ir para algum lugar. O mais difícil é lidar com o que fica, com o que não foi dito, o que foi comemorado, tudo que foi acalentado e todas aquelas fotografias mentais que chamamos de memórias. Complicado mesmo é carregar um coração cheio de saudade, uma mente povoada de lembranças. Tudo que remonta o que foi verdade, seja uma música, uma comida, um lugar. Com um “tchau” dado às pressas, tudo se perde, ficamos apenas com o espaço liberado para novos hóspedes se alojarem. Isso é, se permitirmos isso algum dia.
Sou apenas uma terra seca e sem flores, esperando que tu derrames sobre mim as gotas reflorestadoras de teu amor.
Se flores fossem, não mais exalariam seu cheiro com o passar do tempo. Seu cheiro se apoiaria numa essência acima de tudo que o tempo poderia fazer com a matéria.
E como as borboletas só são encontradas onde há flores,
a felicidade só está onde há corações acolhedores.