Fio
A dificuldade em se doar plenamente está para o não espiritualizado como um fio de lã que aos poucos vai dilacerando-se até que finalmente se parta por completo.Mas,acredite que,até esse fio de lã poderá ser restaurado aos poucos,com dificuldade se, assim nos permitirmos.
Como um fino fio de ceda é o namoro. Temos que dar várias voltas, nós para que não enfraqueça e arrebente.
Ainda temos até as 00:00.. ou algum Magaiver pra cortar o fio azul de mais uma conspiração antes das 23:59 de preferência?
'A TERRA E A CARNE'
"A vida é um fio por entre ois dedos,
escapasse o fio se perdeo-se o tempo."
Tic-tac o relógio bate
Tic-tac o relógio insiste em soar.
A morte é certa.
Morte suave, morte violenta,
anunciada, inesperada,
tanto faz nunca é desejada.
Feche os olhos, deixe que a terra engula a carne,
deixe que a terra finalize o trabalho.
Ouça o marchar das pás
cobrindo você com seu último abrigo,
sua última casa.
O despertar dos relógios anunciam
o fim do espetáculo.
Não há mais atores a atuar
nem mais mãos a apraudir,
apenas rosas a perfumar o ar,
apenas terra anunciando o fim.
Ele vinha andando pelo meio-fio. De cabecinha baixa, camisa degolada e os chinelos presos nas mãos, sem algum motivo aparente. O tempo era nublado e garoava. Nuvens cinzas, ventos cinzas e chuva cinza. Ele sequer demonstrava frio, mas deveria. O seu olhar perdido no vazio, os braços abertos buscando equilíbrio e o rostinho magro com olhos fundos e piscantes. Só uma criança, aparentemente. Uma criança que mora com a mãe. E mais sete irmãos. Mas isso não o incomoda. Dividir o mingau de fubá nunca foi problema pra ele. Muito menos o revezamento de quem calçaria o sapato. O problema está justamente no outro morador da casa. Seu padastro. Não, não é uma criança, é um gigante. Um herói. É muito fácil encarar o mundo quando já se tem uma noção desse cenário de dementes em que fomos enviados sem nosso consentimento. Quando já lhe foi ensinado que tudo vai passar, que há luz no fundo túnel. Mas e quando a luz do fim do túnel é a de um trem? E quando quem devia te proteger te abusa? Te confunde, te desmorona. Uma pequena montanha, mas uma grande queda. Só uma criança. Mas ele continua ali, firme. Andando no meio-fio, sem se desiquilibrar. Nem pra um lado nem pro outro. É o orgulho da mãe. As vezes condizente com o que não devia, mas será que ela pode ser culpada? Será que ela pode ser errada? Mas ele, ele É só uma criança. Não um morador de rua, não um animal, não um rato. Uma criança frágil e indefesa. Em algum lugar dentro de si com certeza ela ainda é. O farol ainda está fechado, meu carro ainda está parado e ela se aproxima com alguns papéis na mão. Eu já podia prever o texto. Mas jamais acertaria. Sua mãozinha pequena me entregou o papel com uma timidez quase que forçada. Quando li o papel entendi o motivo : "Vende-se sorriso. O meu está na promoção 50 centavos". ... Entendi não só o motivo da timidez forçada como o porque da promoção. Fazia parte do plano, da estratégia, me surpreender com sua mais poderosa arma. O sorriso. Era o mais banguela, brilhante e estridente sorriso que já havia visto. E me contaminou. sorri sem perceber. Que criatividade. Passei a mão próximo do câmbio pra buscar umas moedas, e então eu tive um estalo, e então me perguntei, o que estou fazendo? É o que eu tenho a oferecer? Umas merdas de moedas? Não. Com certeza não são dessas porcarias que ela precisa. Talvez eu devesse descer comprar algum brinquedo e brincar com ele o resto do dia. Talvez ensiná-lo a soltar pipa. A ler , escrever. Eu poderia o levar na sorveteria. Que criança não adora tomar sorvete no frio? Quem sabe o ensinar a jogar bola. Lhe dar o mínimo de atenção, faze-lo sentir-se uma pessoa, não um bicho, uma atração circense. Talvez ele só precise de um cafuné, um abraço, se sentir amado. Confiante. Mas invés disso eu lhe dei as minhas moedas nojentas. Todas elas. Fechei o vidro e saí. Como quem nada fez e ainda se sentiu útil por isso. Ele me olhou indo embora, guardou os papéis em um bolso. As moedas no outro. E continuou seu caminho. Ele, só uma criança, andando no meio-fio...
FIO DA NAVALHA
Sidney Santos
Andando sem rumo
Gelo e fornalha
Difícil é o prumo
Fio da navalha
Bandida e Santa
Jamais esquecida
Tudo me encanta
Maravilha de vida
UM DIA
Poeta dos Sonhos
Lindo fio de esperança
Pipas planando no ar
Sorriso de uma criança
O vôo querendo imitar
Chuva irrigando o campo
Pólen nas mãos do vento
Flores abrindo de encanto
Frutos doce alimento
Jura de não ter fronteiras
Sem ódio e também rancores
União de todas bandeiras
Em uno arco de cores
Colorido expressando vontades
Na tela com grande incidência
Pintando a expressão da verdade
Com a soma das inteligências
Ele vinha andando pelo meio-fio. De cabecinha baixa, camisa degolada e os chinelos presos nas mãos, sem algum motivo aparente. O tempo era nublado e garoava. Nuvens cinzas, ventos cinzas e chuva cinza. Ele sequer demonstrava frio, mas deveria. O seu olhar perdido no vazio, os braços abertos buscando equilíbrio e o rostinho magro com olhos fundos e piscantes. Só uma criança, aparentemente. Uma criança que mora com a mãe. E mais sete irmãos. Mas isso não o incomoda. Dividir o mingau de fubá nunca foi problema pra ele. Muito menos o revezamento de quem calçaria o sapato. O problema está justamente no outro morador da casa. Seu padastro. Não, não é uma criança, é um gigante. Um herói. É muito fácil encarar o mundo quando já se tem alguma noção desse cenário de dementes em que fomos enviados sem nosso consentimento. Quando já lhe foi ensinado que tudo vai passar, que há luz no fundo túnel. Mas e quando a luz do fim do túnel é a de um trem? E quando quem devia te proteger te abusa? Te confunde, te desmorona. Uma pequena montanha, mas uma grande queda. Só uma criança. Mas ele continua ali, firme. Andando no meio-fio, sem desiquilibrar. Nem pra um lado nem pro outro. É o orgulho da mãe. As vezes condizente com o que não devia, mas será que ela pode ser culpada? Será que ela pode ser errada? Mas ele, ele É só uma criança. Não um morador de rua, não um animal, não um rato. Uma criança frágil e indefesa. Em algum lugar dentro de si com certeza ela ainda é. O farol ainda está fechado, meu carro ainda está parado e ela se aproxima com alguns papéis na mão. Eu já podia prever o texto. Mas jamais acertaria. Sua mãozinha pequena me entregou o papel com uma timidez quase que forçada. Quando li o papel entendi o motivo : "Vende-se sorriso. O meu está na promoção 50 centavos". ... Entendi não só o motivo da timidez forçada como o porque da promoção. Fazia parte do plano, da estratégia, me surpreender com sua mais poderosa arma. O sorriso. Era o mais banguela, brilhante e estridente sorriso que já havia visto. E me contaminou. sorri sem perceber. Que criatividade. Passei a mão próximo do câmbio pra buscar umas moedas e então tive um estalo, e me questionei. O que estou fazendo? É o que eu tenho a oferecer? Umas porcarias de moedas? Não. Com certeza não são dessas porcarias que ele precisa. Talvez eu devesse descer, comprar algum brinquedo e brincar com ele o resto dia. Talvez ensiná-lo a soltar pipa. A ler, escrever. Eu poderia o levar na sorveteria, que criança não adora tomar sorvete no frio? Quem sabe ensiná-lo a jogar bola, lhe dar o mínimo de atenção. Fazê-lo sentir-se uma pessoa não uma bicho, uma atração circense. Talvez ele só precise de um cafuné, um abraço. Se sentir amado, confiante. Mas ao invés disso eu lhe dei minhas moedas nojentas. Todas elas. Fechei o vidro e saí. Como quem nada fez e ainda sentiu-se útil por isso. Ele me olhou indo embora. Guardou os papéis em um bolso. As moedas no outro. E continuou seu caminho. Ele, só uma criança, andando no meio-fio...
Um fio, um frio, um fino calafrio
Calor, sua cor, seu cheiro amor
Te vejo, desvio, te alcanço me canso
Eu sonho o dia o encontro que angustia
O beijo tao longe, espera a poesia
Amor doce amor, seu corpo tem magia
Distante, oposta, pergunta sem resposta
Verdade, mentira, ansiosa agunia
Te amo, me esqueço, te busco e nao conheço
Te encontro e nao me vejo
Te amo e nao mereço
Agradeça a Deus todos os dias, mesmo sem aparentes motivos. Nenhum fio de cabelo se preserva por acaso. Tão pouco estás vivo sem um propósito do Alto!
Quando o dia nasceu
Vi seus olhos nos meus
Os meus sonhos, nos seus
Pendurados num fio!
É a nossa estrada!
Preenche o quarto vazio
Da minha casa
Vem correr no meu rio
Ser a minha calçada
Sentir meu corpo no teu
Como toalha molhada
Vem colher sua flor
Bem no fundo do céu
Já não quero mais nada
(Quando o dia nasceu)
Inspirada na musica
A pele que há em mim
Seu Delegado
Seu delegado, digo a vossa
senhoria
Eu sou fio de uma famia
Que não gosta de fuá
Mas tresantontem
No forró de Mané Vito
Tive que fazer bonito
A razão vou lhe explicar
Bitola no Ganzá
Preá no reco-reco
Na sanfona de Zé Marreco
Se danaram pra tocar
Praqui, prali, pra lá
Dançava com Rosinha
Quando o Zeca de Sianinha
Me proibiu de dançar
Seu delegado, sem encrenca
eu não brigo
Se ninguém bulir comigo
Num sou homem pra brigar
Mas nessa festa
Seu dotô, perdi a carma
Tive que pegá nas arma
Pois num gosto de apanhar
Pra Zeca se assombrar
Mandei parar o fole
Mas o cabra num é mole
Quis partir pra me pegar
Puxei do meu punhá
Soprei o candieiro
Botei tudo pro terreiro
Fiz o samba se acabar.
Gigante
Sou tão astuto que eu dou nó em faca
E coço os olhos no fio da navalha
E se me virem por ai mastigando
Tenha certeza que é a pólvora da bala
Eu me alimento das dores do mundo
E se me envolvo vou até o fundo
Mas só não pensem que isso é sofrimento
Meu codinome não é sofredor
Sou tão gigante, meus amigos
Que eu abraço o cristo redentor
Aqui estou, sem saber o que acontecerá comigo até o fim do dia... Por um fio, posso ser o que minha imaginação permitir... Quando pequena seria Pollyanna moça... Por um fio, sou o que coube em meu senso bizarro de me divertir sem gastar muito com isso.
Se fizesse uma lista crítica de quantas situações encontro-me hoje, incluindo àquelas que nem imagino que possa acontecer se meus pés dessem passos rumo a qualquer um dos itens elencados, certamente que poderia estar preste a realizar uma fabulosa odisseia na Terra, com direito a capas de revistas, entrevistas e holofotes... Sou tudo aquilo que me permito ser... Como? Não sei... Talvez se seguisse as diretrizes sugeridas, tais como a fé atuando através de poder de criação, com ou sem bom senso, depende de como a sociedade vai cooperar para a realização disso, brigando com a conspiração do universo a meu favor, ou, ouço muito dizer sobre a sorte, uma tendência, um tanto quanto estranha que tem por bem, uma maioritariamente de resultados positivos, ou maioritariamente de provimentos negativos, enfim, é somente uma opção.
Certamente, estou por um fio neste dia de sol, embora frio, pensando nas questões da vida que a mim, hoje, são favoráveis, mas que o leque poderia ser bem maior, se eu conseguisse somente um ponto a meu favor - confiar que sou tudo, quanto acredito que desejo ser.
"Somos uma máquina de costura, criando ideias todos os dias... Com o fio da vida tecendo novos destinos!"
Saci, mula-sem-cabeça, duende, papai noel, jornalista com mais de 30 anos sem fio de cabelo branco... Se existem, eu nunca vi.
Pessoas andando pelas ruas, com a alma vazia, com o coração colado por um pequeno fio de linha preta.
Sem saber por onde vão, ou aonde irão chegar, rezando para isso tudo acabar.
Sozinhas porém acompanhadas;
O vento bate como um lento sino de igreja, trazendo todas as lembranças de volta.
Lembranças de tormenta, lembranças sangrentas, cujo as quais desejam esquecer.
Para onde vão? A que horas chegarão?
Ninguém sabe, eles apenas buscam um lugar para se refugiar.
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