Fio
Ir mais além.
Vencer um desafio,
Procurar a superação,
Escapar por um fio,
E torná-se campeão,
Superá-se em cada gesto,
Conquistar o infinito,
Ir mais alam do que o certo,
Ultrapassar o mais bonito,
Ir além da superação
E conquistar o impossível,
Ir além da imaginação
Para vencer o invencível.
Akai Ito:
Um fio invisível conecta os que estão destinados a conhecer-se, independentemente do tempo, lugar ou circunstância, o fio pode esticar ou emaranhar-se, mas nunca irá partir.
Acredito nos jovens que trazem sempre no rosto um fio de otimismo e alegria, como lamparina dentro do coração e o transmitem aos outros.
"...E não há melhor resposta
que o espetáculo da vida:
vê-la desfiar seu fio,
que também se chama vida,
ver a fábrica que ela mesma,
teimosamente, se fabrica,
vê-la brotar como há pouco
em nova vida explodida;
mesmo quando é assim pequena
a explosão, como a ocorrida;
mesmo quando é uma explosão
como a de há pouco, franzina;
mesmo quando é a explosão
de uma vida severina."
(Morte e Vida Severina)
Desejo é uma coisa estranha. Assim que é saciado, transmuta. Se recebemos um fio de ouro, desejamos a agulha de ouro.
Só é livre quem abraça o mundo sem reversas, mesmo que fique pendurado por um fio entre a vida e a morte.
Já tive um peito dividido entre dois amores.
Um, que recebi em matrimônio entre alianças e abraços.
O outro, apareceu na minha vida com frases de sedução
E foi me envolvendo em seu perigoso laço.
Meu coração entrou em pânico. Minha mente entrou em pane.
E caí num campo minado.
Dum lado, um amor verdadeiro, leal e romântico.
Do outro, uma paixão intensa. Um veneno satânico!
Um lado me conquistava todos os dias
Com café na cama, poesia, perfume e chocolate quente.
O outro me tentava com convites lascivos,
Propostas indecentes querendo que eu me matasse
Entre prazeres e pecados quentes!
Insana encruzilhada!
E, depois de tanto sofrer no meio desta cruel batalha,
Recebendo ataque dos dois lados.
Do lado amante e do lado amado.
Caminhando em terreno explosivo
E andando no fio da navalha
Tendo o peito e o corpo disputado
Pelo lado correto e pelo lado do pecado.
Resolvi fazer o que é certo e que optou o coração meu.
Fiquei com a aliança, com os “cafés e os chocolates” que recebi de Deus
E dei adeus aos manjares e aos vícios que tentaram me fazer desviar
Dos estreitos, mas abençoados e agridoces caminhos meus!
Caminhos que parecem ruins. Caminhos que parecem sem graça
Mas que, no fim das contas, é onde receberei a verdadeira graça
E a grande recompensa.
Caminhos que me farão ver que meus crimes de guerra
Cometidos por mim nesta terra de prazer fugaz,
Só me levaram para trás e realmente não compensa!
EU SOU MAIS EU...
A camada ficou por um triz
um fio, uma pena, um incolor verniz
A fina camada de gelo trincou
o fio era invisível 'quase' arrebentou
e só após três dias o gelo esquentou.
Esperei tanto.
Por que você não chegou?
O bafejo de um novo dia
provocou-me náusea, azia...
Até o espelho que tanto gosto
Sentiu dó de mim, depois desgosto...
Nem me venha com ladainhas,
parolas, enrolações ou orações.
Eu fui. E fui sozinha!
O que antes aceitava me deu asco
e o que poderia ser tudo - um fiasco
Não me conte nenhuma mentira
no crivo de minha mira; sátira vira.
Não me venha com seus problemas
Invente! Tente escrever poemas.
Tente aprender a conjugar como eu
eu fui, eu vou, eu sou mais eu.
O Poeta da Roça
Sou fio das mata, cantô da mão grosa
Trabaio na roça, de inverno e de estio
A minha chupana é tapada de barro
Só fumo cigarro de paia de mio
Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argum menestrê, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola
Cantando, pachola, à percura de amô
Não tenho sabença, pois nunca estudei
Apenas eu seio o meu nome assiná
Meu pai, coitadinho! vivia sem cobre
E o fio do pobre não pode estudá
Meu verso rastero, singelo e sem graça
Não entra na praça, no rico salão
Meu verso só entra no campo da roça e dos eito
E às vezes, recordando feliz mocidade
Canto uma sodade que mora em meu peito
As coisas não mudam, nós é que mudamos. O início de um hábito é como um fio invisível, mas cada vez que o repetimos o ato reforça o fio, acrescenta-lhe outro filamento, até que se torna um enorme cabo e nos prende de forma irremediável, no pensamento e ação.
A miçanga, todos as vêem. Ninguém nota o fio que, em colar vistoso, vai compondo as miçangas. Também assim é a voz do poeta: um fio de silêncio costurando o tempo.
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