Final
Eu sou essa pessoa a quem o vento chama,
a que não se recusa a esse final convite,
em máquinas de adeus,sem tentação de volta.
Todo horizonte é um vasto sopro de incerteza:
Eu sou essa pessoa a quem o vento leva:
já de horizontes libertada,mas sozinha.
Se a Beleza sonhada é maior que a vivente,
dizei-me: não quereis ou não sabeis ser sonho ?
Eu sou essa pessoa a quem o vento rasga.
Pelos mundos do vento em meus cílios guardadas
vão as medidas que separam os abraços.
Eu sou essa pessoa a quem o vento ensina:
Agora és livre,se ainda recordas
(Solombra, p. 794)
Nem tudo vai dar certo no meu caminho e nem todo mundo ganha um final feliz. A vida é realista e, às vezes, as coisas ficam feias e só nos resta aprender a lidar com elas.
Fim de festa
Louca confusão!
É o final da festa.
Pontas de cigarro
pelo chão,
marcam a realidade
do gosto amargo
pelo sarro,
que ficou na boca,
do cigarro.
Um vazio imenso
ao ambiente empresta,
a presença do arrependimento.
Foram risos,
foi música,
foi farsa.
Busca infeliz de um nada,
estampada, agora,
nos olhos cansados,
descrentes e perdidos.
Copos derramados,
paredes marcadas,
por mãos suadas.
Tudo já é passado.
Alegria-mulher que invadiu,
motivadora, minha solidão.
E nada ficou,
nada de profundo,
de definitivo.
Nada que valesse a pena,
apenas um passo
a mais,
na busca do ego
do eu interior,
que não conhecemos.
Século da cibernética,
das máquinas infernais,
computadores,
robôs,
órgãos artificiais.
Homem-mecânico
do século vinte.
Tudo foi pesado,
balanceado,
meticulosamente dosado!
Para que?
Para nada!
Se teu coração vai mal,
nada de anormal,
terás um novo,
a pulsar vigoroso,
injetando sangue
em teus tecidos.
Genial!
E teu sistema nervoso,
teu cérebro,
tua consciência,
tua vivência
anterior?
Século da genética,
da potência energética.
Situação patética,
o vazio da alma,
no vazio da sala,
que me embala
em mil pensamentos,
em arrependimentos,
que são angustias.
Quando se quer muito alguma coisa sempre tem um preço a ser pago no final.
(Tia Dalma)
A vida, entendeu, era bem parecida com uma música.
No começo, há mistério, e no final, confirmação, mas é no meio que reside a emoção e faz com que a coisa toda valha a pena.
Finalmente, eu consegui dar um final ao meu modo nessa nossa história que começou atrasada e terminou cedo demais. Claro que eu queria ter continuado, mas como você preferiu fugir, eu resolvi te ajudar como um sinal de compreensão. Afinal, a gente cavou essa cova juntos. E agora só vai nos sobrar a dor de não ter conseguido lidar com aquela felicidade simples e magnífica que era estar perto um do outro. Erros imperdoáveis. Palavras fatais. Confissões destrutivas. E eu te mandei pra longe quando tudo que eu queria era te levar comigo. É a história triste de outro amor que vai deixar planos pela metade. Como a saudade das coisas que a gente nunca viveu. Essas saudades são as piores. Inesquecíveis.
Ninguém nunca ganha os jogos. Ponto final. Há sobreviventes. Não há vencedores.
(Haymitch Abernathy em Jogos Vorazes)
Lembranças Campeiras
No final da noite
fria,
o vento corta,
cortando a pele
queimada,
com cheiro de suor
e terra.
O sol espia
no horizonte
e clareia o dia.
No chão,
o fogo dança
e espreita
por entre toras.
Na trempe,
a água esquenta
pra fazer o mate
dessas horas.
No espeto,
a carne cheira
enchendo o ar
das narinas
rudes e geladas.
A mão que sova a erva
aguarda
a água quente
pra servir à roda,
com rostos marcados,
de boca em boca,
sorrindo ao dia
que nasce nas coxilhas.
No pampa guasca
é mais um dia
de um conto
gaúcho.
Não se preocupe. Só há duas espécies de pessoas no final : os que dizem a Deus, "seja feito a Sua vontade", e aqueles a quem Deus diz : "a tua vontade seja feita" .
Eu sempre ouvi cada final também é um começo, não sabemos isso no momento. Eu gostaria de acreditar que é verdade.
Notícia final
E os jornais
(em letras garrafais)
Noticiaram mais um assassinato.
Na primeira página,
Do anonimato,
Surge a figura do assassino.
Espantoso!
Detalhes,minúcias incríveis
Surgem nas letras
(que largam tinta)
Como o sangue negro,
Coagulado,
Que vertia do corpo,
Aberto
Pelas trinta punhaladas
(sobre ele desfechadas).
Os mais horrendos pormenores
São narrados, fotografados.
Nada é proibido
A maiores ou menores.
Os prelos rodam
No afã da venda.
Sensacional
O seu jornal!
Roubos, assaltos
(a mão armada ou desarmada).
Atropelamentos,
Envenenamentos
(foi a empregada seduzida
Pelo patrão).
Toda a podridão
Desenterrada
Do lixo das cidades.
Atrocidades!
Figuras anormais,
Bestiais
Circulam pelas sessões
Policiais,
Em todas as páginas,
Em todos os cantos
Do jornais.
Pormenores jamais proibidos
(mas bem lidos)
A maiores ou menores
"A gente percebe quando a amizade merece um ponto final, quando ela está prestes a ganhar uma vírgula"