Finais
" Existem finais que não deveriam ter inícios, muito menos meios, assim se evitariam as crueldades dos fins...
E se eu tivesse feito tudo diferente?! Tantas possibilidades distintas e finais talvez mais promissores...
Se você vive só para os finais de semana. Você vive apenas 104 dos 365 dias do ano. Deixa de viver 261 dias.
E acontece que, não consigo ficar um dia sem te ver, os finais de semana parecem vazios sem as sua presença, mesmo cercado de pessoas, juntando todas elas não dariam um terço de você, não sou clichê, meu amor é clichê, mas por você, eu posso esquecer, de querer convencer o meu cérebro de por um momento deixar de pensar em você.
Alguns passeios nas ferias ou até mesmo nos finais de semanas nos ajudam a esquecer o stress do dia-a-dia, o duro é voltar à confusão do trânsito, sempre de olho no relógio vendo a vida passar rápido.
ESTRADAS EMPOEIRADAS
Dos pardais cigarras e morcegos são os finais de tardes
O sol de verão bronzeia a solidão
De silhuetas anônimas nas colinas
E entre os nascentes e os ocasos adolescem as meninas.
Eu sei que o amor é pertinente a todos os sonhares,
Quem não se amou um dia se amará
E o que é solidão além do chalé branco sobre a duna,
Além da vela encardida que se aventura na imensidão domar
O que me faz pensar que a solidão até faz bem
É perceber que as coisas mais profundas
Afloram nos momentos solitários...
Penso que algum dia todos tiveram
Suas estradas empoeiradas com zumbis e ETs;
Suas fobias e inseguranças,
Mas um herói, uma oração, um talismã,
Qualquer crendice que nos protegesse
Todos tivemos; eu tinha uma sobrinha,
Meio tia por ser mais velha
Acho que ela foi o meu maior carinho de infância
Juntávamos latas ou apenas perambulávamos
Porque não é fácil ser anjo sem ruas de brilhantes,
Pétalas de estrelas
E ter apenas barracões com tetos de zinco para nos abrigar,
Mas eu tinha seu poder
Que suponho vinha da sua franja caindo nos seus olhos;
Não tinha ainda a idade do tempo,
Nem tempo de idade, nenhuma outra noção
Eu só tinha a sua presença e a sua mão;
Talvez eu tivesse algum poder,
Talvez o poder de não poder nada,
Talvez o catarro escorrendo do meu nariz lhe protegesse do mundo,
As minhas unhas sujas, os meus dentes proeminentes
Eu era um anjo, ainda não me encantava com dunas
E brancas casas de praia avarandadas,
Ainda não me encantava pelo que ostenta ou pelo que seduz;
Um saco, algumas latas, chicletes e amendoins,
sua franja e seu sorriso, sua mão; que viesse os zumbis e ETs...
A realidade só nos surpreende muitas vezes de tantos estarmos acostumados com finais felizes de filmes e novelas.
Eu coloquei tantos pontos finais, eu fiz tantos parágrafos, eu tentei consertar essa história tantas vezes... Mas chegou a hora de rasgar, chega de fazer continuações achando que no final será feliz. É como dizem por aí: O que começa errado, termina errado.
As pessoas gostam muito de finais felizes.
Aí vem a vida e pergunta:
-Prefere a tijolada na cara ou nos bagos?
Eu gostaria de lhe entregar todas as palavras, as vírgulas,as frases e pontos finais enxutos ou demorados que existem naquilo que bombeia o vermelho e que me mantém viva. Eu gostaria que você tivesse lido todos os versos caridosos e sentimentais que retirei dele, sem mesmo que eu soubesse, gostaria que valessem a pena e lhe transmitissem segurança, proteção. Eu gostaria que minhas palavras tivessem valor e que elas pudessem "curar" o que te tortura e te tira o sono. Eu gostaria de não ser insuficiente. Mas a suficiência está vindo alheia, tirando minhas meias palavras de evidência.
Passei a vida escrevendo poemas. Finais magníficos e inícios cheios de uma luz particular... Porém foi na escuridão que cauterizei minhas dores. Nada mais eficiente do que um esconderijo que podemos transportar. E eu sempre estive escondida no meu sorriso. Na simpatia das piadas nem sempre com tanta graça. Fui uma fortaleza sempre competente para esconder as ruinas...
By Tais Martins