Fim de Namoro Fingido
Ser “amável” não é uma questão de “valer o amor que você tem”, mas de “demonstrar aptidão para ser amado”.
A seletividade do amor pode ser explicada, mas não justificada: para aquilo que não apreciamos no amor, nos tornamos voluntariamente cegos, distorcendo a percepção até que ela silencie ou nos agrade, e esta aposta na melhora espontânea do desencanto parece ser uma das maldições mais longevas de nossa espécie.
Morremos por amor, sofremos por amor, nos calamos por amor, choramos por amor, enlouquecemos por amor e nos sentimos sós porque amamos.
Amamos porque nossos desejos nos fazem acreditar que outra pessoa nos trará a felicidade – o que é um imenso equívoco.
A Paixão é um caldo fervente de interdependência emocional que despejamos sobre outra pessoa. Ingeri-lo implica em uma perda no mínimo parcial de si mesmo.
A paixão é uma Deontologia baseada na vítima, onde a vítima é o sujeito que diz estar amando: ele deseja para si todos os direitos, inclusive o de sequestrar e parasitar o outro como uma filial, transformando-o em uma franquia externa de suas angústias destinada a trabalhar incessantemente para quitar os débitos de sua própria miséria emocional.
Intimidade é convidar o outro para conhecer um pouco do seu “eu” mais interior, tornando-o uma mistura de consultório médico e confessionário.
Sempre que o Amor é vivenciado como uma resposta imunológica a uma delicadeza que nos fragiliza, ele deixa de ser aconchego e elegância e se converte em uma batalha cruel em um charco de flagelos.
O objetivo da vida é conhecer-se a si mesmo - e o Amor é um dos mais nobres caminhos para esta meta.
Hoje eu vim falar novamente sobre a minha escolha medíocre. Porque amar um padre e reafirmar esse caminho é apenas isso, uma escolha medíocre, pequena e até triste!
Como posso amar alguém que nunca vai poder ser meu? Que nunca escolheu a mim e reafirma sua não escolha sempre?
Um homem que sempre que se percebe perdendo terreno faz de tudo para novamente se colocar em pauta como o homem da minha vida, mas uma vez de volta a esse lugar, simplesmente me trata como se eu fosse um nada?
Depois de muito pensar comecei a trabalhar a possibilidade de que a gente só aceita o amor que acreditamos merecer.
Amar um padre é lindo, mas dói. É um preço muito alto a pagar. É doloroso, é intenso, você pensa que está louca ou prestes a surtar.
A realidade é essa, estamos imersas em uma cultura predominantemente machista, onde nós mulheres somos ensinadas, alias programadas, desde o nosso nascimento a obedecer e servir, a compreender, apoiar, suportar, persistir e não desistir nunca.