Fim de Ano Escolar para Crianças

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Aprenda a enxergar a vida, com os olhos de uma criança.

Permita-se brincar de criança pelo menos com Deus, tenho certeza que Ele não vai contar prá ninguém.

Sabe aquele amigo invisível que vc conversava quando criança? Aquele amigo era Deus. Apesar de vc cresçer e não acreditar mais que tem um amigo invisível, ele continua ao seu lado, acreditando que um dia, vc voltará a conversar com ele.

A maravilha de se amar uma criança é vê-la crescer saudável, inteligente, bonita, carinhosa, estudiosa e acima de tudo, digna.

Lembro dos meus tempos de criança que corria em busca de esperança. Lembro dos lugares onde passei e dos momentos felizes que vivenciei.

Quem tem alma de criança

Quem tem alma de criança
dá a mão a toda a gente e ainda bem
não pensa em cores nem em religiões nem em distâncias.
Pensa apenas:«GANHEI UM AMIGO»!
E entende-se e ri...porque o outro também ri.
Pega numa flor silvestre e oferece-a
como se fosse o seu maior tesouro!
E recebe-a e olha para ela
vendo ali uma rosa vermelha;
e esquece-se do tempo
quando presta atenção a alguém como ela...
e falam de coisas, de nada e de tudo
ou simplesmente nem falam!
E é mesmo isso o importante! Só isso!
Quem tem alma de criança
senta-se num qualquer banco de jardim
com um qualquer homem que estava só
e fala dos seus sonhos
e até discute o que não sabe sobre futebol
e coloca estrelas nos olhos do amigo
e leva no rosto as cores de um arco-íris
e repara nos rostos tristes e fica triste também!
Quem tem alma de criança
faz festinhas no pêlo de um animal sujo da rua
e diz-lhe «És tão lindo!!!»
e quer levá-lo para casa e dar-lhe um banho
e pôr-lhe um perfume;
quem tem alma de criança
não liga a certos pormenores
é feliz...
e tem essa capacidade tão simples,
de fazer feliz também
e pronto!

"todo bebe quer brincar...
toda criança quer crescer...
todo adolescente quer amar...
todo adulto quer aprender...
todo idoso quer ensinar...
Nao precisa ser um bebe para brincar. Não precisa ser criança para elogiar seu proprio crescimento. Para amar, não precisa ser adolescente, muito menos adulto para gostar de aprender. Mas quando chegar a velhice, lembrará que...para ensinar é presciso crescer brincando e amar aprendendo" (Eduardo Schulz Neto 12-09-07)

Grande é o homem na armadura de uma criança!!! Sem o espirito da simplicideda o homem setorna um ser incapaz de amar.

A nossa vida e a própria escola, que aprendemos com o passar do tempo o que devemos dar valor...

Quando eu era criança tudo ficava perto,pertinho
para chegar ao céu bastava uma subidinha
o sinho me alcançava para ir tão longe como queria
quando eu era pequeno eu sim podia,
eu sim podia...
Quando eu era criança,vivi paixões tão memoráveis
com os sapatos furados e o riso menos amável
terra sob as unhas, mãos sem pena tocando mundo
quando eu era criança, era profundo,era profundo.

Os 15 Minutos Preciosos

Era uma vez, há muitos e muitos anos, uma escola de anjos.
Conta-se que naquele tempo, antes de se tornarem anjos de verdade, os aprendizes de anjos passavam por um estágio. Durante um certo período, eles saíam em duplas para fazer o bem e no final de cada dia, apresentavam ao anjo mestre um relatório das boas ações praticadas.
Aconteceu então, um dia, que dois anjos estagiários, depois de vagarem exaustivamente por todos os cantos, regressavam frustrados por não terem podido praticar nenhum tipo de salvamento sequer. Parece que naquele dia, o mal estava de folga.
Enquanto voltavam tristes, os dois se depararam com dois lavradores que seguiam por uma trilha. Neste momento, um deles, dando um grito de alegria, disse para o outro:
- Tive uma idéia. Que tal darmos o poder a estes dois lavradores por quinze minutos para ver o que eles fariam? O outro respondeu:
- Você ficou maluco? O anjo mestre não vai gostar nada disto!
Mas o primeiro retrucou:
- Que nada, acho que ele até vai gostar! vamos fazer isto e depois contaremos para ele...
E assim o fizeram. Tocaram suas mãos invisíveis na cabeça dos dois e se puseram a observá-los. Poucos passos adiante, eles se separaram e seguiram por caminhos diferentes. Um deles, após alguns passos depois de terem se separado, viu um bando de pássaros voando em direção à sua lavoura, e passando a mão na testa suada, disse:
- Por favor meus passarinhos, não comam toda a minha plantação!
Eu preciso que esta lavoura cresça e produza, pois é daí que tiro o meu sustento.
Naquele momento, ele viu espantado a lavoura crescer e ficar prontinha para ser colhida em questão de segundos. Assustado, ele esfregou os olhos e pensou: devo estar cansado... e acelerou o passo.
Aconteceu que logo adiante ele caiu, ao tropeçar em um pequeno porco que havia fugido do chiqueiro. Mais uma vez, esfregando a testa ele disse: - Você fugiu de novo meu porquinho! Mas, a culpa é minha, eu ainda vou construir um chiqueiro decente para você. Mais uma vez espantado, ele viu o chiqueiro se transformar num local limpo e acolhedor, com água corrente e o porquinho já instalado no seu compartimento. Esfregou novamente os olhos e apressando ainda mais o passo disse mentalmente: "estou muito cansado!"
Neste momento ele chegou em casa e, ao abrir porta, a tranca que estava pendurada caiu sobre sua cabeça. Ele então tirou o chapéu, e esfregando a cabeça disse:
- De novo, e o pior é que eu não aprendo. Também, não tem me sobrado tempo. Mas ainda hei de ter dinheiro para construir uma grande casa e dar um pouco mais de conforto para minha mulher.
Naquele exato momento aconteceu o milagre. Aquela humilde casinha foi se transformando numa verdadeira mansão diante dos seus olhos...
Assustadíssimo, e sem nada entender, convicto de que era tudo decorrente do cansaço, ele se jogou numa enorme poltrona que estava na sua frente e, em segundos, estava dormindo profundamente. Não houve tempo sequer para que ele tivesse algum sonho.
Minutos depois, ele ouviu alguém pedir socorro: - Compadre! Me ajude! Eu estou perdido!
Ainda atordoado, sem entender muito o que estava acontecendo, ele se levantou correndo. Tinha na mente, imagens muito fortes de algo que ele não entendia bem, mas parecia um sonho.
Quando ele chegou à porta, encontrou o amigo em prantos. Ele se lembrava que poucos minutos antes eles se despediram no caminho e estava tudo bem.
Então, perguntando o que havia se passado, ele ouviu a seguinte estória: - Compadre, nós nos despedimos no caminho e eu segui para minha casa.
Acontece que poucos passos adiante, eu vi um bando de pássaros voando em direção à minha lavoura. Este fato me deixou revoltado e eu gritei: "Vocês de novo, atacando a minha lavoura, tomara que seque tudo e vocês morram de fome!" Naquele exato momento, eu vi a lavoura secar e todos os pássaros morrerem diante dos meus olhos! Pensei comigo, devo estar cansado, e apressei o passo. Andei um pouco mais e cai, depois de tropeçar no meu porco que havia fugido do chiqueiro. Fiquei muito bravo e gritei mais uma vez: "Você fugiu de novo? Por que não morre logo e pára de me dar trabalho?" Compadre, não é que o porco morreu ali mesmo, na minha frente! Acreditando estar vendo coisas, andei mais depressa, e ao entrar em casa, me caiu na cabeça a tranca da porta. Naquele momento, como eu já estava mesmo era com raiva, gritei novamente: "Esta casa... Caindo aos pedaços, por que não pega fogo logo e acaba com isto?"... Para minha surpresa, compadre, naquele exato momento a minha casa pegou fogo, e tudo foi tão rápido que eu pude fazer! ... Mas ... Compadre, o que aconteceu com a sua casa?... De onde veio esta mansão?
Depois de tudo observarem, os dois anjos foram, muito assustados, contar para o anjo mestre o que havia se passado. Estavam muito apreensivos quanto ao tipo de reação que o anjo mestre teria... Mas tiveram uma grande surpresa!
O anjo mestre ouviu com muita atenção o relato, parabenizou os dois pela idéia brilhante que haviam tido, e resolveu decretar que a partir daquele momento, todo ser humano teria 15 minutos de poder ao longo da vida. Só que, ninguém jamais saberia quando estes 15 minutos de poder estariam acontecendo.
Será que os próximos 15 minutos serão os seus?
Muito cuidado com tudo o que você diz, como age e aquilo que pensa! Sua mente trabalhará para que tudo aconteça, seja bom ou ruim.

O amor é como uma criança sorridente, mas quando triste, fica carente, precisando de colo.

Poesia na Escola Pública: Livro “Folheto de Versos”

De como a USP-Universidade de São Paulo, com um Projeto de Culturas Juvenis sob a Coordenação da Professsora-Doutora Mônica do Amaral, trabalhou Poesia e Folclore do Cangaço em Sala de Aula, Rendendo um belo Livreto de Alunos Produzido Pela Mestranda Maíra Ferreira e Colegas.

“Perdi minha origem
E não quero voltar a encontrá-la
Eu me sinto em casa
Cada vez que o desconhecido me rodeia(...)”

Wanderlust, Bjork (Cantora Islandesa)



Com a suspeita midiática culpabilização dos Professores de Escola Pública pela falência da Educação Pública como um todo, o que engloba na verdade suspeitas políticas neoliberais de sucateamento de serviços públicos em nome de um estado mínimo (e no flanco o quinto poder aumentando os índices de criminalidade além da impunidade já generalizada em todos os níveis), quando uma universidade de porte como a USP vai até onde o povo está, no caso, uma comunidade carente da periferia de São Paulo, trabalhando com o corpo discente da EMEF José de Alcântara Machado Filho, fica evidente aquela máxima poética de que “tudo vale a pena quando a alma não é pequena”.

Intervenções em salas de aula, leituras trabalhadas, declamações com suporte afetivo, oficinas de palavras e rimas, trocas, somas, cadências didático-pedagógica num contexto de criação a partir da ótica de um humanismo de resultados, e assim, a Mestranda Maira Ferreira e colegas acadêmicas e mesmo profissionais da escola, e, quando se viu, pronto, estava semeada a leitura, estava plantado o verbo criar no assento poético, e, os manos sim, os manos, as minas, mandaram bem: saiu a produção “Folheto de Versos” como arte final do projeto de ótimo alcance literal e humanizador que é que vale a melhor pedagogia no exemplo.

Sou a favor das chamadas antologias, em que alguém visionário e generoso se propõe a bancar autores novos, temas específicos, tentando juntar turmas, abranger variadas óticas, fomentando a divulgação lítero-cultural de anônimos criadores desses brasis gerais, em nome da poesia porque assim a emoção sobrevive, a arte se torna libertação, e, falando sério, enquanto houver arte ainda há de haver esperança, parafraseando um rock moderno aí.

A escola pública carente, a escola sem estrutura técnico-administrativo funcional, os professores mal-remunerados, e, um conjunto de profissionais de educação segurando a barra pesada do que é mesmo a docência, então, uma luz no fim de tudo apresenta jovens acadêmicos potencializando intervenções em classes. É o caso da Sétima Série (2007), Oitava Série (2008) da EMEF José de Alcântara Machado Filho, que rendeu o livreto – que bonitamente lembra edições de cordel – chamado Folheto de Versos. Resistir na arte é uma criação histórica que tende a mudar planos de vôos, para os alunos carentes. A periferia agoniza mas cria.

Com um enxuto projeto gráfico da Comunicação e Midia-FEUSP, a arte letral composta no Projeto “Culturas Juvenis X Cultura Escolar: Como Repensar as Noções de Tradição e Autoridade no âmbito da Educação (2006/2008, Programa Melhoria do Ensino Público), a Mestranda Maira Ferreira e a Bolsista Técnica Pátria Rabaca foram a campo. Foram a luta. Levaram a universidade ao seio da escola pública, a sala de aula. Daí a aula fez-se verso, o verso lembrou hip hop ou mesmo RAP (Ritmo e Poesia), o verbo poetar virou verbo exercitado, da poesia fez-se o humanismo de abrir espaços, quando e viu, Saravá Baden Powel, a voz da periferia soou suas lágrimas com rimas e contações de realidades escolares.

Trinta e duas páginas de produção poética de alunos. “Chegando em casa, pensei bem/Vou fazer este cordel/Resumir nossa conversa/De maneira bem fiel/Pros alunos do Alcântara/Acompanharem no papel(...) (Pg. 3 Maira Ferreira). Estava dado o mote. Sinais e parecenças. E daí seguiu-se o rumo: Escravidão – Nós Somos Contra o Preconceito (Emerson, Stéffani, Adriely, Paloma), Depois Diogo, Bruno, Roberta in “Sou Afro/Sou Brasileiro/Sou Negro de coração(...)”. Ensinar, passa por ensinar a pensar. Pensar leva ao criar. Criar é colocar amarguras e iluminuras no varal das historicidade e chocar dívidas sociais impagas desde um primeiro de abril aí.

Nesse rocambole de idéias, os achados do projeto: alunos devidamente trabalhados, estimulados, compreendidos, sabem exercitar a sensibilidade muito além de suas rebeldias às vezes com as vezes sem causas.

E daí descambou a criação, acrósticos, versos brancos, rimas e rumos, citações (Rap é compromisso), até liberdades poéticas (O Cangaço e o Bope), rascunhos, resumos, xérox de despojos criacionais em salas de aula, despojos e, quem mesmo que disse que aula tem que ser chata, que sala de aula tem que ser cela de aula? Pois é. FOLHETO DE VERSOS é um achado como documento de um momento, um tempo, um espaço, um lugar, uma comunidade.

Dá identidade a quem precisa. Dá voz a quem se sente excluído. Imagine um país sem divisas sociais. E a emoção de um aluno simples, humilde, podendo colocar no papel – e ver-se impresso – como se no quarador das impossibilidades pudesse tentar reverter o quadro de excluído das estatísticas de dígitos estilo Daslu, para se incluir (certa inclusão social na criação de arte popular, literária) porque lhe foi dado palco e vez, palanque educacional e espírito criativo aguçado pelas sóbrias intervenções, debates cívicos, críticas dialogadas, esparramos de idéia, mas, antes e acima de tudo e sobre todas as coisas, o aluno tendo vez e voz-identidade num livreto que, sim, pode ser a página de rosto de sua existência, colorir o livro de sua vida, fazendo dele um cidadão que quer soltar a voz (precisa e deve soltar); botar a boca no trombone, dizer a que veio, e, sim, se a escola ainda é de certa forma uma escada, quando a sua criação impressa é um documento de identidade de cidadão enquanto ser e enquanto humano. Já pensou que demais?

O canto dos oprimidos.

“Fizemos essa letra com força de vontade/Só queremos expressar um pouco da realidade”(...), in Realidade Não Fantasia (Cesário, Diógenes e Gabriel).

Quando o sol bater na janela de sua esperança, repara e vê “Folheto de Versos” resgata e registra poemas de jovens querendo libertações, porque além de “ser jovem” ser a melhor rebeldia deles, há corações em mentes querendo mais do que ritmo e poesia.

A dor dessa gente sai no jornal e os seus cantares joviais oxigenam perspectivas, arejam possibilidades.

“Uma aurora a cada dia” diz a Canção do Estudante do Milton Nascimento.

Há coisa mais bonita do que o sonho?

-0-

Poeta Prof. Silas Correa Leite
E-mail: poesilas@terra.com.bnr
Site: www.itarare.com.br/silas.htm
(Texto da Série: Resenhas, Críticas e Documentos de Lutas e Sonhos)
Blogues: www.portas-lapsos.zip.net
ou
www.campodetrigocomcorvos.zip.net

Você diz que não
Mais eu vejo alem de seus olhos...
Minha criança amanhã vai ser melhor
Deixa eu te abraçar,
Te cantar alguma canção ate você dormir...
Eu vejo além de seus olhos
E eles me dizem que você
esta cansado...eu também estou...
A dificuldade de manter as
palavras na ordem certa, destroem a cada
dia que passa o teu sentimento por mim...
Criança, eu sei que você já sofreu, eu também
passei por algumas coisas ruins...
Criança, eu não quero te fazer sofrer...
Venha comigo e dance essa dança,sem ritmo
Sem musica o que importa é a nossa vontade...
Dance ao som da chuva...
Dance ao som do seu coração!

Se a vida é uma escola, prefiro a hora do recreio.

A vida, com suas respostas, não está nas cartilhas do que aprendemos na escola da cabeça. A vida está na ponta dos seus dedos, do seu beijo, capazes de fazer desabrochar uma mulher e muitas vidas dentro de cada momento a que você escolha se abraçar. Seu toque vale mais que mil palavras - este é o seu tesouro, é através do seu toque que você se entenderá sempre com o mundo. Assim como um cego, porque sua luz está na alma, é com ela que você enxerga verdadeiramente. Nunca duvide do valor disto. Fuja dos padrões que lhe foram ensinados para enquadrar sua visão, ou suas visões de visionário sonhador que são o alimento do seu caminhar. Toque tudo aquilo e aqueles que você deseja para absorvê-los no âmago do seu amor que é grande e valioso.

Anseio
Que tenha da criança, a esperança
Do adulto, o vigor
Do idoso, a experiência
Em Deus, a Crença
E por objetivo, o Amor.

Espero
Que não te haja distração
Pois não ter objetivo
É multiplicar os caminhos
E perder-se do destino
Sem conseguir retornar."

Uma coisa aprendi quando criança e brincava com areia:
Não dá pra segurar a areia por muito tempo, ela escorre entre os vãos dos dedos mas ainda assim, ficam umas pedrinhas na mão.
Na época, eu achava que eram preciosas.
E hoje, tenho certeza disso.

O DIA DAS CRIANÇAS E O MARTIM PESCADOR



Naquela manhã de doze de outubro, André, um menino de apenas seis anos de idade acordara cedo na esperança de receber logo o presente do Dia das Crianças. Ao passar pela pequena varanda, observa no alpendre a gaiola dependurada com o pássaro Martim Pescador, cujo brilho colorido e esverdeado nas asas, suspendendo em todos instantes a fina película que revestem o globo ocular com a presença do guri ao seu lado.

Inerte, o pássaro apenas acompanha os olhares do pequeno, transmitindo a tristeza no canto das talas do engradado. Logo, inquieto e curioso indaga:

- Hei! Amiguinho. Por qual motivo você está triste? Eu ainda não ouvir você cantar. Sabe. Hoje é um dia especial, é o dia das Crianças.

O passarinho levemente e sem pressa, mergulhado na melancolia suspende a sua plumagem verde-azulada, responde:

-Vejas! Eu estou aprisionado neste cubículo. Não posso viver, não posso cantar, não posso voar e muito menos pescar no riacho.

As palavras ditas com comoção invadem a alma de André, residente na localidade ruralista do segundo Distrito da cidade de Caxias, Estado do Maranhão, denominada de Sambaída. Instantes em que fala com um tom abreviado e candente.

-Amiguinho! Não fique triste. Aqui é seu lar. Nada, nada mesmo há de faltar pra você. Agora, abras as suas asas bonitas e solte o belo canto.

O Martim Pescador desanimado exclama:

-Como eu posso voar! Eu não me adaptei olhando o vazio nestas grades. Não enxergas que estou preso, e sem a minha liberdade? Eu nasci pra voar entre os vales dos rios e riachos.

Ininterrupto, o menino afirma tentando aviventar o passarinho.

-Mas o meu pai lhe trata muito bem. Aqui não falta nada pra você, além de está protegido dos predadores.

Com razão, o Martim Pescador induz com interrogação:

-Amiguinho! Você gostaria de ficar num cárcere, e depois, ficar olhando todos os dias o reflexo do sol pelas fendas de uma grade? Inclusive, sem poder passear pelos parques, bosques, ruas e não desfrutar das brincadeiras com os amigos? Vejas como eu me encontro tão isolado do meu mundo.

O garotinho ficou calado. E, várias gotículas escorregaram das pupilas castanhas na face, neutralizando a alma inocente do miúdo que não se conteve. A expressão caótica fizera a pequena criança compreender a razão e a luz enviada pelo pássaro no sentido da melancolia atravessada entre as talas da gaiola.

Momentos, André pressente a chegada do pai, surpreendendo com uma enorme caixa envolvida com papel de presente, perguntando:

-Pai! É o meu presente?

-Sim. Aqui está o seu presente pelo Dia das Crianças. É o presente que você sonhou. Qual é a razão de você está deprimido? O que aconteceu? Fale. Você não gostou do presente?

-Gostei pai. Só que eu quero fazer uma troca. O senhor aceita a minha proposta?

- Que proposta meu filho! O que você quer realmente trocar? Que troca é essa? Na verdade, eu não estou lhe entendendo, comprei o que você mais queria ganhar no dia de hoje.

-Pai. Dê esse presente para o Zezinho da tia Mundica. Ele não tem pai e nem mãe, e o dinheiro do coco da tia não dá pra compra um presente.

Insatisfeito com a indicação ofertada, o pai reclama.

-Isso não dá pra fazer. É um presente caro e me custou mais de seis diárias de serviço aos olhos do sol.

-Eu sei que custou caro. Mais o senhor pode fazer e cumprir o meu pedido. Trocando o presente pela liberdade do Martim Pescador. Tenho certeza que não vai custar nada abrir a gaiola. Retrucou o apucado guri tentando esclarecer.

Indignado ao ouvir a proposta, afirma:

-Isso eu não posso fazer. Você pede pra dá o presente pro Zezinho, e depois me pede pra soltar o Martin Pescador. Impossível.

-Solte papai! Solte o Martim Pescador! Ele é tão jovem pra ficar preso nesta gaiola. Que malfazejo ele fez pra não ter a sua liberdade. Solte! Insiste o menino.

-Ah filho! Depois resolveremos esse problema. Hoje é o seu dia e vamos deixar isso de lado. Passarinho é passarinho, aí fora já tem demais, e não fará falta um na gaiola.

O meninote ainda persiste, suplicando:

-Solte papai! Por favor! Pelo menos me faça hoje feliz já que é o meu dia. Deixe ele voar pelos céus e banhar no Riacho dos Cocos. É lá que ele mora.

-Não filho. Se eu soltar nunca mais eu vou ter um Martim Pescador. Eu adoro esse pássaro.

As lágrimas pela segunda vez se arrastam naquele semblante envolvido pela soltura do pássaro. E André esfrega os olhos com a mão direita lastimando.

-Pai! Veja como ele está triste. Não canta e não se alimenta. Olha! Eu prefiro vê a sua liberdade do que assistir todos os dias da minha vida a sua tristeza na gaiola. Solte! Ele vai viver mais feliz na natureza. Eu sei que outros presentes eu posso ganhar. Mas por favor, me dê este presente pelo o dia das Crianças.

Retraído, o pai do menino se afasta e vai ao encontro do Martim Pescador, abrindo a porta da gaiola. Momento, em que o passarinho voa pela casa, abrindo o seu belo canto e agradecendo o gesto humilde do pequeno amado.

Naquele mesmo dia, à tarde com o sol brilhante e o céu todo azulado. André se dirige ao Riacho dos Cocos. Em pé, observa a descida da correnteza quando surge o Martim Pescador fazendo lindas acrobacias no ar. Com a beleza das plumas esverdeadas, desce velozmente na direção do riacho na posição em que dorme o sol até desaparecer dos olhos do guri.

Inesperadamente, aponta o pássaro percorrendo o contorno do riacho com o mágico bico, e num único vôo rasante, mergulha e sobe com maestria carregando uma enorme traíra. Cujo feito, rebate e atordoa o peixe nas galhas secas tentando acalmar, e traçando com elogio, arremessa aos pés do garotinho. E diz:

-Boa tarde meu André! Eis o seu presente pela passagem do Dia das Crianças. É uma grande traíra. Pois, é tudo o que posso ofertar como um presente pelo bom menino que você é.

André ficou deslumbrado com tamanha gratidão do pássaro realizando transposições e sobrevoando com magníficas acrobacias. Em seguida, voou e pousou num galho de árvore seco ao lado do barranco do riacho e cantou.

Sorrindo, André acenou com a mão direita enquanto o Martim Pescador, o guardião do Riacho dos Cocos afirmava com felicidade o seguinte:

-Que a liberdade do pássaro é voar e a do homem é manter a boa relação e o equilíbrio com tudo o que há natureza.
fim
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Olhar fundo nos olhos de uma criança e
Ainda não ter esperança...
È ceticismo, o resto é cinismo...