Fim da Linha

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Tempo
Coisa que acaba de deixar a querida leitora um pouco mais velha ao chegar ao fim desta linha.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

⁠Nunca se envergonhe de quem você é, o estado que você se encontra hoje não significa que será o fim da linha, tudo é uma fase aprenda a supera-la.

Há dias em que temos a sensação de que chegamos ao fim da linha. Com você não é diferente. Você também faz parte deste mundo cheio de provas e expiações. E já deve ter passado por um desses dias, e pensado em desistir... No entanto vale a pena resistir... Resista um pouco mais, mesmo que as feridas latejem e que a sua coragem esteja cochilando. Resista mais um pouco mesmo que os pessimistas digam para você parar... Mesmo que sua esperança esteja no fim. Resista mais um momento mesmo que você não possa avistar, ainda, a linha de chegada... mesmo que a insegurança brinque de roda a sua volta. Resista um pouco mais. As dores, por mais amargas, passam... Tudo passa... A ilusão fascina, mas se desvanece... A posse agrada, porém se transfere de mãos... O poder apaixona, entretanto, transita de pessoa. O prazer alegra, todavia é efêmero. A glória terrestre exalta e desaparece. O triunfador de hoje, passa, mais tarde, é vencido.

ASAS DE PENAS

Asas de anjos vestidos de negro
Vida feroz de escolhas insanas
Trovoadas de desejo nas trevas
Grito sem voz desespero no peito
Silencioso eco no precipício rochoso
Desespero da espera sem chegada
Na chuva que chora a hostil trovoada
Perde-se o pecado no paraíso enlameado
Despe o nu do teu nu corpo sem esconder
No porão no fundo escondido está o grito
Perdidas sem luz estão as amarras da dor
Sufoquei todas as lembranças do desespero
Prendi o meu corpo matei perdoei a mágoa
Labirinto de teias, vida esquecida no caminho
Suave espelho envelhecido sem brilho no olhar
Reflexo dos anos rugas vividas do nosso rosto
Asas de penas perdidas de anjos vestidas de negro.

SEM ORAÇÃO

Passo as noites sem sono
Acordo dentro dos sonhos
Que eu não quero lembrar
Noites sem oração, só dor
Onde o sal das minhas lágrimas
Lembra-me a água que bebo
Nas solitárias noites de insónia
Sem ilusão da chuva confundida
Com o luto dos ventos livres
Ainda que ninguém me veja
Eu sei que Deus me sorri
Sempre como ninguém o faz
Perdi o sol dentro do peito
Tenho saudades das palavras
Que escrevo talvez gatafunhos
Que eu entendo, acalma a hiena
Dos meus próprios sentimentos
A minha pele arrepia-se com a dor
Vejo-me ao espelho e não sorrio
Sinto-me mais velha cansada
Tenho vozes dentro do meu peito
Das noites sem sono, sem oração.

SOLITÁRIO HOMEM

É um homem só, indeciso
Nos atalhos das serras
Devorador de mil caminhos
Olha para o seu presente
Mas não pode mudar o seu destino
Nos lugares solitários, entre as estrelas
Esquece o passado, ignora o futuro
Talvez os seus próprios objetivos
Independentemente das sementes
Que planto e deixo pelo caminho
Assediado pelo aborrecimento
Nas rotinas da sua talvez longa vida
Reza o seu velho terço, pendurado à cintura
Está cansado de tantos desenganos
Já sem paciência para a sua família
Caminha tantas vezes por zonas
Do seu próprio desconforto.
Onde é devorador das estradas de pedras
Fragas onde se perde nas sombras das colinas
Dos lameiros, das serras, dos montes
De olhar triste, anda em silêncio
Cansado da vida, tenta perder-se
Por terras que não aparecem no mapa
Homem solitário, onde a sua única
Companhia é um cajado já gasto pelo tempo.
Onde este solitário homem nunca esquece as suas orações.

VIAGEM EXÓTICA SABORES EXÓTICOS

A boca, o beijo são o paladar dos sentidos
Bebamos o café com chocolate e hortelã
Tu já sabes que desejo-te na penumbra da noite
No entrecosto assado com limão, louro e alho
Eu não sei por onde anda o teu perfume de dia
De noite sinto-te no bolo de azeite, mel e nozes
Sei de ti na espera interminável, num dia de trabalho
Nas batatas assadas com bacon, alecrim e míscaros
Onde os gestos gritam de prazer na incerteza da dor
Do forno das peras assadas com mel e vinho do porto
Desejo-te só a ti e percorro cada cantinho da tua doce pele
Como se de um bolo de abóbora com laranja tratasse
Prometes-me a lua e eu acreditei na tua promessa
Entre o salmão assado com açúcar mascavo e cominhos
A tua respiração engole os meus doces suspiros
No borrego grelhado com o molho de iogurte e hortelã
Desejo-te só a ti como nunca desejei alguém
Como tu desejas o bife com molho de cerveja e ovo
Os teus lábios abrigam a minha boca do frio
No pato com laranja ou nos figos com amoras com vinho tinto
À noite fizemos o que mais gostávamos de fazer, perdermo-nos
Nos olhos um do outro entre a canela, gengibre e pimenta
Os olhos são a janela da tentação, o corpo a porta do prazer
O passaporte é o amor, ele é fundamental para a viagem pelos sabores exóticos.

Inserida por IsabelMoraisRibeiro

SE EU FOSSE TALVEZ UM POETA

Se eu fosse talvez um poeta
Faria em magia todas as páginas
Livres sem lágrimas, sem dor
Refeitas de sonhos coloridos
Vestidas com tinta da liberdade
Pintadas com dignidade e vida

Se eu fosse talvez um poeta
As letras tornar-se-iam em magia
Cobririam as páginas em branco
Já vazias, esquecidas, perdidas
Que de negro se vestiram
Pelas mágoas, dores e sofrimentos

Se eu fosse talvez um poeta
Escreveria somente poesia
Na autenticidade de um verso
As letras tornar-se-iam em magia
Cobriam as letras de toda felicidade
Neste mundo de dor sem amor

Se eu fosse talvez um poeta.....

Inserida por IsabelMoraisRibeiro

DESLIZAS AMOR

As tuas mãos deslizam
- Sobre a minha pele

No calor do verão
- Entre os ventos outonais

- Acalentando o meu refugio
E o teu toque umedece

- A minha alma
Nos sons que ecoam

- Uma eternidade inteira.
Quero perder-me

- Nas curvas do teu sorriso
Onde deslizas no meu corpo e eu no teu.

Inserida por IsabelMoraisRibeiro

PÉS DESCALÇOS PASSOS FURTIVOS


Pés descalços em passos furtivos
A chuva cobre-me na indecisão do tempo
Horas reprimidas na sonolenta noite
Instantes de esperas que escraviza a força
No silencio estremece o caminho da alma
Reticências cúmplices nos passos furtivos
Beijo faminto de um solitário ceifador
Que prega na escuridão da nossa mente
Amanhece por caminhos desconhecidos
Nas esquinas dos pensamentos sombrios
De devaneios surdos em pérolas perdidas
Insensatez desejada entre as rimas das palavras
Tatuada no contorno da alma dos pés descalços
Passos furtivos do lobo refém no corpo adormecido
Entre por leves caminhos nas margens do rio que tenho
Palavra sussurrada de gestos, de anseios noturnos
De estrelas, nas noites e nas manhãs desvanecidas
Pés descalços horas reprimidas na sonolenta noite
A chuva cobre-me os meus passos furtivos.

Inserida por IsabelMoraisRibeiro

MÁGICO LIVRO

Sou um livro mágico
Que tu nunca leste, nem iras ler
Páginas recheadas de amor
Sou uma história que não conheceste

Disfarcei-me num livro de amor
Mas tu nem te deste ao trabalho
De olhar, de o abrir de o tentar ler
Se ao menos o tivesses lido

Terias amado e entendido o meu amor
Recebi abraços, sem ser os teus
Afinal escolheste outro caminho
E morreste sem teres lido
Ou vivido esse amor.

Inserida por IsabelMoraisRibeiro

AMO-TE

- Amo-te
Tenho tantas palavras para te dizer
- E procura-as
Nos espaços fechados, abertos
- Onde guardo-te
Na solidão perfeita das palavras
- Amo-te
Nos versos alinhados da poesia.

Inserida por IsabelMoraisRibeiro

AMOR

Costuro todos os meus sonhos
Bordo todas as lembranças doces
- E desato os nós de toda a minha vida
Espanto do olhar nas fluidas avenidas
Tardes que oscilam nas obscuras vidas
- No limiar dos campos com os seus novelos
Na procura eterna da luz de quem precisa. (---)

Inserida por IsabelMoraisRibeiro

VAGABUNDO

Vagabundo que viveu e vive nas sombras
Esquecido treme de frio nas noites sem fim
Com fome, sede sacia o cansaço na sua própria solidão
Imerso no seu silêncio, na escuridão senil
Alma solitária, vinda do escuro da luz
Queima o inferno na coincidência da vontade divina
Esquece tudo, até mesmo as suas próprias deficiências
Solidão compartilhada no seu silêncio desligado do mundo
Vagabundo nas ruas da vida, encontrou um lugar para brilhar
O seu próprio coração magoado, senil, triste e maltratado.

Inserida por IsabelMoraisRibeiro

COMO CARNE CRUA

Andas ancorado à minha cintura
Como um barco que se apega ao mar
Eu velejo como que se o silêncio
Me dissesse tudo o que sei
Vivi entre as ansiedades mais profundas
Na sede intensa, de um suor quente
Da fome súbita, consumida por luas
Devasto os sentidos através dos dedos
Segurando a cruz do teu amado corpo
Velejo nas sombras da nudez do oceano
Como carne crua onde nos amarrámos
A nós mesmos, no convés do nosso navio
Entre a escravidão do nosso salgado beijo
Somos fome, somos desejo, cegos de nós
Com a verdade nos olhos de quem vê com fé.

Inserida por IsabelMoraisRibeiro

FLORES FELIZES

- Sejamos felizes sem mentira
Sem desafeto, sem ilusão, sem amor
Afinal amamos todas aquelas flores
Aquelas que nascem entre rochedos
Flores que não hesitam em desafiar
A secura das folhas na brutalidade das pedras.
Sejamos livres de todas as palavras que nos ferem
- Da angústia que chega sem aviso
E da maldade que nos assombra todos os dias.

Inserida por IsabelMoraisRibeiro

Meu amor
Eu quero impregnar a tua pele
Moldá-la como uma artesã

Inserida por IsabelMoraisRibeiro

TASCA MORTA

Escreve por descaramento
Onde afoga-se entre surdos
Roucos, porcos e sujos
Sem estatuto dum louco
Parvo de vício já sujo
Vazio de troncos podres
Mão do homem fracassado
Revoltado com o café da manhã
Pão seco sem cheiro que revela
Torna-se ópio da boca pobre
Abdica espontaneamente da alma
Chora tantas vezes em seco
Perdeu a conta às lágrimas
Que já derramou pela vida
Choro negro de tanto riso
Nos degraus de pedra dura
Altar para tapar a minha urna
Último abrigo num inferno
E afinal morto já ele estava.

Inserida por IsabelMoraisRibeiro

Fim da Linha?

Trem parando.
Na curva,
O último vagão.

Inserida por FrancismarPLeal

APRENDER

A vida é bela
- Ela não é um inferno.
Mas o que nós todos fazemos dela sim.
Muitas vezes os passos que damos
- São maiores que as nossas pernas
E têm sempre consequências lastimáveis
- Temos muitas vezes inveja e não devíamos ter.
Nossa vida é feita de escolhas e de atitudes.
- Sofremos e sofremos mesmo
Porque acreditamos no que queremos ver.
- Sente vontade de chorar ?!
Chorar não vai mudar nada...
Afinal vimos um rio, onde só existe uma gota.
- As vezes quando a vida não corre bem
Pode ser que aconteça coisas maravilhosas
- Se não tentar não culpe a vida
Por tudo que não sair como quer.

Inserida por IsabelRibeiroFonseca