Filósofos
Para um diálogo ter alcance amplo, 90% do nosso trabalho deve se focar em não falar besteiras, não menosprezar, não ofender. Uma vez já trabalhados esses moldes, podemos dedicar os 10% da energia que restam à divertida tarefa de afirmar ideias.
A relação de conversão entre “benefícios recebidos” vs. “colaborações necessárias a eles” antecede toda ideologia.
No labirinto dos meus desejos, o cumprimento do dever sempre se revelou a saída mais eficiente. Talvez, a única existente. E teria sido também a mais simples, se não fossem as mentiras que eu insisti em contar para mim mesmo.
Se você é um enrolador compulsivo e incurável, como eu, tenho um recurso que aumentou bastante minha produtividade: mudar de tarefa sempre que estiver entediado. O segredo é: nas mais importantes, voltar a elas mais vezes. Nas menos importantes, voltor a elas menos vezes. A mudança de tarefa combate o tédio, que é a grande causa da minha enrolação.
Não vejo um Mal e um Bem no sentido metafísico, nem tampouco atribuo à espécie humana uma natureza má. O que chamam de Mal me parece apenas a natureza inercial, e o que chamam de Bem, a natureza evolutiva das coisas.
Como se sabe, o conhecimento é bom aliado da inteligência, porém virtude distinta. Se assumirmos que configura um tipo de inteligência, por exemplo, compreender o comportamento (ou a condição específica) de um semelhante (ou de si próprio) no que mais lhe pesa, e lhe promover bens maiores do que o conhecimento sozinho poderia proporcionar, conclui-se que ela habita esfera mais ampla, a mesma que a ética, e demonstra-se capaz de transcender os limites da erudição, e limites de (desnecessário grandes análises) espécie biológica.
Quando alguém pensa que está sofrendo pela perda de um amor, quase sempre (e talvez sempre) está sofrendo pela mais vulgar perda de um conforto. O amor é, por mais belo e prodigioso que seja, quando propriamente dito e no fim das contas, um fardo.
Lei tri-fatorial do amor: só amo de fato alguém ou algo se reconheço seu valor, intento seu bem e agrada-me sua presença.
Eliminadas todas as desordens opinativas, destilamos uma única questão política relevante, ainda que perturbadoramente irrespondível: onde termina a liberdade e começa a nocividade da expressão ideológica?
Todos nascemos com o direito à felicidade. Porém, menos indivíduos nascem com a capacidade de serem felizes, e menos indivíduos ainda encontram a oportunidade de serem felizes. O direito, a capacidade e a oportunidade, as três coisas juntas, é algo que presumIvelmente só acontece para uma minoria de indivíduos, e certamente não por todo o tempo. Temos aqui uma das mais básicas leis naturais da vida, verificada em suas mais diversas formas, e somente uma miserável e cega esperança humana para supor que seríamos exceção.
É insensato buscar o máximo em infindáveis coisas. No geral, exceder o suficiente aqui é causar o insuficiente ali.