Filosofia
"A estrutura do Estado brasileiro foi produzida no século XVI, em pleno absolutismo. Desde aquele período, vivemos sob o signo da diferença entre cidadania e operadores do poder".
"Os partidos brasileiros não passam de balcões negocistas. Quando surge a ideologia entre eles, é a mais regressiva e despótica possível".
"Não existe (sobretudo após duas ditaduras ferozes que ceifaram lideranças civis e impediram a experiência da invenção democrática) espaço público no Brasil".
As massas são instrumento de manobra em eleições ou campanhas contra os direitos civis. Resumindo, o feto do espaço público e democrático, no Brasil, está sempre à beira do aborto.
"Precisamos reformar os partidos políticos. Se os partidos continuam como propriedades privadas de indivíduos ou grupos, eles apenas solapam as bases do sistema democrático. Nada mais".
“No fundo, essa é uma sociedade que tem medo da política e que gostaria de substituir a política pela polícia.”
“Talvez a posição atual mais decisiva do pensamento de esquerda seja a defesa radical do igualitarismo. Juntamente com a defesa da soberania popular, a defesa radial do igualitarismo fornece a pulsação fundamental do pensamento de esquerda."
A luta contra a desigualdade social e econômica é a principal luta política. Nossas sociedades capitalistas de mercado são ‘paradoxais’ por produzirem, ao mesmo tempo, aumento exponencial da riqueza e pauperização de largas camadas da população. Quebrar esse paradoxo é tarefa da política.
Em uma realidade social de generalização mundial das situações de desigualdade extrema, tais propostas trazem para o debate político a necessidade de institucionalização de políticas contra a desigualdade.
“A democracia depende de um aprofundamento da transferência de poder para instâncias de decisão popular que podem e devem ser convocadas de maneira contínua. (…) Com o desenvolvimento das novas mídias, é cada vez mais viável, do ponto de vista material, certa “democracia digital” que permita a implementação constante de mecanismos de consulta popular. (…) O verdadeiro desafio democrático consiste em criar uma dinâmica plebiscitária de participação popular."
“Mesmo a tradição política liberal admite, ao menos desde John Locke, o direito que todo cidadão tem de se contrapor ao tirano, de lutar de todas as formas contra aquele que usurpa o poder e impõe um estado de terror, de censura, de suspensão das garantias de integridade social. Nessas situações, a democracia reconhece o direito à violência, já que toda ação contra um governo ilegal é uma ação legal. (…) Um dos princípios maiores que constitui a a tradição de modernização política da qual fazemos parte afirma que o direito fundamental de todo cidadão é o direito à rebelião e à resistência.”
“O plebiscito é simplesmente a essência fundamental de toda vida democrática. (…) Vale a pena lembrar que a noção de soberania popular implica transferência de poderes em direção à democracia direta. Um exemplo valioso são as declarações de guerra. Na época da Guerra do Afeganistão, enquanto a maioria da população era contrária à iniciativa, o Parlamento espanhol aprovou o envio de tropas àquele país. Ou seja, naquele momento o Parlamento da Espanha não representava o povo – o mesmo povo que morreria devido às consequências da decisão do Parlamento. Em situações como esta, a decisão deveria passar para a democracia direta.”