Filhos
Os filhos foram feitos para o mundo e não para você. Se tem alguma ideia que eles nasceram para cuidar de você - ou de vocês - na velhice, eles poderão até fazê-lo, talvez renunciando a alguns muitos sonhos pessoais. Não falo da questão da pobreza extrema, mas daqueles que tendo como se cuidar, preferem que os filhos façam isso por eles, como se fosse uma espécie de pagamento por tê-los colocado no mundo. Ninguém, absolutamente ninguém, pediu para nascer. A mesma liberdade que tiveram ao sair do útero materno, é a mesma liberdade de não estar mais atado a ninguém, a não ser pelos laços de afeto e amor. Os laços podem ser fortes, mas não podem servir como arma de manipulação e isso denuncia que as amarras não são tão assim revestidas de amor, pelo menos por algum lado da questão. Manipular alguém não é um ato de amor, ser submisso também não é sentir amor por si mesmo. Os filhos vão se ferir? Essa é a sua desculpa? Você também não se feriu na vida? Não lambeu as feridas e seguiu adiante? Então deixe seus filhos terem a mesma experiência, pois só se cresce dessa forma. Não creia que eles serão eternamente as crianças que um dia você dizia o que podiam ou não podiam fazer. Libertar ou se libertar, também é um ato de amor.
À todas as mulheres que amorosamente cederam-me seus ventrs para que neles eu semeasse meus filhos...
Feliz do homem cuja mulher amada abdicou da esbeltez, dos dias livres, das noites tranquilas, e de seus próprios desejos , para dar-lhe a glória de tornar-se pai ! Maravilhosas e benditas mulheres...
Filhos que não ouvem os conselhos de pais sábios são os primeiros a sofrerem os reveses que eles mesmos não gostariam de receber em seus caminhos, quando acham que tudo será perfeito, feliz e bem-sucedido.
Quero deixar para meus filhos um "livro", uma história cujo enredo, mesmo não sendo nenhum best-seller, os faça pensar e aprender, mas principalmente sorrir e sorrir muito quem sabe até gargalhar, pois assim terei a certeza que mesmo não tendo sido um pai perfeito terei ajudado eles a serem felizes...
Que nossos filhos cresçam no berço da bondade e do amor. Que se estruturem
no bom caráter e se fortaleçam na fé. Que entendam que honestidade e respeito
são valores fundamentais, que a ausência deles denigre o seu SER.
Todos somos filhos de um só Pai Celestial. Cabe a cada um de nós discernir que tipo de filhos somos. O filho pródigo que voltou profundamente arrependido de uma jornada pecaminosa. Ou você é o filho que é irmão do que saiu e voltou, e ficou profundamente chateado com a disposição do nosso Pai de perdoar aquele a quem estava morto mas reviveu no amor do seu Pai. Cabe a nós discernir que tipo de filhos somos, pois temos apenas e somente um só Pai. A parábola do filho pródigo.
sim, fazem três anos já. o que as pessoas fazem depois de três anos? elas se casam, tem filhos, dão novos rumo para sua vida, esquecem amores do seu passado.
e eu, o que faço em três anos? ainda sinto saudade, ainda fico imaginando que isso é passageiro, ou era, mas foi só para mim.
A questão é que as pessoas não voltam, relembrar daquele tempo só para chorar, e continuar pensando que sua vida poderia ter sido diferente ou que poderiam ter esperado para faze-la diferente.
Precisamos educar nossos filhos para que aos poucos nos tornemos dispensáveis.
Que gradativamente tenham autonomia para cuidar de si mesmos e de seus bens. Compreendam a importância da organização e do conhecimento. Da necessidade de constante evolução.
Que ofereçamos todas as ferramentas e explicações necessárias sobre o mundo, a vida e as possíveis consequências de cada ato. De que para toda decisão há uma consequência. E para toda consequência indesejada há necessidade de reparação, embora essa nem sempre possa acontecer da maneira que desejamos. E que há consequências praticamente irreparáveis.
E diante disso possamos lhes dar liberdade para experimentarem a vida. Para aprenderem com seus erros e seus acertos. Para descobrirem a fórmula do equilíbrio. Para tornarem-se capazes de cuidar de si mesmos.
Mesmo diante das violências do mundo. Mesmo diante do nosso medo de que algo de ruim lhes aconteça. Afinal, não sabemos até quando estaremos ao lado deles. Eles precisam saber cuidar de si mesmos antes que seja tarde demais.
Afinal, esse é o papel da educação.
Capacitar alguém a ser, existir e se relacionar, sem depender de ninguém.
Que possamos lhes dar um voto de confiança.
É primordial entendermos que não podemos evitar que nossos filhos sofram. O sofrimento também faz parte da existência. E é com ele que nossos filhos crescem, evoluem e aprendem as lições da vida.
É essencial que encontrem em nós, seus pais, um ombro para chorar, uma palavra de consolo e de ânimo e o reforço da fé.
Eles só estarão preparados se tiverem a oportunidade de experimentar. De acertar, de errar, de reparar e assumir suas falhas.
E serão pessoas muito melhores se tiverem a chance de ver nosso exemplo.
De saberem que não somos perfeitos. Mas que tentamos e damos o nosso melhor.
Que mesmo se eles errarem ou seguirem por caminhos completamente diferentes do que lhes ensinamos, mesmo assim ofereceremos nosso apoio e nosso amor.
Afinal, estamos todos caminhando juntos em busca de um objetivo em comum, que é sermos felizes.
E para isso o perdão, o consolo, a aceitação, o exemplo, o equilíbrio e o amor são essenciais.
E com certeza no campo dos sentimentos nunca seremos dispensáveis.
Que eles possam nos querer sempre por perto simplesmente porque gostam da nossa companhia. Porque nos amam e sentem-se amados.
Priscilla de Carvalho Fev/2016
Priscilladecarvalhoar.blogspot.com
OS FILHOS ESQUECERÃO
O tempo é um animal estranho. Se parece com um gato, faz o que lhe dá vontade, te mira com olhar astuto e indiferente, vai embora quando você suplica, para que ele fique e fica imóvel quando você pede por favor, para que se vá. As vezes te morde enquanto recebe carinho ou te arranha enquanto te lambe (beija).
O tempo, pouco a pouco, me liberará da extenuante fadiga de ter filhos pequenos, das noites sem dormir e dos dias sem repouso.
Das mãos gordinhas que não param de me agarrar, que me escalam pelas costas, que me pegam, que me buscam sem cuidados, nem vacilos.
Do peso que enche meus braços e curva minhas costas.
Das vezes que me chamam e não permitem atrasos, esperas, nem vacilos.
O tempo me devolverá a folga aos domingos e as chamadas sem interrupções, o privilégio e o medo da solidão.
Acelerará, talvez, o peso da responsabilidade que ás vezes me aperta o diafragma.
O tempo, certamente e inexoravelmente esfriará outra vez a minha cama, que agora está aquecida de corpos pequenos e respirações rápidas.
Esvaziará os olhos de meus filhos, que agora transbordam de um amor poderoso e incontrolável.
Tirará de seus lábios meu nome gritado e cantado, chorado e pronunciado cem mil vezes ao dia. Cancelará, pouco a pouco ou de repente, a familiaridade de sua pele com a minha, a confiança absoluta que nos faz um corpo único, com o mesmo cheiro, acostumados a mesclar nossos estados de ânimo, o espaço, o ar que respiramos.
Chegarão a nos separar para sempre o pudor, a vergonha e o preconceito, a consciência adulta de nossas diferenças.
Como um rio que escava seu leito, o tempo perigará a confiança que seus olhos têm em mim, como ser onipotente, capaz de parar o vento e acalmar o mar, concertar o inconcertável e curar o incurável.
Deixarão de me pedir ajuda, porque já não acreditam mais que em algum caso eu possa salvá-los.
Pararão de me imitar, porque não desejarão parecer-se muito a mim.
Deixarão de preferir minha companhia em comparação com aos demais (e vejo, isto tem que acontecer!)
Se esfumaçarão as paixões, as birras e os ciúmes, o amor e o medo.
Se apagarão os ecos das risadas e das canções, as sonecas e os "era uma vez... acabarão de repercutir na escuridão.
Com o passar do tempo, meus filhos descobrirão que tenho muitos defeitos e se eu tiver sorte, me perdoarão por alguns deles.
Sábio e cínico, o tempo trará consigo o obvio.
Eles esquecerão, mas ainda assim eu não esquecerei. As cosquinhas e os "corre-corre", os beijos nos olhos e os choros que de repente param com um abraço, as viagens e as brincadeiras, as caminhadas e a febre alta, as festas, as papinhas, as carícias enquanto adormecíamos lentamente.
Meus filhos esquecerão que os amamentei, que os balancei durante horas, que os levei nos braços e ás vezes pelas mãos.
Que dei de comer e consolei, que os levantei depois de cem caídas.
Esquecerão que dormiram sobre meu peito de dia e de noite, que houve um dia que me necessitaram tanto, como o ar que respiram.
Esquecerão, porque é isso que fazem os filhos, porque isto é o que o tempo escolhe.
E eu, eu terei que aprender a lembrar de tudo para eles, com ternura e sem arrependimentos, incondicionalmente.
E que o tempo, astuto e indiferente, seja amável com esta mãe que não quer esquecer.