Fila
Eu preciso de emprego. E o emprego? Tem mais um sempre na fila, e o caminho anda e anda, mas uma hora está fila vai estacionar. E aí direi ao emprego: obrigado senhor emprego. E o emprego diz: obrigado senhor salário.
VAGA IDOSO, FILA PREFERENCIAL
Quando é que se sente velho?
Quando se pára de sonhar
A noite passa a ser dia
No dia as horas são vazias
Os remédios já são tantos
Comparações te entristecem
A memória desobedece
O humor já será um espanto
Os amigos serão mais raros
Os interesses mais estranhos
Então é hora de mudar !!
Virar o jogo de repente
Viver a vida plenamente
Conquistar nova jovelhitude
Olha para frente, que tem gente
Abraçar suas conquistas
Ser velho, mas feliz e contente.
O cotidiano das coisas
Na fila dos trens, nos pontos de ônibus, no estresse do metrô,
o gado humano vai em busca do pasto seco pra num morrer de fome.
Multidão de operários, todos em comum acordo
de não levar pra casa a má notícia de mais um não.
A falta de oportunidades mina os recursos.
As crianças pedem incessantes
por um pedaço que seja dum pão sem gosto.
Mas o sol pungente esfacela a poeira da expectativa de qualquer futuro.
A vida é sina errante por uma estrada tortuosa.
Miserável cotidiano de sonhos destruídos pela dureza dum caminho
cheio de falhas e falta de sinalização.
A espera de mais uma chance pra tentar fazer diferente
e de novo o mesmo erro de pensar que tudo não é mais igual.
A cova dos meus penhores não atormenta a memória em desalento com a realidade.
Viva cada dia a seu próprio curso.
Mais que pseudo promessas são as realizações,
a concretude do destino, a terra sob os pés, o céu sobre a cabeça.
No final de mais um turno, a única certeza é que parados não vamos a lugar nenhum,
nunca.
Fila indiana
Segue a vida sem contestação
Aceitando de cabeça baixa
Do "destino," a decisão
Que melhor (?) foi tomada
Pouco importa as consequências
A vida segue em frente
E o azar é só de quem ficou
E não de quem se foi
Se acabou ou começou
Incógnita sem um x da questão
Tênue filete de dimensão
Feito o crepúsculo entre o dia e a noite
A brisa que sopra a calmaria
Deixa para trás a ventania
Da tempestade atravessada
No cume da alma
Segue a vida sem contestação
Por pura e simples constatação
De que é preciso seguir de mãos dadas
Sem perguntar pra onde ir
(Nane-25/11/2014)
Na fila de meu destino,
Esperarei quieto a minha vez,
Pois assim foi feito meu caminho
Com pancadas ou carinhos,
Não importa quem o fez,
Como não deve existir talvez,
Hoje ajo por instinto.
A vida é um rio cujas águas efêmeras voltam à nascente divina, uma fila indiana onde sempre haverá alguém à sua frente e alguém à sua retaguarda. Ter a pretensão de ser o primeiro é tolice egocêntrica e sentir-se o último é ingenuidade pífia.
Em uma conversa,dessas de fila de lotérica,um indivíduo contestou o outro que falava mal do Governo.Disse que são as pessoas as culpadas pela situação atual deste.Entrei rapidamente no meio da conversa e fiz a seguinte pergunta:Mas o Governo não é feito de pessoas? Se é feito de pessoas,então pessoas podem mudar o Governo!
Deixei-os perplexos e pensativos!
Uns chorando porque a seleção não vai disputar final
Outros chorando por esperar horas na fila de um hospital
O tempo de espera foi muito longo e agora esperam pra fazer o funeral.
Não se ama alguém pelos adjetivos que ele tem, pois nenhum "bonzinho" tem fila de espera ao seu coração.
Ama-se justamente sem atender à lógica, sem fazer muito sentido ou sentido algum...
Ama-se verdadeiramente quando percebes que a pessoa nem mesmo merece ser amada por você, e ainda assim a ama.
A ama pelo seu cheiro, por estar escrito nas estrelas e até mesmo (por incrível que pareça) pelas aflições que te faz passar!
É como se nossos cordões de prata estivessem unidos de tal forma a permitir que sempre achemos a direção um do outro, como o eu astral ao corpo físico...
CONTO - O Dia de Fila
O assunto que vai ser tratado hoje é conhecido de forma prática por muitas pessoas. Apertem as fivelas do sapato, lencinho no bolso, garrafa d’água, e muita paciência, pois hoje é dia de FILA.
Meu dia começou bem. Acordei sem precisar de barulhentos despertadores, nem ter que sair depressa para algum compromisso; houve até tempo para uma daquelas boas espreguiçadas antes de sair da cama. Tomei um saboroso café da manhã acompanhado com pão e frios. Aparei meus pequenos fios de barba que insistem em brotar no meu rosto continuamente, tomei um banho energético e saí para resolver aquelas coisas práticas que todos costumam (precisam) fazer de vez em quando. Visitar alguns bancos, retirar extratos, fazer cartões, renovar benefícios, buscar declarações, protocolar pedidos... enfim, um legítimo office-boy de assuntos domésticos, familiares e acadêmicos.
Piseis duas quadras com meus brilhosos sapatos sociais, seguidos de minhas calças com vincas bem feitas a ferros hábeis, camisa azul, recoberta por um suéter que acompanha a cor da calça (que não arrisco falar pois ainda não decidi como ela se chama) e, para encher de glamour o visual, óculos escuros diante dos olhos e pasta 007 às mãos. Na primeira curva do dia, aquela que se tornaria companheira do dia, a FILA; companheira e vilã.
Embora fosse curta, coisa de seis ou sete pessoas, lá estava ela se formando embaixo do ponto de ônibus, pronta para se atirar ao transporte coletivo que chegaria em alguns instantes. Cada um tendo tomado seus lugares, em meio aos truculentos balanços do veículo seguimos ao centro da cidade.
Tendo chegado ao centro, a primeira missão era apresentar um protocolo, que vinha dobradinho no bolso, para retirar minha declaração de matrícula. Galgando aos degraus da faculdade fila diante das catracas para que os atendentes pudessem direcionar cada aluno para o local correto e conceder-lhes a “organizadora eletrônica de filas”, a SENHA. Tendo retirado a minha, me coloquei na minha respectiva fila para retirar minha solicitação. Quando tudo estava pronto e minha angústia tinha acabado, missão cumprida! Tinha em mãos minha declaração, embora válida por trinta dias, o que me soava como um “vale-outra-fila-daqui-a-um-mês”, me atrevi a parar diante de uma das catracas e pedir informação a respeito do atendimento aos alunos que precisam mudar o plano de estudos; desisti da história assim que soube que fila lá estava maior do que a que eu havia deixado a poucos instantes, e quando dou por mim, havia outra fila, mas essa era formada pelos que esperavam que eu saísse da frente da catraca para que eles pudessem entrar. Ô sufoco!
Como essa primeira missão ocupou um tempo da minha manhã, que já havia se iniciado tardiamente, já estava na hora de ir para o restaurante e encontrar com minha amada, com quem havia marcado um almoço. Certamente, nesse conto, não haverá lugar para os dois “pombinhos” se assentarem e pedirem o cardápio, isso é mensalmente, e nunca acontece às segundas-feiras. Hoje o restaurante é o buffet de comida italiana do shopping. Não poderia estranhar que minha amiga estivesse lá esperando minha chegada com minha amada. A fila estava grande e por ela nos aventuramos até que acertamos as contas e alçamos nosso lugar às mesas.
Alguns amigos que costumam freqüentar o mesmo lugar foram chegando de forma alternada, aos poucos nossa mesa estava repleta. Mas, claro que cada um comia a seu tempo e de acordo com o horário que chegou, no entanto, para não ficar deselegante, e mesmo porque tínhamos interesse em conversar, cada um que foi terminando ficou esperando o término dos demais. Nem acredito, novamente estávamos ordenados em fila, embora sentados, cada um esperava pela ação do outro para seguir seu dia. Até parece que se tem prazer em formar fila!
A segunda missão do dia, já auxiliada por minha amada, era visitar o banco. Como não pode escapar das filas, nos deparamos com uma fila para passar na porta giratória, para não sair do comum, a porta sempre trava com algumas pessoas. Quando entramos, explicamos a situação para uma dessas mocinhas do “posso ajudar?” e ela nos encaminhou para uns acentos, uma fila mais confortável. Depois de um bom tempo de espera conseguimos atendimento e pudemos sair para fazer nossos depósitos no caixa eletrônico. Considerando que nossas habilidades bancárias são nulas, tivemos que nos enfileirar atrás de outra mocinha do “posso ajudar?” e dizê-la que sim, ela pode ajudar! Enfim, missão realizada com sucesso!
Dirigimos-nos para o serviço que gerencia o transporte coletivo da cidade. Se veículos isolados de transporte coletivo geram filas, é possível calcular que a administração desses meios de locomoção motorizada deve gerar algum tumulto também. Lá fomos informados que deveríamos preencher um formulário e em seguida providenciar um calhamaço de fotocópias de documentos diversos. Espero que o efeito FILA já esteja automático na mente dos meus leitores e eu nem precise dizer que a foto copiadora estava congestionada e lá se confeccionou uma pequena fila.
Ao retornar para administração de onde havíamos saído, recebemos outra “organizadora eletrônica de filas”, SENHA 74. Aguardamos nossa vez no atendimento, e recebemos uma motivante notícia: “FALTA O DOCUMENTO XXXYYYV..., pois esse que você trouxe não serve!”. ##$%@**%$#@! Há sujeito de bem que seja capaz de manter um só nervo no lugar com tudo isso? E ainda não chegamos à melhor parte!
Dessa vez segui solitário para o endereço onde deveria fazer uso, mais uma vez, dos excelentes modelos de atendimento do serviço público. Tendo chegado ao local, não sei se pelo cansaço ou por falta de esperteza, fui obrigado a rodear o “belo” prédio da Previdência Social, até encontrar um recorte no muro com uma placa impressa em jato de tinta, em filha de papel contínuo, que dizia: ENTRADA, e era sublinhada por uma esclarecedora flechinha.
Depois de ter seguido as demais indicações impressas em folha contínua cheguei a uma imensa recepção, ocupada com quinze computadores, dos quais apenas três eram operados, e cujas operadoras eram senhoras protuberantes, enrugadas e infelizes. Uma delas atendia vagarosamente a fila onde os seguranças me colocaram. Ao chegar minha vez emiti uma saudação que encontrou como resposta uma rude exclamação: “FALA!”. Pedi o serviço desejado, apresentei minha carteira de identidade, e enquanto explicava exatamente minha situação ela imprimiu uma “organizadora eletrônica de filas”, e me pediu para tomar um acento.
A senha que eu tinha em mão era ainda mais complexa, me condicionava a subgrupo indicado pela letra “I”, e outro indicado pelo número “0362”. Depois de uns cinqüenta minutos esparramando naquelas cadeiras fui chamado. A segunda atendente, grosseiramente me informou que não poderia atender minha solicitação pois o nome que constava no documento solicitado era do meu pai e não o meu. Tendo respirado bem fundo questionei-a acerca do motivo da primeira atendente ter me feito esperar todo aquele tempo para receber essa notícia. Esta segunda reclamou, repetiu as grosserias, repreendeu a outra que trabalhava em alguns computadores antes, mas decidiu me atender em “consideração” à espera. No entanto, parecia que sorte não estava querendo sorrir para mim. A impressora dela emperrou.
Fui encaminhado para um setor de subgrupo “M”, onde havia outros cinqüenta computadores, mas apenas uma senhora, um pouco mais contente, que atendia solitária. Lá expliquei minha situação, ela se retrai com a informação de que além de estar no nome do meu pai, era um documento cadastrado em outra unidade da previdência. Fui impelido, provocado, obrigado a responder: “As informações aqui são distribuídas em segredo para cada funcionário? Cada um recebe uma informação diferente e complementar?” e em seguida a informei do que havia acontecido anteriormente, e entre queixas ela imprimiu o meu comprovante de meia página, com letras cinzentas, quase extintas, e eu pude ir embora.
Cansado do dia exaustivo, me dirigi para o meu ponto de ônibus que fica algumas boas quadras distante. Ao chegar, sem admiração, me posicionei em outra fila, essa maior, deveria ter umas vinte ou trinta pessoas. Em poucos instantes o ônibus chegou e finalmente pude ir para casa. Chegando em casa fui direto para a internet verificar a quantas andava o processo de inscrição de um concurso do estado para professor substituto. Sim! Além de tudo quero dar aulas (risos). Então, tive a notícia de que as inscrições haviam sido adiadas para daqui a dois dias devido ao grande congestionamento. Agora essa! FILA virtual. ##@#$%¨&***! Novamente eu pergunto: Existe algum sujeito de bem que possa manter seus nervos intactos depois de um dia desses?
E agora, encerro o dia aqui, ENFILEIRANDO letras, tentando dar à elas uma ordem que possua uma finalidade mais relevante e menos estressante, e uma organização lógica e justa para cada uma delas.
Estamos todos na fila, quando chegar sua vez você está preparado (a)?
Sucesso
Fracasso
Vida
Morte
Vitória
Derrota...
“Três coisas que irritam a gente:
a) quando estamos na fila do mercado e acaba a bobina da caixa registradora.
b) quando o carro que o aplicativo mandou avisa que está terminando uma corrida nas redondezas antes de vir nos buscar;
c) e por último, quando a moça da previsão do tempo informa sobre o clima do Brasil inteiro, menos da sua cidade.”
O político.
Quem é esse cara?
Um dia, ele foi um cidadão comum, provavelmente já furou fila, já usou do famoso jeitinho, para resolver algumas questões.
Já entrou naquela de uma mão lava a outra.
E em algum momento conheceu o poder.
Levando em consideração a nossa população, e o pensamento de uma grande maioria, sinto que a corrupção jamais terá um fim.
Fim
"És que loucos e doidos se encontram na fila dos corredores,
emparelhados em conflitos, entre surtos e risos,
conversas à beça, onde o choro e os vícios se misturam.
Sempre a tirar piadas,
sinalizando olhares convictos de cismas na troca de pira."
Um trabalho árduo, continuo, repetitivo
Todos os dias a fila se faz e seguem firmes no destino
Sem destino, o único sentido é a sobrevivência
Correm, cortam e voltam
Sinalizam, se comunicam e encontram
Encontram a vida, suas próprias vidas
Entre idas e vindas logo descansam
como todo ser, a energia se finda
Pois suas vidas retornam
no nascer do sol
começa um novo dia.
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