Ficção
A arte do Pangolelê...
A marcha compassada do Bertrano, era breve e indicava duas realidades: a idade já avançada do pardo cavalo e o peso da carroça que puxava, uma velha carroça coberta em lona colorida, tatuada em desenhos que remontavam à lembrança a magia da arte circense.
Era nela que o palhaço Bambolin, seguia à frente da caravana e nela, cabia tamanha alegria que ia do nariz de bolinha à peruca vermelha e todas as peças que ele vestia: roupas de cetim com formas de toda cor, todas bem cuidadas, guardadas em baús de madeira, que juntos, servia de cama para dormir, durante a viagem, a trapezista que também era atriz e não abria mão de fazer de sua arte, motivo para todo povo se emocionar e também, sorrir.
Circo sem bicho, sem cobertura, sem bilheteria, sem bancos nem cadeiras, sem hora nem lugar pro show que não pode parar.
As atrações eram tantas que cabia um mundo de sonhos na imaginação de menina, de menino, de gente grande, que viam nas trapalhadas do palhaço e no voo do homem bala, no estranho gigante João correndo atrás do anão trapalhão, na curiosa mulher de barba e se admiravam com Gismundo, o homem mais forte do mundo.
Mas havia um momento de tensão, a apresentação da bela trapezista, que também era atriz e, de um lado pro outro, recitava, cantava e encantava a plateia!
A cartomante, nascida em Lisboa, além de interpretar o que via nas cartas, “lia mão”, adivinhava o futuro e dizia que bastava um tostão pra pagar a adivinhação.
O circo Pangolelê, era itinerante! Tinha somente artistas da vida, operários da felicidade, gente que tinha por regra, a falta de regras, naqueles eternos minutos que a atenção que recebiam, em encanto se fazia.
Ali, não cabiam sentidos e nem lembranças de sofrer, e pelo querer, transportavam a plateia para um universo de emoção e ficção!
Parar de pensar é como cortar a fluência de um rio! Pensar é um filme gratuito que a vida te dá. ou você sai da ficção e entra para a realidade!
A ilusão das princesas
Nos contos de fadas, dizem,
há um "felizes para sempre"
cravado em ouro nas páginas,
como se o tempo parasse,
como se a felicidade fosse estática.
Mas a vida não é isso.
Ela é um mar inquieto,
onde as ondas beijam a areia
e, sem aviso, recuam,
levando pedaços do instante.
A ficção nos oferece castelos,
promessas de eternidade,
um refúgio onde nada muda,
onde os finais são feitos de vidro
e não se quebram.
Aqui fora, a areia se molda
sob cada novo passo,
as ondas desenham o que o vento apaga,
e a felicidade é um sopro,
leve, fugaz, real.
Aceite: a vida é movimento.
É hoje, não amanhã.
É a gargalhada que explode
entre lágrimas,
o instante roubado à rotina,
o suspiro no meio do caos.
Não existe "para sempre".
E está tudo bem.
Seja feliz agora,
pois o agora é tudo
o que a vida
te oferece.
Vaguei quarenta dias pela lua e vi de tudo que se pode imaginar.
Vaguei quarenta dias pela lua e sonhei de tudo que se pode sonhar
Um pouco de mim
Seriam poesias, tudo aquilo que escrevo?
Alguns poucos textos eu diria que sim.
Já outros tantos, eu afirmo que não!
A maioria são amontoados de letras soltas em frases desconexas de ideias vagas…
São delírios,
exercícios de imaginação...
As vezes contos, confissões, desabafos,
ou pura ficção...
Uns são muito extensos,
Há aqueles de duas linhas...
Guardo tudo aqui dentro...
Essa coleção que é só minha.
Um dia, quem sabe,
publico tudo num livro
onde revelarei tudo sobre eles
e, talvez,
um pouco de mim.
Pessoas fictícias em situações reais ou pessoas reais em cenários fictícios: o menor dos prejuízos é a perda de tempo. Salve-se antes que a vida apague esses rabiscos.
Morte... A morte sempre está a nos rodear... Não importa onde esteja, ela estará lá... Mesmo que seja eu que a leve...
AQUELA IDEIA
Uma ideia que germina na mente é altamente contagiosa
Pode crescer para te definir ou, simplesmente, te destruir
Destruir sua noção de realidade ou imaginação
Pode tornar seu pijama ao alcance das minhas mãos
Seria a realidade um sonho?
Onde te encontro ao sentir as batidas do teu coração
E ao acordar pra vida tenho essa sensação
Que basta uma ideia absorvida com profusão
Para moldar toda minha realidade em ficção
Em meio a esse misto de realidade e sonho te vejo aproximar-se
Cada vez mais perto te percebo distante, e no calar-se
Tento correr ao teu encontro, mas me perco no caminho.
Buscando incansavelmente minha sanidade
Tento fugir, mas quando vejo já me aconchego em teu seio
Sem saber se foi real todo o desejo, a intensidade daqueles beijos.
Em suma, as ficções criadas são uma resposta ao desejo de uma realidade melhorada em que verdadeiramente gostaríamos de viver. No entanto, não sendo possível torná-la existente, esta se torna um escape deste mundo escuro e cruel, onde através destes contos, história e etc. é gerada uma procura por um pouco de alento sobre uma perspectiva equivalente a nossos desesperos internos, na qual todos ansiamos um dia conseguir viajar para tais lugares.
Ser poeta é não ter medo de abrir a alma, é ser um livro aberto, em cujas páginas podem ser lidas realidades e fantasias quase infindas. Quem poderá, realmente, traduzir o que é um "Ser "poeta?
Imagine uma noite de lua cheia em Marte?
Passeando de mãos dadas sobre o basalto vulcânico.
O vento elevando a poeira e deixando no ar um tom amarelo ferrugem.
Na brisa o aroma de dióxido de carbono se funde ao metano gasoso.
O final de tarde é incrível aos pés do monte Olimpo.
O olhar se perde nos 25.000 metros do nosso Everest marciano.
No céu Fobos, a lua parece um gigante,mais distante Deimos a lua parece um brilhante.
Ela o esperou ate que as suas pernas se tornassem cavernas, as suas roupas a neve e os seus cabelos um topo de montanha.
Ele foi de encontro a ela ate que as arvores se familiarizaram com suas pernas, as nuvens com o seu rosto e os pássaros o tomassem como lar.
Por 4.000 anos eles se esperam, aponto da natureza os tomarem como parte da própria terra.
Preocupa-me o que dirão de mim. Historiadores podem fazer o que quiserem com o passado. Daqui a mil anos, serei recordado como o homem que protegeu a humanidade de um mal poderoso? Ou serei lembrado como o tirano que arrogantemente tentou se converter em lenda?
Os únicos momentos em que realmente sei quem sou são aqueles em que coloco o casaco de bruma, prendo as armas na cintura e saio numa caçada a homens raivosos.
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