Ficar Quieto
DEGUSTE
Me tome pelo braço
Me enlace em seu abraço
Me envolva com seu corpo
Me tire a solidão
Diz que eu te satisfaço
Quando eu me desfaço
Do ego, dos credos
Do querer ter razão
Vivo de melodia
As vezes de agonia
A cada dia a dia
Arrisco uma febre de malta
Meu cão tão pequenino
Meus devaneios vive ouvindo
E não se cansa
Quando vou, ainda sente minha falta
Queria eu esquecer
Antes de quase enlouquecer
Jogada, amargurada
Embriagada em meio a rua
Pra você é muito fácil
Já que sou eu quem despedaço
Como uma velha rosa
Sentindo a falta sua
Então quando vier
Por favor não tenha pressa
Me entenda se puder e
Não se importe com o quanto custe
Se esqueça de partir
Me faz de novo sorrir
Já não quero mais que coma
Eu quero que me deguste
O problema é que a gente sempre quer ficar mais um pouquinho para ver o que acontece, mesmo sabendo da necessidade de um ponto final...e se decepciona.
Acho tão legal quando um casal se gosta, quando trocam afeto, quando não têm medo de sentir, de demonstrar, de provar.
Quando revezam a vez de puxar assunto, quando o primeiro a acordar é o primeiro a dar “bom dia” e o “boa noite” é quem primeiro vai deitar.
Acho sensacional quando ambos têm interesse, quando ambos se procuram, quando ambos fazem acontecer.
Acho tão bonito a troca de olhares, a troca de palavras, de sentimentos.
Acho lindo essa forma de amar... onde os dois participam, os dois amam, os dois retribuem.
Acho que isso que é amor, quando não há necessidade de haver amor próprio para justificar.
Acho lindo quando não há motivos para ir, mas sim para ficar.
Quando não há cobranças, orgulho ou qualquer coisa que possa atrapalhar.
E por confiar nessas coisas, que acho mais adequado ir a ficar, pois amor não é pra pedir, mas sim compartilhar.
Eu não consigo ficar preso dentro de casa, quanto mais na cadeia.
Por isso é que eu ando de cabeça erguida sem ninguém me acusar.
Ficar somente uma noite...
Amar para sempre...
Depende muito do comportamento de cada ser, e o que sua presença realmente oferece.
Este amor contemporâneo estéril e descompromissado que troca de gente como o pensamento fugaz que se liquefaz na mente, enfim, a mim, não me serve. Toda vez que encaro saio mais doido do que quando estava, sozinho. Difícil equação de ser par isoladamente na contra-mão da usual antropofágica ilusão de por um momento, ser por ter.
A verdade, o respeito e a confiança ruiu pedra a pedra a grande maiorias das relações tradicionais familiares no seculo XXI. O suposto lar virou um lugar comum transitório para apenas morar ou então provisoriamente ficar enquanto se reconstrói de forma anonima uma nova vertente de vida, lá fora.
23
Chorando na calçada
Com as mãos nos bolsos
Porque ainda busco
O que procurar.
Vivendo emperrada
No meu calabouço
Porque não há ninguém
Salvo a nos salvar.
Enxugando a cara quando passam perto
Ela morreu em um incrível deserto
Que diziam ser casa
Para se encontrar.
Engolindo velas pelo passo certo
Apagando chamas pelo céu aberto
Ela não sabe mais
Como se queimar.
Pomada, pomada
E estão todos anestesiados
Ninguém conversou
Então
Ninguém achou
A cura para os mudos
Cansados.
Chegou a época de ouro
Da caça ao maldito tesouro
E o monte de luz veio
Para nos cegar.
Endurecendo de tanto sorrir
E esquecendo que só vale
O que, se for,
Nos fará chorar.
Chegou a fase do acerto
Pedra que todos dizem lapidar:
Mas ninguém tem coragem
De trocar sangue para ver durar.
Chegou a era do torto patrono
Nem mesmo ela pôde escapar da acidez
Ela quer tanto não errar
Que quase não sabe mais tentar
Aos 23.
Estão todos desaparecidos
De tão achados por si
E dizem ser amor-próprio
Sair cortando o que acudir.
Distante do precisar
Discurso de (des)querer
E a independência veio nos isolar.
Chegou a época da chuva
Eles abriram guarda-chuvas
(Ao meu redor)
Muito velhos para crescer
E acabam novos só para murchar.
(Vanessa Brunt)
Ela veio me visitar hoje! A solidão veio me visitar mais uma vez, ela me abraçou, seu abraço era tão forte e envolvente, acho que agora ela realmente conseguiu me dominar!
Bati a cabeça na quina
E no sangue que escorreu
Sequei.
Perdi memória e cafeína
E o pedaço que caiu
Deixei.
Cansaço de todas as quedas
Venceu o meu mar de cruz.
Desde lá, o meu peito carrega
Receio no que conduz.
De preto e branco – e transparente
Sobrou nem sei o quê.
Só um tom indiferente que nem deu
Pra conhecer…
E aí
Veio sua cor no meio da minha fraqueza
Lembrando que construir muro
Nunca é fortaleza.
Derrubando o meu eu de mentira
Só pra (eu) me encontrar.
E aí
Veio pra me colorir
No meio da pobreza
Lembrando que eu estava tendo
Mais gasto e despesa
Sendo de uma planeta morto
Só por controlar.
Agora
Traz o seu universo e faz de mim
Um coliseu
Deixa eu conhecer a cor
Que não nos pertenceu…
E fazer dela mais bonita
Pra nossa chegar.
Qual é o tom amarelo
Que te escureceu?
Deixa eu conhecer a dor
Que não reconheceu
Que o ouro estava escondido
Onde a gente dançar.
E aí
Eu me encontro por ser sua
E você por ser meu.
Aí cê vira mais de si
E eu cresço no que nos doeu
Lembrando
Por que eu voltei a mim
Pra te somar.
Tira esse casaco, a camisa
Chega e me aflora
Que só quem sente frio é quem
Pode escolher
Como fazer conforto e juiz.
Abre a tampa do buraco
E não nos deixa fora
Que só quem cai no fundo
É quem pode enterrar morto
E fazer raiz.
E eu colo as nossas bochechas
No meio dos invernos
Enquanto acham, eles
Que o (só)l é perspicaz.
Qual a cor das suas queixas
E do que lhe é eterno?
Eu quero lápis nos pedaços
Do que nos ré, faz.
Se os mais fortes
São os que sentem muito
Como eu diria há um tempo atrás…
Que cor é que o seu planeta
Pode ser e traz?
Tô te pedindo um passaporte
E ele não é gratuito
Qual o preço do planeta
Onde o pouco
Não é muito?
Vem
Ser o troco
Do que a vida nos deve
Vamos como em um filme
Com coragem de olhar.
Vem ser tudo de uma vez
Que é o suficiente
Pega essa lanterna
Para (só) assim,
Nos assombrar.
E aqui
Bato a cabeça na quina
Espero que limpe o sangue
E que compartilhe o seu.
Vou abraçar sua cicatriz
Se formos tipo gangue
Dentro de um museu.
Que eu quero você completo
E sem nada para esconder
Qual é a cor do seu planeta
Onde o meu pode caber?
Quero que tudo de antes
Seja pra explicar a força
Do que vem agora
E que essa não seja
Mais uma pandora.
Eu vou abrir a caixa
Porque, aí, me achei
Se ser leve é levar
Pra que descartar
O que nem poderei?
Porque já nos bordei
No que lembrei de mim
E no que eles perdem
Por demorar no sim.
Será
Que a vida veio nos pagar?
Será
Que a poupança nos
Poupará?
Será
Que a pergunta pode
Não
Nos machucar?
Será que podemos ser
Com ponto
No será?
Eu sei
Que mesmo se não ficar
Deverei dever um tanto
Por cê ter feito
O me encontrar.
E eu só espero
Que tenhamos a inteligência
De nunca mais tanto voltar
Ao que seria nossa ausência
E fraqueza por não chorar.
Então,
Qual a cor, me diz
Pra desvendar seu planeta
E não morar de aluguel?
Eu quero te colorir
Passeando em um cometa
Onde bater a cabeça
Não seja algo cruel.
Cê promete me sarar
E nunca fazer buracos
De balas
Para depois dar band-aid?
Quero sentar na sua mala
Fazer dela a nossa sala
E nos fazer viver
De sede.
Amigos são tesouros que vida coloca em nossos caminhos nos momentos certos e algumas vezes nos momentos improváveis. Alguns permanecem somente o tempo necessário para deixar uma doce saudade. Outros vão para sempre em nossas vidas ficar.