Ficar Quieto
Na fila de meu destino,
Esperarei quieto a minha vez,
Pois assim foi feito meu caminho
Com pancadas ou carinhos,
Não importa quem o fez,
Como não deve existir talvez,
Hoje ajo por instinto.
deixo assim, quieto, sem estardalhaço ou alvoroço, para que complicar algo que se mostra tão simples? Irracional é mostrar a todos o que só cabe a duas pessoas manter!
CARTAS À MIM
A tarde da tarde se põe num céu quieto
E a noite já está chegando, eu não sei desse segredo.
Quero que me reconheçam por meu deserto
Distante e longe do lugar do meu degredo.
Marco o meu passado em um extenso mapa
Lugares onde fui e ultrapassei
O tempo com sua contagem, um desagrado
As balizas nos caminhos de mim herdei.
Não busco estrelas para saltar o pedágio
Os meu desígnio é de saber quem sou
E de num instante remoto, tempo ágil
Vejo os alaridos no tempo que vou.
Como tantos que se perdem na viagem
Jurei outros caminhos mais verdadeiros
E me retive na bifurcação que fazem
Alma perdida, coração aflito, de mim mensageiro.
Carrego o intrépido volume de cartas
E escritos ilegíveis mandados à mim
Num desaforo que vou desarmar
Meu espírito santo e louco assim.
O silêncio não é tão quieto
Quando a consciência está cheia de perguntas
Quando o coração está apaixonado
Ou quando a curiosidade não revela coisa alguma;
me seguir
eu por mim mesmo
me deixo quieto no canto
cansei da jornada a esmo
longe sou do encanto
fico porque qui-lo
abaixo para não trombar nuvens
a roer sigo eu esquilo
dentro me enxergo paisagens
mas volto do não ir
pássaros me contam a revoar
segredos deixo a cair
séculos então a melhorar
seguir seguir seguir
por mim mesmo eu
Os sons do silêncio
Fique quieto e saiba que eu sou Deus. - Salmo 46:10
Três meses após o início do novo Aeroporto Internacional de Denver (DIA), em fevereiro de 1995, várias centenas de pessoas fizeram uma festa barulhenta para celebrar algo que não ouviam há muitos anos - o silêncio. Os celebrantes eram moradores do bairro Park Hill, em Denver, perto do Aeroporto Internacional de Stapleton, que foi fechado quando o DIA foi inaugurado.
"É como se nos mudássemos e nos instalássemos em um novo lugar", disse um homem. "Você pode continuar conversando, ouvir televisão e trabalhar no quintal sem barulho."
Muitas vezes chamamos nossas devoções pessoais de “tempo quieto”. Por alguns minutos todos os dias, excluímos os sons do mundo para obedecer ao mandamento do Todo-Poderoso: “Fique quieto e saiba que eu sou Deus” (Sl 46:10). ).
Parece estranho, então, preencher o resto do dia com fones de ouvido, música de fundo, talk shows de rádio e aparelhos de televisão tocando em salas vazias. Nos tornamos ameaçados pela quietude? TS Eliot escreveu: “Onde a palavra será encontrada, onde a palavra ressoará? Não aqui, não há silêncio suficiente.
Nós não podemos parar os aviões trovejantes. Mas o que podemos desligar hoje para que possamos ouvir com mais cuidado e calmamente ouvir a voz de Deus?
Sozinho com Deus, o mundo proibido,
Sozinho com Deus, Ó blase retirada!
Sozinho com Deus, e nele escondido,
Para manter com Ele comunhão doce. —Oatman
Para ouvir a voz de Deus, diminua o volume do mundo. David C. McCasland
Acredito mesmo é na oração em que a gente fica quieto para ouvir a voz que se faz ouvir no meio do silêncio.
A Lua e a Estrela
No céu quieto da noite calma,
Lá desponta a lua, em sua palma,
Guarda segredos e doces promessas,
Que ao céu silencioso, em luz, confessa.
E perto dela, tímida a brilhar,
Uma estrela surge, querendo amar,
Ouve os sussurros do manto escuro,
Sonhando encontros de amor tão puro.
“Estrela, luz que me ilumina,
Em tua dança suave e fina,
Minha noite é plena e encantada,
Com tua presença ali, sossegada.”
Responde a estrela, cintilando o peito:
“Lua bela, meu amor perfeito,
Sou feliz por te acompanhar,
Mesmo à distância, contigo estar.”
E assim, entre versos, se declaram,
Lua e estrela, que se amaram,
Num céu profundo de amor guardado,
Pela eternidade, eternamente alado.
Ser mineiro é comer quieto o fim das palavras. Mineiro que é mineiro tem fome de sílaba e deve ser por isso que guarda dentro do peito poemas inteiros. Entre tantas letras embaralhadas, o vagão das ideias se perde e a coisa vira trem, ou o trem vira coisa.
É, o trem tá feio.
Ser mineiro é escutar no silêncio uma prosa bonita e musicar em sotaque frases curtas. O mineiro não fala, ele canta com um sorriso tímido no canto da boca.
Nem todo mineiro é tímido, mas todo mineiro carrega o charme da timidez. Das bochechas coradas, do sorriso amarelo que ganha novas cores num piscar de olhos abertos, bem abertos.
Mineiro parece não gostar de elogio, mas gosta, pode apostar. Sempre retruca, mas cá dentro tá todo feliz.
"São seus olhos", ele diz.
Mineiro se esconde em suas montanhas, mas desmorona em abraço apertado. Chora água doce e se derrama em cachoeira.
Ser mineiro é fazer da cozinha a melhor parte da casa. Receber os amigos com mesa farta. Mineiro tem mesmo fome, seja de letra ou de amor.
O mineiro não se apaixona “pelas” pessoas, e, sim, “com” as pessoas. Ser mineiro é sentir as coisas sem dar nome. É se confundir entre dois ou três beijinhos quando conhece alguém.
São três pra casar.
Ser mineiro é passar a noite inteira em um ônibus e ainda não sair de Minas. As montanhas parecem continentes, mas fazem tudo parecer "pertim".
É logo ali.
Nunca confie em um “ali” de mineiro.
De resto, pode confiar. Seja nas reticências que ele não diz ou nos versos dos seus poemas inteiros.
Ser mineiro é saber que as melhores coisas da vida não são coisas.
Encontros geométricos
Banho de sol
Sobre o verde admirável
Realeza rústica
No ar quieto e sereno
O cheiro transcendente da chuva
Majestoso e místico
Nessa descida barrenta
Curva graciosa
Evaporação do sublime
Pau e pedra riscada
Cantiga muda da poesia
Enquanto falo cipó contorcido
Calango, besouro e borboleta
Gravidade anestesiada
Invocação in natura da harmonia
Resta
Resta ao coração amar,
sem amor não vive.
Passa os dias quieto,
faz só o que é vital.
O amor ao coração ,
é tudo que o faz pulsar,
viver em intensidade
acelerada, bater depressa.
Isso à ele é vida.
Ele, que vive para amar.
Roldão Aires
Membro Honorário da Academia Cabista
Membro Honorário da Academia de letras do Brasil
Membro da U.B.E
Acadêmico Acilbras - Roldão Aires
Cadeira 681 -
Patrono- Armando Caaraüra- Presidente
As pessoas vivem dizendo que eu sou muito quieto, que eu preciso me enturmar mais, que eu preciso me soltar. Elas repetem, com uma certeza inabalável, que minha introspecção é um defeito a ser corrigido. Em contrapartida, eu apenas concordo com elas com um sorriso leve, sem discutir. Nunca faço o mesmo que elas; nunca digo que precisam respeitar as diferenças de personalidades. Nunca digo que elas falam alto demais, que fazem brincadeiras desrespeitosas ou bobas.
No fundo, entendo que cada um é único e que, assim como eu tenho meu jeito silencioso e observador, elas têm suas maneiras de se expressar e se conectar. Prefiro manter a paz, mesmo que isso signifique deixar de lado o que penso em certos momentos. É curioso como o silêncio pode ser tão mal interpretado, visto como sinal de fraqueza ou de falta de opinião.
Mas, na verdade, meu silêncio é uma escolha consciente. Eu valorizo os momentos de introspecção, onde posso refletir sobre o mundo ao meu redor e entender melhor a mim mesmo. Prefiro poucas palavras bem pensadas a discursos vazios. E, se isso me torna diferente, aceito essa diferença com tranquilidade.
Afinal, a verdadeira conexão não está em se moldar às expectativas alheias, mas em respeitar e aceitar as múltiplas formas de ser. Então, quando me dizem para falar mais ou me enturmar, apenas sorrio e continuo sendo quem sou, em paz com minha própria essência.
Não me tire do sossego pra fingir atuar.
Não roube meu desejo de quieto estar.
Permanente estatua viva e morta, esperando o sino tocar.
Não provoque meus instintos, ou meu não pode te matar.